Wesley lembra gafe com Ceni em primeiro dia e foco para não errar CT

Desde 3 de março deste ano, Wesley dirige alguns metros mais na Marquês de São Vicente parar chegar ao trabalho. Em vez de embicar o carro na altura 2650 da avenida, onde fica a Academia de Futebol, o volante entra à direita no portão vizinho, no número 2724. Depois de três anos no Palmeiras, a proximidade entre os centros de treinamentos dos rivais ainda o deixa um pouco confuso neste primeiro mês de vida nova no São Paulo.

“Sempre que faço a rotatória (para entrar) na Marquês, fico focado para não acontecer de errar a entrada”, brincou o jogador, em entrevista à Gazeta Esportiva, depois do treino de quinta-feira, antevéspera de sua estreia com a camisa 19 – ele herdará o número e a vaga de Ademilson (atacante emprestado ao Yokohama Marinos, do Japão) na lista de inscritos do Campeonato Paulista e será ao menos relacionado para o duelo contra o Red Bull, pelas quartas de final.

A partida no Morumbi será sua primeira desde 7 de dezembro, dia em que atuou pela última vez pelo Palmeiras. Criticado pela torcida ao longo do segundo semestre do ano passado e sem acordo com a diretoria para uma renovação, ele firmou pré-contrato com o São Paulo e passou os dois primeiros meses de 2015 treinando separadamente do restante do elenco, em horários alternativos. A não liberação para se transferir antes do final do vínculo o impediu de ser inscrito pelo São Paulo na primeira fase do Estadual e da Copa Libertadores.

Após mais de quatro meses de espera – e distração com o filho pequeno –, Wesley finalmente voltará a ser relacionado para um jogo oficial. Inscrito para as quartas de final, ele pode até mesmo iniciar como titular o confronto de sábado com o Red Bull. A escalação do São Paulo será definida nesta sexta-feira à tarde por Milton Cruz, que assumiu o comando interino do time depois da saída de Muricy Ramalho. Antes disso, o volante teve um breve bate-papo com a reportagem, no qual se disse já ambientado ao novo clube, depois de ter sido propositalmente induzido a cometer uma gafe com o líder do elenco, o goleiro Rogério Ceni, logo em seu primeiro dia de trabalho no CT da Barra Funda.

Fernando Dantas/Gazeta Press

Volante pode fazer sua primeira partida desde dezembro, época em que ainda jogava pelo Palmeiras

Gazeta Esportiva: Além de obviamente treinar, o que você fez para passar o tempo no período em que ficou impossibilitado de atuar?
Wesley:A gente procura sempre ficar junto da família, que é a base de tudo. Realmente, tive que esperar. Tive que ter muita paciência, porque não é fácil estar em um clube em que não vai jogar. Tem que ter paciência no dia a dia, saber respeitar o espaço dos outros atletas. Na vinda para cá, foi tranquilo. O pessoal me acolheu bem. Nesse meio da bola, a gente já se conhece. Sou um cara humilde também, o pessoal me acolheu bem. Agora, é hora de colocar em campo todo esse entrosamento que a gente teve na minha chegada. Sei que é um momento único, diferente, já se trata de mata-mata. Mas tenho que controlar a ansiedade e ter paciência para superar esse obstáculo.

A ansiedade deve ter sido grande. De quarta-feira e domingo, você não tinha mais jogo. Você via TV? Como matava o tempo?
A gente tem sempre que estar acompanhando. Eu estava sempre torcendo para os companheiros conseguirem os resultados positivos. Mas eu me distraio bastante. Tenho um filho pequeno também, de um ano e oito meses, o Lian. Ali dá para se distrair bastante, porque o cara é uma fumaça… (risos) Mas já passou. Agora é hora de se focar ainda mais, porque vou estar junto com meus companheiros para tentar conquistar este título.

Na sua apresentação, você citou que o pessoal que já tinha trabalhado com você em outros clubes te sacaneou. Que peça eles pregaram?
No primeiro dia, o pessoal me deixou sentado na ponta da mesa (do refeitório). Se não me engano, acho que é onde o Rogério se senta. Ficou aquela situação meio complicada. Mas a gente sabe lidar com isso, tira de letra. Quando eu tiver oportunidade e as coisas estiverem mais tranquilas, vou dar o troco.

O Rogério chegou e você estava sentado na cadeira dele? Qual foi a reação dele?
Sim (risos). Ele acabou cedendo, me deu as boas vindas, mas está tudo certo. Agora é ter foco total, porque a responsabilidade é grande. Todos nós sabemos que o São Paulo precisa de títulos, porque é um clube grande, que tem toda uma história. A gente vai lutar por isso.

No período em que trabalhou com o Muricy Ramalho, ele chegou a conversar contigo para dizer a você como ele te imagina no time?
Sim, mais na minha função mesmo, como segundo volante, saindo para o jogo. Mas depende muito da formação, se é aberto, se é por dentro. Então, ainda o professor (Milton Cruz, coordenador técnico e treinador interino) vai analisar ainda como vai ser. O que eu quero é estar à disposição. Estando à disposição, a probabilidade de as coisas acontecerem é enorme. Só de estar à disposição já é um passo grande. O que vai acontecer depois, deixa na mão de Deus.

O Milton te elogiou bastante na quarta-feira, disse que você vem treinando muito bem. Como você está? Você não se machucou nesse período fora, então se imagina que fisicamente está bem. Suportaria jogar 90 minutos se for titular?
Vamos ver o que o professor vai fazer, mas não tenho dificuldade nenhuma em relação à parte física. O que pode pegar, talvez, é o ritmo de jogo, o que seria natural para qualquer jogador. Mas vamos ver. Em se tratando de um jogo de mata-mata, onde muita coisa pode acontecer, talvez a adrenalina supere isso e eu consiga tirar de letra.

Os centros de treinamento de São Paulo e Palmeiras são vizinhos, e você estava acostumado a treinar na Academia de Futebol até pouco tempo atrás. Depois que foi contratado pelo São Paulo, chegou a se confundir alguma vez? Foi estranho, no começo, passar em frente ao CT do Palmeiras e não entrar?
Desde o meu acerto com o São Paulo, sempre que venho, faço a rotatória na Marquês, fico focado para não acontecer isso. Somos seres humanos, têm várias histórias de jogador que quase entrou errado, mas comigo não aconteceu. Tomara que não aconteça, porque a minha vida agora é aqui.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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