Após seguidos erros, São Paulo muda filosofia e volta a pensar em títulos

Em ascensão no Campeonato Brasileiro, o São Paulo ainda não pode dizer que sua versão 2014 deu certo. Até porque a equipe já amargou eliminações para Penapolense e Bragantino no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil. Na Sul-Americana, saiu atrás do Criciúma. Mas há um consenso no Morumbi: a sensação de ter reencontrado a maneira de montar o elenco.

Muricy Ramalho passou todo o segundo semestre de 2013 dizendo que não poderia errar na montagem do grupo depois de a equipe ter corrido sério risco de rebaixamento para a Série B. Recentemente, o técnico aprovou a reconstrução.

 O lema adotado pelo gerente Gustavo Oliveira pode até ser meio clichê, mas define os últimos anos do São Paulo: trocar quantidade por qualidade.

 – Qualidade é fundamental para o sucesso. Quantidade é jogar pra torcida – afirmou.

No time considerado titular, que venceu quatro partidas seguidas e hoje ocupa a terceira posição do Brasileirão, há cinco reforços de 2014: Alvaro Pereira, Souza, Kaká, Alexandre Pato e Alan Kardec. Outros dois estão no banco e são vistos com bons olhos: Michel Bastos, recém-chegado e ainda aquém do auge físico, e Hudson. Não deram certo Pabón, atacante que já voltou ao futebol mexicano, e, pelo menos por enquanto, Luis Ricardo.

Foram nove contratações no total, menor número desde a virada 2009/2010, quando o São Paulo amargou um ano sem títulos depois da soberania de quatro temporadas, e passou a adotar reformulações infinitas para tentar voltar a ser vencedor.

Tabela reforços São Paulo (Foto: GloboEsporte.com)Tabela mostra todos os reforços contratados desde 2010 e a mudança de filosofia que ocorreu na atual temporada

Colocado no cargo há pouco mais de um ano, Gustavo Oliveira, filho de Sócrates e sobrinho do ídolo são-paulino Raí, quer acabar com esse método. O número de atletas incorporados neste ano ainda é considerado elevado, mas explica-se pela devastação feita nos últimos anos.

Em 2013, por exemplo, foram 13 novos atletas, dos quais 10 já não fazem mais parte do plantel. Saíram sem destaque Welliton, Wallyson, Caramelo, Roni, Silvinho, Negueba e Roger Carvalho. Sem falar em Clemente Rodríguez, lateral-esquerdo argentino que recebe R$ 150 mil por mês e treina com os garotos em Cotia. Do ano passado, ficaram só Renan Ribeiro, goleiro que ainda não estreou, Antônio Carlos e Reinaldo.

– A contratação dar certo ou errado não é obra do acaso, da sorte ou do azar. Há que se ter método. Primeiro, diagnosticar com precisão as características desejadas nos aspectos técnico, tático e comportamental. Depois, confrontar com os atletas de potencial interesse e se aprofundar ao máximo nas informações disponíveis. Ao se contratar com critério e na medida necessária, aproveita-se melhor os recursos financeiros, cada vez mais escassos, e valoriza-se o trabalho do dia-a-dia, fundamental para o sucesso – disse Gustavo.

A parceria com a comissão técnica é fundamental. O dirigente afirma que ninguém foi contratado sem ter sido indicado, ou pelo menos aprovado por Muricy Ramalho e seus auxiliares. No fim de 2013, o Tricolor diagnosticou um elenco de astral baixo, entregue às dificuldades, e definiu o perfil dos reforços: aguerridos, com raça e liderança.

Com o uruguaio Alvaro Pereira, Gustavo teve duas longas conversas por telefone para saber se a sugestão de Lugano estava, realmente, dentro do que o clube queria. Souza também preencheu essa lacuna. A conta de telefone do gerente também foi alta nos meses de negociação com Michel Bastos e Alexandre Pato.

PLANOS PARA 2015

A intenção do São Paulo, pelo menos por enquanto, num momento de alta da equipe, é manter o máximo possível do grupo para o ano que vem, e ampliar o conceito de reforços pontuais. A perda mais provável é a de Kaká, emprestado pelo Orlando City até dezembro.

Na avaliação da diretoria, sua presença estimulou o rendimento de Ganso. Então, já procuram um substituto com características técnicas semelhantes, embora saibam que será difícil repetir a liderança que Kaká impõe sobre o grupo.

– A avaliação do atual elenco, seus pontos fortes e fracos, bem como o acompanhamento dos atletas com potencial interesse é um processo permanente. Já temos em vista nosso elenco de 2015. Mesmo com a janela fechada, gasto, ao menos, 10 horas semanais entre contatos, pesquisas e análises de informações. Durante o mercado, esse número se multiplica. É uma das partes mais prazerosas do trabalho – afirma o gerente.

 

Fonte: Uol

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