Por título inédito, Fabuloso dá recado à concorrência: ‘Aposto em mim’

A tristeza pela expulsão na primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana não está mais na feição de Luis Fabiano. Sorriso no rosto, brincadeiras aos montes durante o confinamento no CT de Cotia e uma língua afiada para fazer projeções sobre 2013. No ano em que os clubes brasileiros que disputarão a Taça Libertadores esbanjam estrelas em seus ataques, como Alexandre Pato, Fred, Barcos e Ronaldinho Gaúcho, o Fabuloso foge do discurso humilde. Mais que isso, visualiza uma temporada ainda melhor que a anterior, quando fez 31 gols em 44 partidas.

– Eu aposto em mim mesmo. Apesar de muita gente falar de outros atacantes, eu estou sempre aí – cravou.

Há a esperança, mas também desconfiança. Luis Fabiano não acumula apenas gols. Ele também coleciona problemas e preocupa técnico, dirigentes e torcedores. Agora, promete uma versão mais “light” para tentar realizar o sonho de conquistar a América. A mesma em que foi artilheiro em 2004, quando parou nas semifinais.

– Esse ano vai ser diferente – garantiu.

Para atingir o objetivo e recuperar espaço na Seleção Brasileira, o camisa 9 se apega ao Morumbi, palco em que soma nada menos que 90 gols em 101 partidas. É lá que o São Paulo estreará na fase prévia da Libertadores, contra o Bolíviar, às 22h desta quarta-feira (horário de Brasília). É lá a casa do Fabuloso.

– O São Paulo vai dar trabalho – prometeu.

Confira os principais trechos da entrevista com Luis Fabiano:

A Libertadores é o título que falta para completar sua carreira?

Luis Fabiano: É um título importante que eu não tenho. Disputei uma vez em 2004 e fui artilheiro (oito gols). É importante para mim, para o São Paulo e para o grupo. Muitos jogadores possuem dois ou três títulos, mas outros, nenhum. Tenho ambição de ganhar e espero que o time consiga colocar mais uma Libertadores na vitrine do São Paulo.

Você tem 90 gols em 101 jogos no Morumbi. Como você visualiza o estádio no momento em que chegar lá para a estreia na Libertadores?

É lá que eu me sinto em casa. Eu imagino o Morumbi do jeito que via na única Libertadores que disputei. Uma festa bonita, estádio lotado, euforia e a torcida nos empurrando para cima do adversário. O torcedor ainda está eufórico por ter terminado ano com um titulo. Tudo se encaminha para uma grande vitória.

Todos os jogadores estão destacando a necessidade de abrir uma boa vantagem no Morumbi para não sofrer no segundo jogo, na Bolívia…

Temos de fazer um grande resultado aqui porque lá, em La Paz, vai complicar. Não é muito diferente por causa da altitude, mas, às vezes, você acaba sentindo um pouco de falta de ar e tontura. São coisas superáveis.

O Corinthians é o maior rival do São Paulo em 2013?

É só mais um grande adversário. Estamos vendo outros times contratando jogadores de qualidade, como é o caso do Grêmio. O Atlético-MG manteve a base, o Fluminense é um time muito forte. O Corinthians ganhou o Mundial e por isso se torna o time a ser batido, mas, para mim, existem outros que também estão fortes. O São Paulo vai entrar muito bem. Tem tradição na Libertadores e vai dar trabalho.

Como está sendo jogar sem o Lucas?

É difícil com ou sem o Lucas. Ele abria espaço, dava assistências, mas o São Paulo é muito grande. O Denílson (ex-atacante, negociado em 1998 para o Betis-ESP) fazia a mesma coisa, e o São Paulo continuou ganhando títulos sem ele. Sinto mais falta porque ele ficava comigo na concentração e é meu amigo. Vamos encontrar uma forma de suprir a ausência. Muda a maneira de jogar, mas o time vai se entrosar bem.

Você acha que a confiança da comissão técnica e da torcida em você foi quebrada depois da expulsão na final da Copa Sul-Americana?

Eu não tenho que dar resposta a ninguém. Felizmente, tenho uma carreira vitoriosa, joguei na Europa e disputei uma Copa do Mundo. Tenho, sim, de melhorar.

Mas entende que exagera em alguns momentos?

Estou consciente de que preciso tentar me manter mais tranquilo em certos momentos, que tenho condições de melhorar no lado disciplinar. A torcida tem carinho por mim, sou bem recebido nos lugares, ela reconhece meu esforço. É viver esse momento feliz e aproveitar que terminamos 2012 bem para que esse ano seja vitorioso.

Você disse que pensou em parar depois da expulsão. O que o fez mudar de ideia?

Tenho amigos e pessoas próximas que me deram apoio e disseram que tudo pode mudar. Neste ano, tenho a oportunidade de mostrar que posso conquistar muita coisa no futebol com essa camisa maravilhosa do São Paulo. Isso que me fez voltar atrás e ter motivação para trabalhar. Aquele foi o pior momento da minha carreira pelo fato de estar jogando no clube que eu amo, sonhando jogar uma final importante no Morumbi lotado. Sou um cara explosivo, faço por impulso e acabo me prejudicando.
Se você repetir os 31 gols de 2012, subirá de sétimo para quarto na lista dos maiores artilheiros da história do São Paulo, com 187. Se fizer mais três na Libertadores, será o primeiro ao lado do Rogério, com 11. Esses números são uma meta?

Esse não é meu grande objetivo, apesar de estar lá para fazer gols. Tenho uma média muito boa com a camisa do São Paulo, fui artilheiro em quase todos os torneios que disputei. Eu penso em ter uma média de 50%. No ano passado, não joguei tantas partidas. Não tenho mais aquela ambição de ser o maior artilheiro. Lógico que é legal, não são metas fáceis de alcançar. Mas, primeiro, quero levantar a taça.

O Mano Menezes não conseguiu encontrar um centroavante para a Seleção. Agora, é a vez de Luiz Felipe Scolari começar a procurar. Você ainda pensa em ser chamado?

Nunca fui convocado pelo Felipão na época em que ele trabalhou na Seleção Brasileira, mas ele vai dar chance para quem estiver bem. Preciso me concentrar em ter um bom ano no São Paulo.

Ganhar a Libertadores pode colocá-lo novamente na Seleção Brasileira?

Esse é o ano. Por vários motivos. Existe um debate de quem vai fazer mais gols, quem vai ser o grande nome. Temos a Copa das Confederações, que é muito legal e eu venci em 2009. O caminho para ir à Seleção é jogar bem no São Paulo. Preciso fazer um grande ano e mostrar que posso vestir aquela camisa de novo.

Qual jogador você acha que brilhará no Brasil em 2013?

Eu aposto em mim mesmo. Apesar de muita gente falar de outros atacantes, eu estou sempre aí. Ano passado, fiz 31 gols sem jogar muitas partidas. Estando bem, acredito no meu potencial e no meu faro de gol.

Mais calmo?

Esse ano vai ser diferente.

 

Fonte: Globo esporte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*