Edson Fernandes

Sentimentos de uma paixão antiga

Gostaria de resumir parte do que sinto sobre o São Paulo recente, sentimentos muito diferentes daqueles tidos durante quase 60 anos como torcedor em meio a multidão, angústia e raiva nunca antes
experimentados substituíram, em alguns momentos, confiança e constante alegria de ser são paulino.
Muitos foram os motivos para criticar o desempenho do time, afinal, não apresentava um futebol
vistoso, eficiente, dinâmico, mortal como no passado, quando dependendo do jogo, a vitória era fava
contada.

O tempo foi passando e o time foi se despersonalizando, e cada vez mais a torcida foi percebendo
que seu time já não era o mesmo, não havia mais compromisso com a instituição, jogar no São Paulo
estava deixando de ser garantia de sucesso, assim como, colocar sua marca em um dos mantos
mais representativos do mundo, já não estava atraindo investidores.

Na verdade estávamos entrando em um inferno astral como nunca antes havíamos feito, a administração
estava tirando de rota aquele que um dia foi exemplo para todos os times brasileiros.

Situações extra campo começaram a aparecer nas manchetes, denegrindo a imagem de uma das instituições
mais conservadoras do futebol brasileiro, colocando seu bem maior, o futebol, em posição
crítica e de pleno retrocesso.

Aquele equilíbrio que somente o São Paulo possuía em suas decisões, tanto técnicas, administrativas,
financeiras e políticas estava deixando de existir, estavam sendo substituídas por impulsos autocráticos,
imediatistas e que visavam tudo, menos o bem da comunidade são paulina.

Ocorre que neste tempo perdido, como tudo na vida, o futebol mudou, as exigências passaram a ser
maiores e os concorrentes de uma forma ou de outra buscaram alternativas, muitas delas tendo como
exemplo o São Paulo.

Com isso passamos de time a ser batido à garantia de 3 pontos para adversários teoricamente inferiores,
uma vez que a prevalência da camisa já nada representava para aqueles que a envergavam..
Desta forma, chegamos a 2017, que entendo ser um divisor de águas, com a possibilidade de um rebaixamento
iminente agravado pela sensação de que se isto ocorresse talvez não tivéssemos força
para retornar à elite.

Eis então que surgem duas figuras fundamentais para a história do futebol do São Paulo, como sempre
sua apaixonada torcida e um repatriado, que a representou dignamente dentro de campo e o destino
foi mudado.

Esta mudança festejada como um título trouxe consigo um sinal de alerta para os que dirigem o clube,
fazendo-os em 2018 buscar parte daquilo que perdemos, a total entrega no campo de jogo.
Este primeiro passo entendo como fundamental, o exemplo deixado pelo Profeta disseminou entre
os atletas e está sendo consolidado pela atual diretoria de futebol e comissão técnica.

Pode parecer pouco, mas se fizermos uma reflexão consciente dos últimos anos veremos que há
muito tempo não víamos o time honrar o manto sagrado com tanta disposição e creio que este primeiro
passo poderá ser o alicerce necessário para o desenvolvimento de reconstrução do nosso futebol.
Assim, estou recomeçando pela esperança, para deixar de ter sentimentos não compatíveis com uma
paixão de tantos anos.

Saudações tricolores.
Edson G. Fernandes

6 comentários em “Edson Fernandes

  1. É com satisfação que externo aos amigos do Tricolonaweb minha visão sobre o atual momento por que passa o nosso Tricolor. Meu primeiro contato com o time foi no Pacaembu em 1958, aos sete anos levado por um tio corintiano (nenhuma família é perfeita). Outra lembrança daquele ano foi ouvir os jogos da copa do mundo através de um rádio galena com fones de ouvido (ondas curtas) construído por meu pai (que não gostava de futebol). Mas o registro São Paulo Futebol Clube já veio gravado em meu DNA de minha mãe, são paulina convicta. Abraço a todos.

  2. Somos mais ou menos contemporâneos… esse ano faz 66, que aos 6 anos de idade, fui levado pelo meu pai ao Pacaembu para assistir o meu primeiro jogo in loco: SPFC x XV de Novembro de Jaú. Testemunhei o auge da Instituição, com seus títulos mundiais, e depois quase a derrocada no ano passado. Qual um fênix, estamos renascendo das cinzas. A perspectiva atual nos remete ao otimismo. Parabéns Fernandes… e salve o Tricolor Paulista, amado clube brasileiro.

  3. Fernandes,

    Compartilho com você a esperança de que voltemos em breve à nossa posição de liderança dentro e fora de campo.

    Saudações Tricolores!

  4. Belo texto que mostra parte do desprazer que dirigentes corruPTos causam em nós torcedores apaixonados pelo SPFC.
    Nasci em 72 , e acompanho o SPFC desde 1980 quando fui batizado no Morumbi aos 8 anos num jogo entre SPFC e Coritiba que acabou em 5×3 para o mais querido, debaixo de uma chuva enorme que Deus mandou naquele dia.
    E hoje é quase inacreditável que àquele modelo de administração esportiva foi distorcido e enferrujado por dirigentes compatíveis aos piores dirigentes da escória dos anos 80, aliás se comparam aos piores de todos os outros times ao longo dos anos.
    A fase ainda é de reestruturação mas estamos criando uma casca grossa como equipe e colocando a administração nos eixos, ao menos a diretoria de futebol está sim mostrando um ótimo trabalho nestes 7 meses à frente do time.

    Valeu Fernandes, saudações tricolores.

  5. Caro Paulo Pontes eu que agradeço a oportunidade de compartilhar com os amigos frequentadores, do melhor veículo de informações do querido São Paulo Futebol Clube, meus sentimentos tricolores.
    Forte abraço.
    Fernandes.

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