Amigo são-paulino, leitor do Tricolornaweb, o São Paulo perdeu um jogo que nem o mais descrente torcedor acreditaria que ele pudesse perder. Embalado no Brasileiro, vice-líder, time bem montado, entrosado, jogando contra um tipo “Santo André” da Argentina, dentro do Morumbi, seria de 3 para cima. E perdemos.
Foi um jogo de um time só. O São Paulo teve 70% de posse de bola. Faltaram finalizações. O Colón, por sua vez, foi o típico time argentino. O mais argentino de todos. Jogou com 11 jogadores atrás da linha da bola, formando duas linhas de cinco e catimbando tudo o que podia. O primeiro chute a gol do São Paulo, de Hudson, já fez com que o goleiro dele demorasse uma eternidade para bater o tiro de meta. Bem, se com três minutos já estava fazendo cera, era possível perceber o que seria o jogo.
O time não conseguia criar. As jogadas pelos cantos do campo até saíam, mas na área a zaga tirava a bola com facilidade. A catimba era insuportável, tudo com a absoluta complacência do árbitro uruguaio. Nem acho que ele roubou. Ele é horrível mesmo. Aceitou todo tipo de cera dos argentinos, inverteu faltas, foi horrível.
Aguirre armou o time com Bruno Peres jogando como volante. Em alguns momentos Militão formou como terceiro zagueiro e Bruno abriu pela lateral. Na maior parte do tempo, no entanto, era Bruno quem mais chegava na frente e Hudson ficava. Ele deu dois bons chutes a gol, mas a bola foi para fora. Só que Bruno Peres estava completamente sem ritmo de jogo.
Aí, mais uma vez, tenho que elogiar Aguirre. Ele, como milhões de são-paulinos, cravou que definiríamos a classificação no Morumbi. Então era hora de dar ritmo de jogo para Bruno, pois domingo será o último jogo de Militão.
Aguirre ainda tentou mudar no segundo tempo. Colocou Shaylon no lugar de Bruno, mas o garoto mais uma vez não conseguiu mudar nada; colocou Gonzalo Carneiro, mas ele matou algumas bolas de canela. E tomamos o gol. Chute de fora da área, desvio em Hudson, bola no ângulo.
O São Paulo que já estava nervoso em campo, pilhou ainda mais. Mas esse excesso de nervosismo acabou fazendo com que entrássemos, literalmente, no jogo dos argentinos. Eles provocaram, nós batemos. Diego Souza só não foi expulso pela extrema ruindade do árbitro. Mas Brenner foi. Empurrou o cara na frente do juiz. E o jogo se encaminhou para o final com o São Paulo perdido nos nervos e os argentinos se atirando ao chão para ganhar cada vez mais tempo.
Dá para reverter? Claro que dá. E é aí que entra o título deste comentário: Derrota na Sul-Americana tem aspectos positivos. O time tem que voltar o foco para os jogos. A soberba estava começando a aparecer no elenco e na torcida. O campeão já tinha voltado e éramos imbatíveis. O time ganhou tudo o que ganhou até agora pela extrema concentração e entrega em todos os jogos. E isso não aconteceu nesta noite fria no Morumbi, com mais de 36 mil pagantes.
Aguirre mesmo falou: lá será outra história. Também acho. Se jogarmos sério, e essa luz foi que nos acendeu, reverteremos o placar.
Outro dado positivo: Aguirre percebeu que tem que treinar mais jogadas quando temos a bola. No contra-ataque somos mortais. Quando temos a bola e precisamos propor o jogo, nos atrapalhamos um pouco.
Por tudo isso, que a derrota nos ajude a enxergar o que pode estar obscuro às nossas vistas.