Comandar 20 treinos em 40 dias é apenas uma mostra de quanta dificuldade Juan Carlos Osorio tem enfrentado para implantar suas filosofias e métodos no elenco do São Paulo. Mas, ainda que o apertado calendário do futebol brasileiro atrapalhe, o Lorde assegura que já começa a ver resultados de seu trabalho diário no CT da Barra Funda.

– Se tivesse que mandar um recado à torcida, seria para pedir paciência. Não creio em magia e nem sou mágico. Sou trabalhador e creio no trabalho. Hoje (ontem) foi meu treino de número 20 e acredito que já estou vendo comportamentos que serão característicos deste time do São Paulo a partir de agora – destacou.

Na manhã deste domingo, Osorio chegará a seu treinamento de número 21, o último antes de sua oitava partida à frente do Tricolor. O rival Coritiba entrará na pauta das reuniões da comissão técnica com mais intensidade somente no período da tarde, já que a maior preocupação do colombiano no momento é mais íntima.

A insatisfação, causada pelo princípio de desmanche com as saídas de Paulo Miranda, Dória, Denilson e Souza, agora é parte do passado. Osorio prefere concentrar seus pensamentos em como reconstruir o elenco com as peças que tem à disposição e com as que sonha, como um zagueiro canhoto e um atacante de velocidade para atuar na direita. Para ele, esses elementos seriam as carejas de um bolo já bem preparado.

– Prefiro trabalhar com um grupo reduzido, com 25, 26, para poder todos os dias trabalhar com todos. Se regressam Carlinhos, Bruno e Breno, considero que teremos um elenco forte e com todas possibilidades de ser protagonista e brigar pelas primeiras posições. São Paulo é bom, é protagonista e vai seduzir a torcida a lotar o Morumbi – projetou.

E para que o saldo de seus oito jogos, 20 treinos e 40 dias volte a ser positivo, vale levar o destaque Alexandre Pato ao limite em mais uma partida, deixar o time ofensivo com Boschilia como volante e promover o retorno de Luis Fabiano. E, claro: se for preciso, usar chinelos ou o que for preciso para desvendar o Coritiba.

Está satisfeito com Ganso? Ele jogou seis jogos inteiros com você, enquanto Michel Bastos foi titular em todos. Eles são intocáveis?
Sim. Estou satisfeito com Paulo Henrique. Cada vez mais nos mostra que é um jogador de equipe, de grupo, mostrando esforço e com um talento inegável. E não, não são intocáveis. Em algum momento Paulo e Michel não iniciarão ou não terminarão.

Conta com Rodrigo Caio até quando e em que função?
Vai ficar por um período indefinido, mas posso contar com ele. Rodrigo, como todos, entende bem e fala honestamente. Lembro dele em um jogo em Medellín como volante central e foi muito bem, como agora. Precisamos de um jogador nessa posição com bom jogo aéreo e distribuição de jogo, por isso o escalei.

Gostou de Centurión como referência? Ele terá sequência?
Ironicamente, ele é muito bom como referência justamente por não ser uma referência que fica parada. Ele não fica preso entre os zagueiros e dificulta a marcação deles com a velocidade. Temos que respeitar a opinião e a vontade de jogar, mas eles precisam respeitar minha decisão.

Suas expectativas sobre o futebol brasileiro foram cumpridas?
É espetacular. Torcidas apaixonadas, campos muito bons… É muito equilibrado e tem particularidades. Todos jogam no 4-2-3-1, com um ponta rápido e outro para armar. O da frente é trombador, os laterais avançam muito e os zagueiros são técnicos, mas pesados e sem infiltração. O importante é fazer gol primeiro e ter volantes bons para sair jogando.

Fonte: Lance