Oposição do São Paulo crê que assembleia tem ‘pegadinha’; clube rebate

A semana no São Paulo promete ser agitada. No próximo sábado, o clube vai promover uma assembleia onde os sócios vão votar “sim” ou “não” para a reforma estatutária do clube e também para ratificar as alterações realizadas no estatuto social desde 2003. E a possibilidade de dar a mesma resposta a dois pontos distintos têm incomodado a oposição tricolor.

Os opositores ouvidos pelo ESPN.com.br creem que se trata de uma “pegadinha” da situação do clube, já que todos querem a reforma do documento, mas a ratificação dos atos ocorridos nos últimos 13 anos não é unanimidade na política tricolor. Ou seja: quem votar “sim” ou “não”, votará positivamente ou negativamente para as duas coisas, sem meio termo.

Membros influentes da política do São Paulo acreditam que a diretoria resolveu promover a assembleia agora pois tem certeza da derrota na Justiça da ação movida pelo conselheiro Francisco de Assis Vasconcellos, que pede a anulação de todas as eleições presidenciais e atos administrativos do clube desde 2004.

Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal já havia negado recurso do clube no processo. O argumento de Assis é que, em 2004, várias alterações foram feitas no estatuto do clube sem uma assembleia geral, o que fere o artigo 59 do Código Civil. Ainda cabe recurso.

Para a oposição, portanto, a atual diretoria resolveu promover a votação de sábado visando “derrubar” a ação que está em Brasília, já que antes tarde do que nunca os sócios dariam o aval às mudanças ocorridas no estatuto.

Dessa forma, a briga da oposição é para que o “não” vença na assembleia apenas para evitar que os últimos 13 anos do clube sejam “legalizados”.

Os opositores, inclusive, listam 10 atos ocorridos no clube que passariam a ser “avalizados” pelos associados.

São eles: o terceiro mandato de Juvenal; comissões para o Tombense, do empresário Eduardo Uram, ligado ao escritório de um conselheiro; uso de serviço de posto de gasolina vinculado a outro conselheiro; comissão prometida a uma empresa pela contratação de Jorginho Paulista assinada por Leco; manutenção de Ataíde na diretoria, mesmo após expulsão do conselho; o caso Iago Maidana e os honorários do advogado José Roberto Cortez, ocorridos na gestão Aidar; suposta contratação de Gustavo Vieira com contrato superior ao que tinha antes no mesmo cargo; cobranças de honorários a advogado por serviços alheios prestados ao clube, como respostas à imprensa; e suposta comissão a diretor no contrato assinado com a Penalty.

Além disso, os opositores lembram que as mudanças ocorridas desde 2003 no estatuto sem a aprovação dos sócios foram no tempo de mandato dos conselheiros e presidentes dos conselhos e diretorias, de quatro para seis anos; a forma de substituição dos conselheiros eleitos por qualquer tipo de afastamento, inclusive morte, o que ajudaria a situação a controlar quem se torna membro do conselho ou não.

Ainda estão na lista a forma de eleição dos conselheiros vitalícios, o que ajudaria a negociar os cargos; a retirada de poderes do conselho consultivo, o que faz com que as decisões sejam tomadas sem consultas a, inclusive, opositores; e, claro, a alteração da quantidade de reeleições de dois para três mandatos, podendo causar a perpetuação no poder.

O desejo da oposição é que, caso o “não” vença, uma nova assembleia seja convocada para votar apenas na aprovação da reforma do estatuto, sem ratificar as mudanças ocorridas desde 2003. Eles alegam que, segundo o Código Civil, se 20% dos sócios de uma agremiação convocarem uma votação para mudança estatutária, o clube é obrigado a convocar uma nova assembleia.

Outro lado

O São Paulo foi procurado pelo ESPN.com.br para responder às alegações da oposição e se defendeu.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o clube aponta que, se fizesse uma votação separada, correria o risco de, por causa da ação que corre na Justiça, ter um estatuto novo formulado por conselheiros com um mandato sob júdice, que poderia ser questionado no Judiciário, e feito por pessoas que ocupam um cargo que não poderia estar sendo ocupado na época.

Ainda diz que o número de 600 novas carteirinhas desde a chegada de Leco à presidência é equivocado e não se aproxima da realidade, mas não conseguiu confirmar o número correto.

Sobre pontos gerais da reforma, a diretoria tricolor diz que é a primeira vez desde 1937 que convoca associados para uma assembleia. Devem ter dois sócios na comissão sistematizadora, que vão receber propostas e filtrar para passar adiante do processo, então o São Paulo enxerga isso como uma chance de democratizar a participação do associado na nova reforma do estatuto.

O clube também defende que, caso o “não” vença, será iniciado no clube um clima em que não se sabe o que vai acontecer, se contratos vão valer ou não, podendo ter até a volta do Carlos Miguel Aidar como conselheiro (foi expulso após votação neste ano).

A diretoria do São Paulo também aponta que, com a derrota na Justiça na ação movida por Assis, o clube teria a nomeação de um interventor para a presidência que ninguém saberia quem é, podendo ser até algum torcedor de time rival, entrando em uma onda de questionamentos muito grande.

Por fim, o São Paulo acredita que o presidente Leco está promovendo uma iniciativa que o Juvenal era contra, que era a assembleia para reforma estatutária, e que então o presidente não pode ser associado às coisas que ocorreram nos últimos 13 anos.

A assembleia está marcada para o próximo sábado, entre as 10h e 14h.

 

Fonte: ESPN

7 comentários em “Oposição do São Paulo crê que assembleia tem ‘pegadinha’; clube rebate

  1. Ora, ora. Qual o problema de o interventor ser torcedor de outro time? Se for indicado pela Justiça, o será na qualidade de auxiliar do juízo, por seu mérito e reputação profissional. Um profissional não pode torcer para “outro time” e, mesmo assim, desempenhar o seu papel de interventor a contento? Essa postura é “elitista” e prejudica os são paulinos, na medida em que denota que se acham melhores do que os demais; a “nata da sociedade”. Acredito que esse não seja o pensamento institucional do clube (não deveria ser, pelo menos). Os recentes (e repetidos) escândalos de corrupção demonstram que o SPFC possui em seus quadros pessoas da mesma estirpe desses que assaltaram o país. Ou seja, não são diferentes dos demais.

  2. Não e Não e Não, este é o lema para sábado.
    Apesar que esta assembleia não vale nada, o que esta no judiciário não muda, esta tentativa da diretoria é pura pegadinha.

  3. Sempre tivemos oposição atuante e isto era o diferencial, oque fez o clube ser bem administrado, uma constante vigia das ações do presidente.
    Isto mudou com o JJ que usurpou o poder e inchou o conselho com os picaretas que se mantinham no cabresto das regalias.
    O voto “NÂO” vai ser uma guilhotina da garganta de todos estes picaretas.
    E que o futuro nos reserve mais discernimento por meio dos que restarem.

  4. Ora, o Leco feriu os preceitos da moralidade ao dar vida ao Atayde logo no primeiro dia após a sua expulsão do Conselho Deliberativo. Outra coisa: está no código civil a OBRIGAÇÃO do NOVO ESTATUTO, ser aprovado pelos sócios. Assim, a jogada rasteira, é sim aprovar somente os atos nulos desde 2003. Porém. ..SIM ou NÃO, o que der, não cancelam a decisão proferida pelo Judiciário. Algum jurista vai dizer: aberração jurídica !!

  5. Por que só agora, que a m… está batendo no pescoço, que os defensores do SIM vêm recorrer aos associados?
    Na época da mudança do estatuto cuspiram na nossa cara, e na cara dura empurraram sua decisão imoral e ilegal, goela abaixo, mostrando o total desprezo que sentem por nós, os verdadeiros donos do clube.
    Montaram seu feudo na base da ilegalidade e não querem largar o osso.
    Temos que realizar uma verdadeira reintegração de posse.
    Se fossem bem intencionados, apresentariam a renúncia do presidente e conselheiros e convocariam novas eleições.
    Vamos resgatar nosso clube desse bando de ratos que o sequestrou.
    O voto é NÃO!

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