Meses de cerveja e descanso prometem Muricy menos ranzinza

A primeira entrevista de Muricy Ramalho em seu retorno no São Paulo foi precedida de um comentário pertinente do vice-presidente de futebol. “Você está menos ranzinza do que antigamente, está mais sorridente”, disse João Paulo de Jesus Lopes, antes de passar a palavra ao treinador que foi tricampeão brasileiro pelo clube e, quatro anos depois, volta para salvá-lo de rebaixamento à segunda divisão nacional.

De fato, a primeira impressão é de que ele está mesmo menos rabugento. Ao longo dos 34 minutos de sua apresentação, não se incomodou com nenhuma pergunta e até fez brincadeiras. Um Muricy descansado (pelos três meses e nove dias em que ficou desempregado) e sem os problemas de saúde que o acompanharam no Santos, do qual saiu demitido.

“Estou bem de saúde, fiquei esse tempo todo não fazendo nada, só tomando cerveja, sem estresse, em Ibiúna (cidade a 63 km da capital paulista), aquela maravilha. Não tem como ficar doente, e espero não ficar doente aqui. Espero ficar feliz, e o único jeito de ser feliz é ganhando jogos”, disse, lembrando-se dos dias em que ficou na sua casa de veraneio.

Sergio Barzaghi/Gazeta Press

De volta ao clube depois de quatro anos, treinador esteve bem sorridente durante sua apresentação

Desde que deixou o CT da Barra Funda pela última vez, em 2009, Muricy nunca tinha passado tanto tempo sem trabalho. O maior intervalo até então havia sido de 66 dias, entre a demissão do Palmeiras (o qual assumiu 32 dias depois de ser dispensado pelo São Paulo) e a ida para o Fluminense, em 2010. Do time carioca para o Santos, foram apenas 23 dias.

 

“Não reclamo quando me mandam embora, às vezes até agradeço. Levo muito light a minha vida. As pessoas acham que eu sou esse cara marrento, mas não tem nada disso. Eu me dou bem com as pessoas. É claro que não posso ficar toda hora em contato com as pessoas, mas tenho muitos amigos”, defendeu-se o sucessor de Paulo Autuori no São Paulo.

Além dos amigos, Muricy procura ao máximo ficar perto dos familiares. Na terça-feira, citou o filho Fabinho, são-paulino fanático – que “foi ver a final da Sul-americana no estádio, voltou com um monte de faixa no peito, cheio de marra” – e até a mãe de sua mulher: “Minha sogra vai voltar ao estádio (risos), ela não perdia nenhum jogo”.

É cedo para dizer se há prazo de validade para esse bom humor, mas sua nova missão no clube não será nada fácil: o São Paulo está quatro pontos abaixo do primeiro time fora da zona de descenso para a Série B do Campeonato Brasileiro. Por ora, porém, os litros de cerveja e as horas de repouso têm feito com que ele se mantenha paciente mesmo quando a entrevista é interrompida pelo toque de um celular desconhecido na sala de imprensa.

“Foi você? (aponta para um repórter, enquanto outra jornalista assume a culpa e pede perdão)Ah, você está perdoada. Se fosse ele, ele ia ter que se retirar”, voltou a brincar, encerrando a apresentação para pensar na partida de quinta-feira, contra a Ponte Preta, no Morumbi.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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