Toque de bola rápido, jogadores sem posição fixa no meio-campo e qualidade técnica como prioridade, acima do desenvolvimento físico. Essa foi a combinação vista nos juniores do São Paulo, que golearam o Atlético-MG por 4 a 0 nesta terça-feira, devolvendo a derrota por 5 a 1 em 2014. E se garantiram contra o Corinthians na semifinal da Copa São Paulo.
Além dos quatro gols marcados, um dado chama a atenção: dos 11 jogadores que iniciaram a partida, apenas quatro deles têm mais de 1,80m: o goleiro Lucas Paes, os zagueiros Victor Tormena e Hugo Domingues e o lateral-esquerdo Matheus Reis. Como comparação, na seleção brasileira sub-20 que iniciou o jogo contra o Uruguai, havia oito jogadores com mais de 1,80m.
– Nós acreditamos muito no talento. A questão física vem com o tempo, com o amadurecimento do atleta. Então, nós precisamos ter atletas talentosos e desenvolvê-los para que eles possam possam se identificar com o clube, que tem o conceito de jogadores técnicos e diferenciados. A força vem com o tempo – explica Menta, técnico dos juniores do clube.
Ex-jogador da base são-paulina na década de 90, Menta explica que o trabalho de formação precisa ser feito com calma. E que o fato de quase não haver posição fixa no meio-campo, com volantes muitas vezes chegando ao ataque e meias ajudando na marcação, é parte desse processo.
– Desde que esses meninos entram no CT, o jogador é trabalhado em várias funções, vários sistemas de jogo. Cada dia, a dificuldade vai aumentando. É um processo bem amplo.
Gustavo Hebling, volante do São Paulo(Foto: Filipe Rodrigues)
Para o volante Gustavo Hebling, que é frequentemente visto entrando na área adversária para finalizar, se mostra satisfeito com a liberdade que tem para atuar como construtor de jogadas.
– Antigamente os volantes mais fortes levavam vantagem. Hoje, acredito que a técnica prevalece sobre a força – analisa.
Um outro exemplo dessa filosofia é o centroavante João Paulo, que mede 1,73m e é capaz também de atuar pelos lados do campo. Autor de sete gols na Copinha, o atacante nascido em Tietê, interior paulista, está no Tricolor desde os nove anos e herdou a posição de titular de Joanderson, que chegou a ser convocado para seleções de base,mas tem problemas para renovar o contrato e deverá deixar o clube em 2015.