Último Majestoso internacional teve Rogério herói aos 21 anos

O último clássico entre São Paulo e Corinthians válido por uma competição internacional não tinha o apelo da Recopa Sul-americana deste ano. Em 1994, os rivais brigaram por uma vaga na decisão da Copa Conmebol em um confronto cheio de reservas que acabou sendo vencido pelo time do Morumbi nos pênaltis.

O herói da classificação do Expressinho — come era chamada a formação alternativa do Tricolor, que não era nem comandada pelo técnico titular — foi Rogério Ceni, então um garoto de 21 anos conhecido apenas pelo primeiro nome. Após uma vitória de cada lado, o goleiro apareceu nos tiros da marca penal.

“Eu sempre gostei de bater pênalti. O Telê e o Valdir de Morais, que era o preparador de goleiros, pediam para eu treinar as cobranças”, comentou o ídolo em formação, em declarações publicadas por A Gazeta Esportiva no dia do segundo jogo, 9 de dezembro de 1994.

Ainda sem imaginar que marcaria mais de cem gols em uma carreira histórica, Rogério balançou a rede de Ronaldo na disputa de pênaltis. E ainda pegou as cobranças de Gralak e Leandro, decidindo o triunfo por 5 a 4 que colocou o São Paulo na final — na qual derrotaria o uruguaio Peñarol.

Acervo/Gazeta Press

Juninho, com quatro gols no confronto, e Rogério foram decisivos no triunfo do Expressinho

O confronto havia começado no Pacaembu, com vitória tricolor por 4 a 3. Sem Marcelinho Carioca, poupado para enfrentar o Bragantino nas quartas de final do Campeonato Brasileiro, o Corinthians jogou mal e perdeu para o Expressinho, dirigido por Muricy Ramalho, auxiliar de Telê Santana.

 

Casagrande abriu o placar para o Timão, logo aos cinco minutos do primeiro tempo, mas Juninho marcou duas vezes e Catê ampliou a vantagem antes do intervalo. Branco descontou, Juninho balançou a rede de novo, e Marques deixou em um gol a diferença a ser tirada pelo Alvinegro no segundo jogo.

Entre o primeiro e o segundo confrontos, o Corinthians avançou às semifinais do Brasileiro, e o São Paulo foi eliminado pelo Guarani. Na briga pelo título nacional, Jair Pereira seguiu poupando boa parte de seus jogadores. E, mesmo fora do Brasileiro, a equipe do Morumbi continuou apostando no Expressinho, com Muricy no comando.

É importante recordar que o calendário da época era muito mais insano do que o atual, considerado “desumano” pelos treinadores. O Tricolor, por exemplo, perdeu para o Guarani no dia seguinte à vitória sobre o Timão. Em outra ocasião, Juninho chegou a defender o Expressinho e o time principal no mesmo dia.

Acervo/Gazeta Press

Mona, Rogério, Nélson, Bordon, Ronaldo Luís (em pé), Pavão, Catê, Toninho, Pereira, Denílson e Caio (agachados) antes do primeiro jogo da decisão contra o Peñarol; o Tricolor fez 6 a 1 no Morumbi e tomou 3 a 0 no Uruguai

Nas semifinais do Brasileiro, o clube do Parque São Jorge enfrentou o Atlético-MG em 7 e 11 de dezembro. O segundo confronto com o São Paulo, pela Conmebol, foi no dia 9. Assim, era evidente a preocupação muito maior com a luta pelo bicampeonato nacional — o time seria derrotado pelo Palmeiras na decisão.

 

A escalação foi basicamente de reservas, mas estavam em campo Ronaldo, Henrique, Zé Elias e Viola. Diante de um público que não chegou a 3.000 pessoas, o São Paulo saiu na frente, em jogada bem trabalhada por Catê, concluída por Caio. Daniel empatou ainda no primeiro tempo, mas o time de Muricy passou novamente à frente no início da etapa final, com Juninho.

Tupãzinho voltou a colocar o Corinthians no jogo, e Viola definiu a vitória de virada por 3 a 2, aos 34 minutos. Mas, como contou A Gazeta Esportiva no dia seguinte, “na decisão dos pênaltis, o grande herói foi Rogério, que defendeu dois pênaltis e converteu uma das cobranças”.

A manchete do jornal, “CBF mantém jogo no Morumbi”, referia-se ao confronto entre Timão e Galo. O espaço menor reservado à semifinal da Copa Conmebol era uma boa amostra da importância dada àquele Majestoso internacional, cenário bem diferente do vivido atualmente por são-paulinos e corintianos.

Confira detalhes do embate semifinal da Copa Conmebol de 1994:

Primeiro jogo
Corinthians 3 x 4 São Paulo

Local: Estádio do Pacaembu
Data: 2 de dezembro de 1994, sexta-feira
Horário: 20h40
Árbitro: Oscar Roberto Godoi
Público: 6.737 pessoas
Renda: R$ 33.984,00
Cartões amarelos: Gralak, Wilson Mano, Boiadeiro e Marcelinho Paulista (Corinthians)
Cartão vermelho: Vítor (São Paulo)
Gols:
Corinthians: Casagrande, aos cinco minutos do primeiro tempo, Branco, aos seis minutos do segundo tempo, e Marques, aos 39 minutos do segundo tempo
São Paulo: Juninho, aos 11 e aos 32 minutos do primeiro tempo, Catê, aos 35 minutos do primeiro tempo, e Juninho, aos 13 minutos do segundo tempo

CORINTHIANS: Ronaldo; Leandro Silva (Henrique), Gralak, Wilson Mano e Branco; Embu (Daniel), Marcelinho Paulista e Marco Antônio Boiadeiro; Tupãzinho e Marques
Técnico: Jair Pereira

SÃO PAULO: Rogério; Vítor, Nélson, Bordon e Ronaldo Luís; Mona, Pereira, Denílson e Juninho (Danilo); Catê e Caio
Técnico: Muricy Ramalho

Segundo jogo
São Paulo (5) 2 x 3 (4) Corinthians

Local: Estádio do Morumbi
Data: 9 de dezembro de 1994, sexta-feira
Horário: 21h45
Árbitro: Cláudio Vinícius Cerdeira
Público: 2.961 pessoas
Renda: R$ 14.115,00
Cartões amarelos: Ronaldo Luís e Mona (São Paulo); Daniel e Branco (Corinthians)
Cartões vermelhos: Juninho (São Paulo) e Zé Elias (Corinthians)
Gols:
São Paulo: Caio, aos 15 minutos do primeiro tempo, e Juninho, aos 13 minutos do segundo tempo
Corinthians: Daniel, aos 41 minutos do primeiro tempo, Tupãzinho, aos 20 minutos do segundo tempo, e Viola, aos 34 minutos do segundo tempo
Pênaltis:
São Paulo: Ronaldo Luís, Bordon, Rogério, Catê e Nelson converteram; Caio perdeu
Corinthians: Casagrande, Viola, Tupãzinho e Daniel converteram; Gralak e Leandro perderam

SÃO PAULO: Rogério; Pavão, Nélson, Bordon e Ronaldo Luís; Mona, Pereira, Denílson e Juninho; Catê e Caio
Técnico: Muricy Ramalho

CORINTHIANS: Ronaldo; Leandro, Gralak, Henrique e Daniel; Zé Elias, Wilson Mano (Embu), Casagrande e Branco (Adil); Tupãzinho e Viola
Técnico: Jair Pereira

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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