Justiça vasculha finanças de Ataíde e diz que vice tricolor estaria na miséria

Pivô da renúncia de Carlos Miguel Aidar da presidência do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro encontra-se em situação econômica miserável. Ao menos foi o que concluiu a Justiça de São Paulo no último dia 21 de outubro, ao vasculhar as finanças do vice de futebol e não encontrar absolutamente nada.

O fato vai ao encontro à alegação de Aidar ao jornal “O Estado de S. Paulo”. O ex-cartola diz ter oferecido dinheiro a Ataíde para ajudá-lo, e não de forma ilícita, em declarações que estão reproduzidas na parte final desta reportagem. A proposta acabou custando a renúncia do agora ex-presidente do cargo.

O ESPN.com.br teve acesso a um processo público movido pelo Banco Itaú contra Ataíde Gil Guerreiro por conta de uma dívida que, em maio, estava em R$ 179.385,22 — é possível que, atualmente, ela esteja acima dos R$ 200 mil, com a correção do período, multa e o valor corrigido.

Ataíde foi procurado pela reportagem três vezes, sempre via assessoria de imprensa do São Paulo. As duas primeiras tentativas foram há uma semana. A última ocorreu na última quarta-feira e o cartola respondeu na quinta-feira. Confirmou o problema com o Itaú, disse que está discutindo um acordo para resolver e não quis comentar.

“É um assunto pessoal. Não tem nada a ver com o futebol do São Paulo”, disse o dirigente, por telefone, para o ESPN.com.br.

Na ação, que corre na 26ª Vara Cível da capital paulista e está nas mãos do juiz Carlos Eduardo Borges Fantacini, foi enviada, no mês de maio, uma ordem para a penhora das contas do vice tricolor via Sistema Bacenjud, que escancarou como a situação financeira do cartola é ruim.

Isso porque não foi encontrado praticamente nada nas contas em nome de Ataíde Gil Guerreiro abertas no Itaú Unibanco, Citibank, Santander, Bradesco e Caixa Econômica Federal — esta última foi a única que continha quantia em dinheiro: R$ 11,74. O valor foi considerado tão irrisório que acabou desbloqueado pelo Poder Judiciário.

O mesmo ocorreu após a Justiça consultar os veículos em nome de Ataíde no Renajud: nem um automóvel foi encontrado em posse do vice de futebol do São Paulo.

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Em maio, Justiça mandou desbloquear valor irrisório das contas bancárias de Ataíde: R$ 11,74
Em maio, Justiça mandou desbloquear valor irrisório das contas bancárias de Ataíde: R$ 11,74

Ambas as pesquisas são do mês de maio, o que fez o juiz proferir em sua decisão as seguintes palavras: “trata-se de mais um caso de irremediável insolvência, dentre milhares, esgotadas as diligências viáveis ao juízo”.

Assim, o Itaucard solicitou consulta ao Sistema Infojud para extração de cópias das últimas declarações de imposto de renda de Ataíde, a fim de encontrar bens passíveis de penhora. Contudo, novamente a busca resultou infrutífera ao banco.

“Gera total estranheza por se tratar de um vice-presidente de um grande clube de futebol brasileiro e sócio de diversas empresas conforme documento anexo, o que vale de logo suspeitar-se de fraude”, publicaram, em 26 de agosto, os advogados do Itaú, em nova petição, tentando entender como um cartola importante no futebol nacional não tinha bens em seu nome.

Foi quando o banco pediu constrição nos lucros de Ataíde na sociedade empresária Comércio Atacadista de Bebidas.

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Em 26 de agosto, Itaú apontou suposta fraude nas finanças de Ataíde após Justiça não encontrar nada
Em 26 de agosto, Itaú apontou suposta fraude nas finanças de Ataíde após Justiça não encontrar nada

Em resposta, o juiz pediu para o Itaucard “repensar, pois cabe ao interessado (o banco) pesquisar e se certificar se as empresas ainda existem de fato, funcionam e faturam, inclusive a transportadora”. O Itaucard pediu no mês passado um prazo suplementar de 20 dias para a realização da pesquisa extrajudicial para obtenção de informações sobre as empresas em nome de Ataíde.

Só que, no último dia 20 de outubro, publicou nova petição em que “ante a inexistência de bens passíveis de penhora, e visto que não houve a possibilidade de comprovação de fraude à execução até o momento” requer a suspensão do processo até a localização de patrimônios de Ataíde.

O magistrado Carlos Fantacini, no último dia 23, decretou a suspensão da execução “diante do esgotamento das providências objetivando a localização de bens passíveis de penhora, donde a presunção de insolvência patrimonial, hipótese de miserabilidade na acepção jurídico-processual do termo”.

Em outras palavras, a Justiça suspendeu a ação porque Ataíde encontra-se em suposta situação de miséria.

 

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Decisão da Justiça que diz que Ataíde está em situação financeira miserável
Decisão da Justiça que diz que Ataíde está em situação financeira miserável

De acordo com o jornal Diário de São Paulo, ainda existe um outro processo — alheio ao apresentado nesta quarta pela ESPN — que corre na Justiça contra Ataíde desde 2012, também movido pelo Itaucard, em pendência que atualmente está em R$ 174 mil. Nessa ação, em sentença de 19 de agosto, Ataíde teve suas contas bloqueadas, segundo o periódico.

Ataíde Gil Guerreiro fez carreira como advogado e ainda foi presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras Antarctica e vice da Confederação de Distribuidores da Ambev.

Entenda a briga Ataíde x Aidar

No começo de outubro, Ataíde Gil Guerreiro foi o pivô da renúncia de Carlos Miguel Aidar da presidência do São Paulo.

O vice diz ter gravado, em um sábado à noite, uma conversa em que o então mandatário lhe faz uma oferta em dinheiro para conseguir comissão na compra de um jogador – no caso, Gustavo Cascardo, da Portuguesa.

Dois dias depois, em uma segunda de manhã, durante reunião com o departamento de comunicação do São Paulo no Hotel Radisson, zona sul da capital paulista, Ataíde acusou Aidar de ter lhe oferecido dinheiro do clube de forma ilegal, mas foi rebatido pelo então presidente. A conversa acabou com agressão do vice ao seu chefe – Gil Guerreiro foi exonerado do cargo.

Só que, dois dias depois, enviou a conselheiros um e-mail em que apontava escândalos da gestão Aidar e alegou ter a tal gravação que comprometia Carlos Miguel. Sob pressão, e após perder o apoio de todos os seus aliados, o presidente renunciou na semana seguinte.

A versão de Carlos Miguel Aidar

Em sua defesa, o mandatário afirmou, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, que o dinheiro oferecido não viria do São Paulo, e sim de suas empresas, mas que não queria que Ataíde se sentisse constrangido por receber ajuda financeira.

“O importante é o seguinte: eu quis ajudar um amigo. Eu sabia, até porque ele não havia escondido de ninguém que não estava em uma situação confortável. Então eu quis ajudar um amigo, alguém em quem eu confiava 100% e que foi meu vice-presidente de futebol por um ano e meio. Enfim, queria ajudar um amigo, que aos 70 e tantos anos está em uma situação desconfortável. Eu ia ajudar do meu bolso. Mas arrumei uma história para não deixá-lo constrangido, para não parecer uma coisa pessoal, de doação. Inventei que vou arrumar alguém para comprar, receberia em forma de honorários. No querer ajudar, acabei me entregando e me machucando”, declarou Carlos Miguel Aidar.

Até o momento, nenhuma prova concreta que incrimine de fato o ex-presidente veio a público.

A versão de Ataíde Gil Guerreiro

Ataíde Gil Guerreiro disse que entregou a fita da gravação que incrimina Aidar nas mãos do novo presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que venceu eleição realizada no Conselho Deliberativo do São Paulo, no Morumbi.

“Entreguei o áudio, sim”, disse Ataíde, na saída do Conselho, no Morumbi. “Se fosse para acabar em pizza, não teria denunciado. Vou até o fim com as investigações”, continuou.

O ex-vice de futebol de Aidar será mantido por Leco no cargo. E o novo presidente prometeu apurar as denúncias que rondam o ex-mandatário.

“Essa é uma gestão de reconstrução, não vamos olhar pelo retrovisor. E todas as denúncias serão apuradas, com apuração em um foro adequado. E aqui no Conselho vamos resolver todas as questões do São Paulo”, disse Carlos Augusto de Barros e Silva.

 

Fonte: ESPN

6 comentários em “Justiça vasculha finanças de Ataíde e diz que vice tricolor estaria na miséria

  1. Também não vejo nenhuma imprensa marrom no caso.
    O AGG tornou=se persona pública, por desempenhar cargo de alto comando de um grande time popular, cujos sócios e torcedores precisam conhecer por quem são administrados, e ninguém melhor que a imprensa isenta para fazer isto.
    Também estranho, como um colega bem comentou em outra matéria, que o SR Athaide, se verdadeira sua situação falimentar, deveria deixar de trabalhar de graça para o SP e cuidar de recuperar-se financeiramente. A menos que…

  2. Não tem nada de imprensa marrom.

    Ele está sendo cobrado judicialmente em uma ação de execução de título, o processo não é segredo de justiça, qualquer indivíduo tem acesso.

    O fato das contas estarem “limpas” não quer dizer que o cidadão esteja quebrado.

    A parte ou advogado tem conhecimento prévio do bloqueio que será realizado pela penhora online, a atitude normal é “limpar” as contas.

    Se ele fez isso? não sei.

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