Recorde de torcida e homofobia: como foi o clássico das arquibancadas

De um lado, mais de 35 mil corintiano: do outro, 1.800 são-paulinos. Enquanto Corinthians e São Paulo se encaravam dentro de campo, os 38.487 torcedores no Itaquerão – recorde pós-Copa no estádio – travavam seu duelo à parte nas arquibancadas. Com a homofobia como tema constante, as duas torcidas trocaram provocações durante os 90 minutos.

Davi x Golias

Nos primeiros minutos do jogo, os são-paulinos tentaram fazer frente ao ensurdecedor barulho da massa corintiana. Dos dois lados, os tradicionais gritos de incentivo aos times. Isso, porém, durou muito pouco: o gol de Elias, logo aos 11 minutos, mudou o cenário. No pequeno espaço destinado à torcida visitante, o clima de silêncio e apreensão chegou para ficar. Roendo as unhas, os são-paulinos entoaram, sem muito entusiasmo, um ou outro canto nos raros momentos de chegada de sua equipe.

Homofobia

Independentemente do que acontecia dentro de campo, a homofobia foi o tema mais recorrente nas provocações entre as duas torcidas. Do lado alvinegro, gritos de “bicha” a cada toque de Rogério Ceni na bola. O “troco” são-paulino veio em gestos simulando beijos com as mãos, em referência à foto postada por Emerson Sheik em redes sociais, na qual dá um selinho na boca de um amigo.

Gozação: o freguês voltou

Com o segundo gol, marcado por Jadson, os gritos de incentivo da torcida do Corinthians viraram gozação. “O freguês voltou” foi o canto favorito; timidamente, os são-paulinos responderam gesticulando com as mãos que o jogo teria sido roubado, e, mais uma vez, relembrando os selinhos de Emerson Sheik.

Desolação

Nos 15 minutos finais, festa corintiana, e desolação total entre os são-paulinos. Enquanto os gritos de “olé” ecoavam em volume altíssimo, causado pela acústica do Itaquerão, alguns torcedores do São Paulo desistiram de assistir à partida e foram sentar atrás das arquibancadas – alguns já caminharam em direção à saída.

Os que permaneceram, abriram mão da criatividade, e trocaram cantos por insultos mais comuns. Dedos médios em riste, ofensas às mães corintianas e, como é costumeiro no futebol, ao árbitro da partida, que não marcou falta de Sheik em Bruno no lance que resultou no segundo gol alvinegro.

Promessa de violência

O apito final soou, mas a troca de provocações continuou, separada por um cordão de policiais e pela barreira de acrílico que dividia as torcidas. Dos dois lados, promessas de violência, o famoso “te pego lá fora”. Com as mãos, os torcedores ensaiavam socos e chutes, dando a entender que as alegrias e amarguras vividas no Itaquerão seriam comemoradas ou afogadas com violência. Felizmente, no estádio, não houve incidentes.

A preocupação da semana: chegada e saída de torcedores

O acesso das torcidas, mais especificamente da do São Paulo, foi o principal assunto da semana. Como o metrô encerra suas atividades às 0h30, a diretoria são-paulina alugou 60 ônibus para que os torcedores pudessem ir e voltar do Itaquerão (a liberação dos são-paulinos foi atrasada para evitar confusões).

A chegada pelo setor sul do estádio foi tranquila. Apesar de a PM afirmar que só embarcariam nos ônibus aqueles que tivessem ingressos em mãos, cerca de 100 são-paulinos chegaram até o estádio sem portar os bilhetes.

O grupo ficou perto do portão de entrada até que a PM decidisse afastá-lo, meia hora antes do início do jogo. Assim, esses torcedores tiveram de ficar próximos ao local em que os ônibus ficaram estacionados, a cerca de 500m do estádio.

Durante a partida, dois desses torcedores deixaram o local e tentaram arrumar briga com alguns corintianos, também sem ingresso. Porém, a polícia interveio e separou a torcida dos dois clubes. Ainda assim alguns corintianos chegaram a lançar um morteiro contra os são-paulinos, sem que ninguém se ferisse.

Na volta, os ônibus foram novamente escoltados até o Largo do Paissandu. Muitos torcedores haviam deixado os carros em estacionamentos da região e rapidamente deixaram o local. Outros aproveitaram os bares abertos para se reunir. Novamente, nenhum conflito foi registrado.

A saída dos torcedores corintianos de Itaquera também foi tranquila. Com o metrô funcionando até a 0h30 houve tempo suficiente para que aqueles que optaram pelo transporte coletivo pudessem deixar o jogo sem dificuldade. Alguns, com o placar de 2 a 0 a favor do Corinthians, deixaram o estádio ainda com a partida em andamento.
 

Fonte: Uol

2 comentários em “Recorde de torcida e homofobia: como foi o clássico das arquibancadas

  1. Não consigo entender mais nada, após a ditadura do “politicamente correto”!
    O que fizeram com o RC e o que os são-paulinos fizeram com relação ao Sheik, nada mais foi do que gozação; a velha e boa gozação que se faz contra os adversários em um estádio de futebol. Perguntem ao RC se ele se ofendeu pelos gritos da torcida! Não tem nada de homofóbico nas brincadeiras…

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