Muricy não teme manchar história, mas percebe todos inseguros

Nelsinho Baptista, no Corinthians de 2007, e Luiz Felipe Scolari, no Palmeiras de 2012, acabaram arranhando um pouco de suas histórias dentro dos respectivos clubes por terem feito parte de campanhas de rebaixamento. Agora quem está sujeito a isso é Muricy Ramalho, de volta ao São Paulo em um momento diferente daquele em que foi campeão brasileiro três anos seguidos.

Apesar de o time ocupar atualmente a antepenúltima colocação da competição, com 18 pontos (quatro abaixo do primeiro fora da zona de descenso, faltando apenas um turno), o treinador não teve dúvida em aceitar o convite do presidente Juvenal Juvêncio e assumiu a complicada missão de livrar a equipe da segunda divisão nacional – nas contas do matemático Tristão Garcia, o risco de queda é de 54%.

Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Muito identificado com o clube, treinador pode ficar gravado na história também por descenso

“Não pode ter medo, tem que trabalhar. O Felipão também tentou dar seu melhor, ganhou a Copa do Brasil, fez coisas boas. Não tem como (recusar), a gente é profissional. Achei que poderia contribuir, por isso estou aqui. Poderia ter ido para o Catar, para esses lugares que me chamaram. É um desafio do qual eu gosto e que faz parte da nossa vida”, diz.

 

Primeira opção da torcida para substituir Ney Franco, na metade do ano, Muricy acabou vendo Paulo Autuori ser contratado. Trazido dois meses depois, ele precisou de menos de 24 horas para reanimar a coletividade são-paulina e alavancar a venda de ingressos para a partida de quinta-feira (contra a Ponte Preta, no Morumbi). Agora, precisa fazer jus à preferência. Mas sem se arriscar.

“Temos 19 jogos. No basquete, quando você toma 20 pontos, não pode querer tirar essa diferença na cesta seguinte. Tem que ser pouco a pouco. Para a gente, é uma decisão a cada jogo, mas tem que ser pouco a pouco também, senão vira loucura. Só com loucura, não adianta”, advertiu, reconhecendo que o primeiro passo a ser dado é tranquilizar o elenco.

“Percebo que o que mais preocupa é a insegurança de todos, principalmente dos atletas. O clube não está acostumado, ninguém aqui passou por essa experiência, ninguém tem o remédio”, comentou, calmo, mas não tanto quanto seu antecessor, que acumulou dez derrotas, quatro empates e apenas três vitórias antes de ser demitido, na segunda-feira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*