O técnico Paulo Autuori foi mero coadjuvante em sua própria apresentação no São Paulo. Embora sua aparição fosse bastante aguardada, foi quase como se ele não tivesse ido. Ofuscado pelo presidente Juvenal Juvêncio, ele pouco falou durante a entrevista coletiva. A verdadeira estrela foi o mandatário tricolor, que costuma surtir esse efeito sempre que aparace para falar com jornalistas.
Por cerca de uma hora, Juvenal centralizou quase todas as perguntas dos mais de cinquenta jornalistas na sala de imprensa no CT do clube. Mesmo quando as questões eram direcionadas apenas para Paulo Autuori, o cartola fazia questão de entrar no meio e complementar o que dizia o treinador tricolor.
Ao lado de Juvenal e Autuori, estavam também o vice-presidente de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, e o diretor de futebol, Adalberto Batista. Ambos os dirigentes permaneceram calados. Somente Adalberto, instado por Juvenal, fez dois pequenos esclarecimentos sobre a reintegração do volante Fabrício e a expulsão de Luís Fabiano contra o Bahia.
Nem mesmo os rogos da assessoria de imprensa do clube para que a entrevista tivesse fim foram atendidos pelo dirigente, que parecia empolgado. Autuori precisava ir para o campo para dar seu primeiro treino. Mas Juvenal não queria saber. “Não, vamos mais. Eles ainda não me espremeram o suficiente. Tem que colocar mais na parede”, brincou.
Mais para o fim da coletiva, Juvenal foi indagado se teria medo de não fazer um sucessor nas próximas eleições presidenciais do clube. “Eu sei por que essa pergunta. Eu sei para quem interessa falar na eleição e não vou falar. Só vou lembrar que vocês da mídia falavam do Lapolla na última eleição. E ele teve sete votos. Os outros, todos os outros foram meus. Agora, vai ser parecido”, afirmou.
Depois disso, após muita insistência do assessor de imprensa do clube, que voltou a lembrar o presidente de que Autuori precisava ir ao campo para dar treino e falar com os atletas, a entrevista acabou. Em pouco mais de uma hora, Autuori não falou mais do que 10 minutos. O resto do tempo ficou com Juvenal.
Autuori chega para substituir Ney Franco, demitido na sexta-feira após a derrota para o Corinthians no jogo de ida da Recopa Sul-Americana. O novo técnico do clube retorna à equipe tricolor, onde faturou a Libertadores e o Mundial de Clubes, em 2005.
Para o lugar de Ney Franco, o São Paulo queria um técnico experiente, com o perfil conciliador e capaz de resolver problemas de ordem tática e técnica. Outro cotado a assumir o cargo foi Muricy Ramalho, atualmente desempregado, e que tinha a preferência da torcida. Mas a diretoria optou por Autuori.
Autuori finalizou a negociação na manhã desta quinta, se apresentou aos jogadores e já comandou o treino durante a tarde no CT da Barra Funda. Ele assinou contrato até dezembro do ano que vem.
Fonte: Uol