Muricy vê vitória justa, mas alerta: “Só jogar bonitinho não adianta”

Muricy Ramalho comemorou muito a vitória do São Paulo sobre o Santos, por 2 a 1, neste domingo, pela 17ª rodada do Brasileirão. Após a partida, o treinador tricolor foi até o centro do campo na companhia de seus jogadores, bateu várias vezes no peito sobre o escudo do clube e agradeceu com aplausos o apoio dos pouco mais de 30 mil torcedores que apoiaram o time no Morumbi. Com o resultado e os tropeços de Internacional e Corinthians, o Tricolor ganha duas posições e assume a vice-liderança do campeonato, com 32 pontos.

O técnico elegeu Paulo Henrique Ganso o melhor em campo, junto com o volante Denilson, e destacou a aplicação de todo o time, mas com elogios para os homens de frente, que se aplicaram na marcação dos laterais do Santos, Cicinho e Mena.

– O que estamos tentando convencer esses jogadores, e é todo dia, é de que sem a bola eles são importantes. Falar para Ganso e Pato jogarem é fácil. Difícil é sem a bola. Existe o adversário que vai jogar também. Se eu deixasse Mena e Cicinho jogarem, eles arrebentariam com a gente. E o legal é que os nossos jogadores estão aceitando isso, e estão gostando. Antigamente, tínhamos muita dificuldade. Os outros times jogavam muito fácil contra a gente. Não dá para ficar olhando. Ganso foi o melhor em campo, Denilson foi fundamental. E é isso. Todos sabendo que precisam lutar mais, precisam sair mortos como saíram novamente. Seria injustiça o empate – afirmou.

O São Paulo volta a campo pelo Brasileiro no próximo domingo, quando enfrentará o Figueirense, em Florianópolis. Nessa partida, Muricy não contará com Alexandre Pato, Ganso e Alvaro Pereira, suspensos. Antes, porém, o time terá um compromisso pela Copa Sul-Americana. Na quinta-feira, visita o Criciúma, em Criciúma, pela fase nacional da competição.

Muricy Ramalho, são paulo X Santos (Foto: Marcos Ribolli)Muricy Ramalho elogia espírito de luta do time tricolor (Foto: Marcos Ribolli)

Time contra o Criciúma

– Às vezes confundem ter bons jogadores com ter plantel. Temos bons jogadores, mas não um grupo. Muitos jogadores machucados e muitos com cartões. Perdemos três (Pato, Ganso e Alvaro Pereira). Vamos mesclar no meio da semana (contra o Criciúma, quinta, pela Copa Sul-Americana). Kaká preocupa, pois não se poupa em campo, precisamos cuidar dele. Os que não vão jogar no fim de semana devem jogar quinta: Ganso, Alvaro e Pato. Temos de ser inteligentes agora. Nosso elenco tem nomes, mas poucos jogadores. Também estamos de olho no Toloi, que vem de uma sequência dura.

Deu a louca no Ganso? 

– Não deu a louca. Mas ele acredita no técnico e nos companheiros. Sabe que precisamos dele. Está fazendo (se dedicando à marcação), fez o mesmo contra o Inter.

Seu salário está atrasado?

– Vou falar o que falei à beira do campo e que falei para ele (presidente do São Paulo). Não discuto meu salário. Acabou.

Salário é alto?

– Não sei, às vezes é pequeno. Depende do que você dá de retorno.

Quarteto ofensivo

– Os volantes estão jogando muito bem, o Alvaro e o Paulo, que são laterais de verdade, deram estabilidade. Estamos com time. A nossa zaga melhorou muito. Isso está legal, estão gostando disso. Todo mundo lutando. Kaká, com a idade e experiência que tem, um dos melhores do mundo, correr o que ele corre, faz o outro correr também. Pato também está se entregando muito muito. E ele sabe que só assim vai jogar aqui. Não falo o que eles têm de fazer com a bola, mas sem a bola, se não ajudarem, é muito difícil marcar o Santos. Foi o que disse a eles. (O Santos) é muito rápido, joga com os laterais avançados. Nossos jogadores entenderam isso.

Mudança de postura após queda na Copa do Brasil

– Temos experiência no futebol e sempre acontecem alguns deslizes, como aconteceu. Às vezes, é bom para acordar um pouco. Aí, é conversa de homem para homem. E foi bem feita. Não foi assim muito dura. Foi mais porque naquele momento não poderia dar porrada. Aqui não tem sacanagem, estou com eles sempre. Não dou letrinha.

Elenco curto

– É pequeno. Semana passada, eram 17 jogadores. Contra o Bragantino, eu tinha poucas opções. Estávamos com dificuldade, juntou tudo, jogadores machucados, meninos na Seleção. Dei folga para eles, mas chamei o Lucão. Tem de vir porque estávamos sem ninguém no banco. Eles ficaram muito tempo fora, viajando, jogando. Estamos com dificuldade em número no plantel. E fazemos as coisas em cima de números, informações. Amanhã, tem exame novamente. Estamos sentindo como estão os jogadores. Se não estiver bem, não joga. Existe a pressão de vocês, mas vai jogar o que dá para jogar.

Melhor time do São Paulo que treinou?

– Não é um dos melhores porque os outros que treinei foram campeões. Eles foram melhores. Esse precisa ganhar. No papel, os nomes que temos são brincadeira, mas não ganhou nada. Vai ter que ganhar, mostrar mais.

Risco contra times mais fracos

– Esse é o problema do futebol. O duro é quando a bola rola. Na volta da Copa, contra times mais ou menos, perdemos. Tem que ser na prática. Temos que encarar todos os jogos como encaramos os últimos.

Alvaro Pereira é muito louco?

– É o tipo de louco que a gente aceita, louco do bem. Tem louco que estraga tudo. É agradável, leva muito a sério o que faz, profissional. Quer ganhar, dá a vida. Toda a bola em que vai é a última da vida dele. Esses loucos interessam.

Valorização do grupo

– Tomamos ferro na Copa do Mundo com quarteto e quinteto. Quando contrata um jogador desse nível, como o Kaká, ele ajuda demais. Esse é o líder positivo, do bem, que dá força para o cara. Não é o cara que está criticando. Abraça o Pato, foi jantar com ele. Não reclama de nada. Conversamos no início sobre o que ele deixaria para o São Paulo nesse pouco tempo. Temos muitos meninos lá que estão vendo ele. Vais ser importante demais como modelo para esses garotos. Os outros que estão vindo por trás estão trabalhando muito para eles. O que está jogando o Denilson é brincadeira. É um time mesmo. O Mundial mostrou que não adianta ter um ou dois jogadores.

Vitória dramática

– Buscamos, criamos oportunidades, jogadas bem feitas. Ganhar desse jeito é loucura. Perdi mais uns 20 mil fios de cabelo.

Consistência pelo título

– Está melhor, mas tenho de ser exigente, esperar mais um pouco para sentir a consistência do time. Temos chance de ficar ali na frente. Chegar no Cruzeiro está muito difícil. Temos de olhar para nós mesmos. Para quem brigou para não cair (no ano passado), agora estamos em segundo. Só que temos de continuar assim.

Apoio da torcida

– Os jogadores estão sentindo isso, em todos os jogos estão nos apoiando. Desde o ano passado, quando São Paulo quase caiu, não largaram o time. Eles nos salvaram. Estávamos no fundo do poço. Jogadores tomam gosto de abraçar a torcida.

Semelhança com times vitoriosos que treinou no São Paulo

– Agora, sim (está parecido). Aquele grupo (tricampeão brasileiro em 2006, 2007 e 2008) era brigador, não tomava gol fácil, ficava muito tempo sem tomar gol. Aqui no Morumbi não tinha para ninguém. Esse grupo está ficando com essa cara de time brigador também. Não podemos só falar do quarteto (Kaká, Ganso, Pato e Kardec). O time todo está brigando. Isso aquele time tinha de sobra. Tudo é questão de tempo. Só jogar bonitinho não dá para ganhar. Tem que brigar também, como estamos fazendo.

 

Fonte: Globo  Esporte

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