Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, o São Paulo perdeu mais um clássico, dentro de casa. O resultado foi completamente injusto pelo que vimos em campo. Mas, por mais paradoxal que possa ser, merecemos a derrota, pois no futebol, como um dia alguém já disse, quem não faz, toma.
O primeiro tempo foi inteiramente dominado pelo São Paulo. O Santos não teve uma única chance, pois mesmo nos contra-ataques que apareceram ao time praiano, Arboleda e Bruno Alves, amparados por Jucilei, cortavam até com certa facilidade.
A bola do São Paulo, no entanto, continuou rolando de um lado para outro, sem profundidade. Algumas triangulações foram tentadas, mas desta vez não era contra a defesa do CSA ou do Bragantino. O buraco era mais embaixo. Mesmo assim, Wanderlei fez, no mínimo, duas defesas geniais, quase como dois gols para o Santos. Teve, acho – eu estava no estádio – um pênalti para o São Paulo. Provavelmente, houvesse árbitro de vídeo, teria dado. Mas isso não existe no Campeonato Paulista nem vai existir do Brasileiro, pois o presidente do meu clube “murou” e fugiu da reunião que decidiria o tema.
Comentei nas redes sociais, no intervalo do jogo, que a torcida teria que entender que o São Paulo só faria gol se tivesse uma jogada bem trabalhada, com perfeito entrosamento entre Nenê, Cueva, Diego Souza e Marcos Guilherme, porque pela própria característica de nossos jogadores de frente, contra-ataque não sairia. Em pelo menos duas oportunidades tivemos essa chance, mas a lentidão do time é escrachada e não será um Nene lançando para um Diego Souza que faremos gol à base da velocidade.
Veio o segundo tempo e eu esperava que o ritmo fosse igual. O gol sairia a qualquer momento, pois apesar dos pesares, o São Paulo não jogava mal, continuava dominando o jogo. Mas um contra-ataque do Santos fez a diferença. Sofremos o gol e o time entrou em verdadeiro parafuso. Me lembro o time de 2017, que até chegava a jogar bem, mas sofria um gol, sentia o abalo psicológico e não tinha poder de reação.
Para piorar as coisas, Dorival Jr entrou em ação: colocou Valdívia, o que era óbvio de se fazer, mas o fez errado. Ele ia entrar no lugar de Cueva. O detalhe é que Marcos Guilherme caiu e pediu substituição. Dorival então acenou para Valdivia mudando a substituição. Não contende, colocou Brenner no lugar de Cueva. Mas por que? O peruano era o mais lúcido dos jogadores de frente. Por que não tirar Petros, que além de ser um volante e estar sem ter a quem marcar, ainda fazia um segundo tempo medonho?
Completando a pataquada, colocou Trellez no lugar de Diego Souza quando, mais uma vez, o óbvio era tirar Petros. É fato que Diego Souza fez uma péssima partida, mas atuando do meio para a frente poderia crescer. Aliás, tivesse feito a coisa certa, colocando Brenner no lugar de Petros, colocaria Trellez no lugar de Nene, esse sim visivelmente cansado, se arrastando no final da partida.
Tudo isso, no entanto, não quer dizer que se fizesse o certo o São Paulo viraria o placar. Brenner entrou muito mal, Trellez e limitadíssimo tecnicamente e Valdivia, cisca prá cá, cista prá lá, e não chuta, nem faz assistência, nem tem profundidade.
Somando-se tudo, o São Paulo se perdeu e saiu derrotado do clássico, merecidamente, por mais injusto que tenha sido o placar. E, de novo, peço desculpas pelo meu paradoxismo.
A torcida chamou Dorival de burro o segundo tempo todo. Confesso que eu também. Ele tem extrapolado no direito de substituir mal. Está insistindo com Diego Souza como centro-avante, quando o lógico, no esquema que ele implantou, é fazer o rodízio e jogar sem centro-avante. Mas parece que ele não consegue dar esse padrão ao time.
Então estamos numa sinuca de bico: ou ficamos com um técnico que não consegue fazer o time andar – e acho que temos um bom time no papel – ou demitimos e saímos atrás de um que…sei lá se vai saber fazer alguma coisa no time. Sinceramente hoje, no mercado brasileiro, só vejo um nome: André Jardine. Mas ele será “fritado” pela torcida toda no primeiro clássico que perder. Porque nós, são-paulinos, nos tornamos muito chatos. E acho que temos razão de ser assim, porque o saco de paciência estourou. Não aguento mais ter que engolir que somos a quarta força do Estado. Mas somos. E só não somos a quinta, porque a Portuguesa não existe mais.
Obrigado, meu presidente, por tudo isso que está acontecendo.