Pratto chega ao São Paulo com quase o dobro da eficácia de Chavez em gols

O atacante Lucas Pratto, de 28 anos, chega ao São Paulo com as credenciais de ter quase o dobro (85%) da eficácia na arte de fazer gols na comparação com o também argentino Andres Chavez, de 25 anos.

No Brasileirão-2016, enquanto 13% das finalizações de Chavez entraram no gol, Pratto conseguiu balançar a rede em 24% das vezes em que fez uma conclusão. A precisão contava muito porque no Atlético-MG a concorrência para finalizar os ataques era grande, enquanto no São Paulo Chavez assumiu o protagonismo a partir da 18ª rodada. No Galo mineiro, Fred conseguiu marcar em 26% das finalizações, e Robinho, que batia pênaltis, em 27%.

Com Chavez e Cueva sendo a quarta “dupla dinâmica” que mais finalizações fez com a bola indo de um para o outro no Brasileirão do ano passado, o São Paulo até criou muitas oportunidades, mas teve baixa eficácia, terminando o Brasileirão com o 13º ataque (44 gols), enquanto o Atlético-MG, ex-equipe de Pratto, teve o segundo melhor ataque (61).

Lucas Pratto pelo Atlético-MG em 2015 (Foto: GloboEsporte.com)

Presente no elenco do Atlético-MG desde o início de 2015, disputou 54 partidas e marcou 22 gols (média de 0,41) em sua primeira temporada pela equipe mineira. Foi mais artilheiro quando concluiu da direita da grande área, com nove gols desse lado contra três do lado esquerdo, o que é bastante natural, já que ele é destro.

Foi titular absoluto no Brasileirão-2015 com 36 jogos e 13 gols (média de 0,36) a partir de 108 finalizações (seis gols de pênalti). Conseguiu uma finalização a cada 31 minutos e um gol a cada 254 minutos. Foi o terceiro maior artilheiro do Nacional daquele ano e ainda fez 45 assistências para finalizações, que resultaram em três gols de companheiros.

Lucas Pratto pelo Atlético-MG em 2016 (Foto: GloboEsporte.com)

Com a chegada de Robinho ao Atlético-MG no início de 2016, Pratto deve ter sonhado com um ano cheio de gols pelo Galo mineiro, mas a contratação de Fred no meio do ano mudou tudo. Seguiu como cobrador de pênaltis na Libertadores (dois gols) e também no Mineiro (um), mas apenas até desperdiçar sua primeira cobrança, no jogo de ida das semifinais, contra a URT. A partir daí, Robinho assumiu as cobranças, apesar de ter errado no jogo de ida das finais contra o América-MG, que ficou com o título de campeão mineiro.

Principalmente após a chegada de Fred, Lucas Pratto passou a fazer finalizações do lado esquerdo da grande área, de onde marcou oito gols no ano, enquanto do seu lado favorito, o direito, fez apenas quatro. No Brasileirão-2016, foram 12 conclusões (e quatro gols) do lado esquerdo da área contra apenas cinco (e nenhum gol) do lado direito. Como titular, Pratto participou de apenas dez jogos do Brasileirão, enquanto Fred foi titular em 27, e Robinho, em 26. Saindo da reserva, o argentino atuou em mais oito jogos, em média por 35 minutos em cada um.

Os gols de Andres Chavez em 2016 pelo São Paulo (Foto: GloboEsporte.com)

É importante destacar essa mudança de lado de Pratto em 2016 porque atuando em seu lado favorito, o direito, seu jogo se encaixa com o do novo companheiro Andres Chavez, que é canhoto e por isso mesmo finaliza muito mais pelo lado esquerdo da grande área. A arte mostra o número de gols que fez de cada setor. Outro encaixe dessa dupla é o fato de Chavez finalizar muito mais de fora da área, o que pouco se viu Pratto fazer tanto em 2015 quanto em 2016. Quando está fora da área, é muito mais certo que o ex-atleticano faça uma assistência para um companheiro concluir do que ele próprio arriscar de longe. Os dois podem muito bem acabar formando uma dupla de ataque, cada um pelo seu lado de origem.

Quando Lucas Pratto foi deslocado para a esquerda, o número de gols caiu para cinco em 18 jogos pelo Brasileirão, e a média, para 0,28, ainda que a marca de um gol a cada 237 minutos tenha sido melhor do que no ano anterior (um a cada 254 minutos).

Apenas como base de comparação, o atacante Andres Chavez conseguiu pelo São Paulo um gol a cada 200 minutos no Brasileirão do ano passado, mas Chavez era referência no ataque, fazendo uma finalização a cada 27 minutos.

Pratto levou em média 57 minutos (mais que o dobro que Chavez) para ter uma chance de concluir uma jogada porque no Atlético-MG essa função era mais distribuída: Fred fez uma finalização a cada 49 minutos, e Robinho, uma a cada 50 minutos. Compare com a marca de Chavez e fica claro como o são-paulino era muito mais acionado. Ele até acertava a meta, mas a bola não entrava. Os goleiros defenderam 19% das finalizações de Pratto e 31% das finalizações de Chavez. A marca de finalizações erradas ficou próxima: 57% e 55% não foram no gol.

O desempenho de Lucas Pratto em cada competição que disputou em 2016 pelo Atlético-MG (Foto: GloboEsporte.com)O desempenho de Lucas Pratto em cada competição que disputou em 2016 pelo Atlético-MG

Ainda que eclipsado pela dupla Fred-Robinho, Pratto aproveitou da melhor forma possível cada oportunidade que lhe apareceu pela frente. Em dez jogos pela Libertadores, fez quatro dos 16 gols marcados pela equipe, o mais importante deles foi o decisivo que classificou o Atlético-MG nas oitavas de final, na vitória em casa por 2 a 1 sobre o Racing-ARG. Mas passou em branco nos dois jogos das quartas de final e acabou eliminado pelo próprio São Paulo.

Na Copa do Brasil, fez quatro gols e ainda deu duas assistências, participando diretamente de seis dos dez gols do Atlético-MG na competição. Seu auge foi nas semifinais, quando participou dos quatro gols marcados pelo Galo nos dois jogos contra o Internacional (duas assistências e dois gols). Na final, foi praticamente anulado. Conseguiu três finalizações no jogo de ida, em Minas, e apenas uma em Porto Alegre. O título da Copa do Brasil acabou ficando com o Grêmio.

A proposta do São Paulo dá um novo norte para o argentino que já mostrou em 2015 como pode ser brilhante. Foi disparado o melhor estrangeiro do futebol brasileiro naquele ano. Ainda assim, no Atlético-MG, a chance de Fred ir para o banco era muito baixa, praticamente nula, pois já era um ídolo consagrado no futebol brasileiro.

No São Paulo, o desafio por um lugar de titular no ataque será grande. Pratto estará ao lado de Gilberto (27), Luiz Araújo (20), Neilton (22), Pedro (20) e Wellington Nem (25), entre outros.

Há muito talento no grupo de jogadores, mas não há unanimidades como havia no Atlético-MG, e Pratto já mostrou que tem talento, força, precisão e capacidade para se adaptar a qualquer necessidade que surgir.

Para o torcedor do São Paulo, sua chegada é uma ótima notícia. A questão é, assim como em 2016, se a bola vai entrar no gol em 2017.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Eduardo Sousa, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Leandro Silva, Paula Carvalho, Roberto Maleson, Valmir Storti e Wilson Hebert.

 

Fonte: Globo Esporte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*