O clássico entre São Paulo e Corinthians traz boas lembranças e vários traumas para Muricy Ramalho e Tite, técnico dos rivais deste domingo. Experientes e vitoriosos nos cargos que hoje ocupam, os dois colecionam demissões, goleadas, vexames e títulos no clássico Majestoso.
“A gente sabe que é um campeonato à parte. Eu já tive momentos bons e ruins. Todo mundo sabe que fui demitido no jogo contra o São Paulo, que o Kia [Joorabchian] queria que o Tevez batesse, e o Coelho era o batedor até então. Minha estreia foi contra o São Paulo. O Corinthians tinha tomado cinco do Atlético-PR em casa, o São Paulo era líder do Brasileiro. Quando acertei contrato não dormi à noite”, disse Tite.
As duas referências do treinador são à sua primeira passagem como treino no Parque São Jorge, entre 2004 e 2005. Em sua estreia, apesar da falta de sono, ele conseguiu fazer seu time empatar um jogo duro por 1 a 1. Meses depois, com o clube já sob o domínio da MSI, ele foi demitido no vestiário do Morumbi depois do jovem Coelho ter perdido um pênalti que garantiria ao menos um empate para o Corinthians de Tevez e Mascherano.
A queda em 2005 foi chave na carreira de Tite, que àquela altura vivia sua primeira experiência em um grande de São Paulo. Quando retornou, em 2010, ele teve uma vida um pouco mais calma, mas ainda assim sofreu um pouco. Foi sob o seu comando que Rogério Ceni marcou o centésimo gol da carreira em 2011, em um clássico em Barueri.
Tite também viu do banco de reservas a derrota por 3 a 1 na última rodada do Brasileiro do ano passado, que serviu como um adeus com alerta para o time que viajaria no dia seguinte para a disputa do Mundial de Clubes. Em compensação, viu seu time fazer 5 a 0 no rival no Brasileiro de 2011 e ganhou clássicos importantes neste ano.
Na semi do Paulista, o Corinthians eliminou o São Paulo nos pênaltis, no jogo marcado pela adiantada de Rogério Ceni no pênalti decisivo. Na Recopa, o time do Parque São Jorge ganharia o título após duas vitórias convincentes sobre os rivais, que entrariam em crise.
Muricy não tem uma relação tão marcante com o Corinthians como seu colega com o São Paulo, mas ainda assim tem do que recordar. O treinador fez parte de um dos maiores jejuns da história do confronto, que durou quatro anos e 14 jogos, sendo cinco desses sob a sua gestão.
Só que o fim do tabu foi duro. Em 2007, o Corinthians brigava para não cair quando enfrentou o São Paulo, que seria bicampeão e era amplo favorito. Nos minutos finais, Betão marcou de cabeça e, aos prantos, pôs fim ao jejum de vitórias alvinegras.
Muriy ficaria no Morumbi até 2009, e até lá teria mais uma grande decepção com o Corinthians. No ano de sua despedida, o técnico viu seu time cair na semifinal do Paulista contra a equipe de Ronaldo e Elias, com direito a um gol marcante do Fenômeno no Morumbi. Semanas depois, o técnico seria demitido após a eliminação na Libertadores, imediatamente antes de um novo clássico com o arquirrival.
Hoje, o técnico tricolor tem de conviver com um outro tipo de tabu. O São Paulo não vence o Corinthians no Morumbi há 11 jogos, ou desde 2007, quando Muricy ainda estava no comando. Protagonista novamente neste domingo, ele ignora a marca negativa.
“É sempre assim, esse negócio de tabu. Mas estou chegando agora, nem sabia que existia isso, vou pensar no domingo. O que passou, passou”, disse ele, com poucas palavras.
Fonte: Uol