O dia em que a terra parou. O pai levou o filho para ver Rogério Ceni, o filho chorou ao dizer adeus a seu ídolo. O corintiano odiou o Mito, mas também respeitou. O palmeirense fez reverência, o santista lembrou de Pelé. Todos os rivais tentaram tirar sarro, mas só o são-paulino sabe o que se passou. O dia em que a terra parou.

Os goleiros se renderam às defesas de Rogério, mesmo com falha no gol de Cafu, os atacantes admiraram sua batida na bola, quando quase fez gol de meio de campo em Zetti, outro mito – o tento saiu de pênalti. Lugano dele recebeu a faixa e como Deus disse que só havia o Mito para ser falado, nada de volta. Os técnicos quiserem tê-lo em seus times, Telê, lá de cima, lembrou com saudade. O dia em que a terra parou.

Os cantores dedicaram músicas, os artistas tentaram desenhar sua história. Rogério retribuiu o carinho, subiu ao palco e cantou. A massa era toda ouvidos e a canção soou saudade: “Feliz aniversário, envelheço na cidade“. Irado. Os capitães prestaram continência. O dia em que a terra parou.

A FPF e a CBF tentaram entrar na festa, mas a festa é do futebol, não de instituições falidas. O ladrão não roubou a cena, o policial prendeu a respiração. O são-paulino se aprisionou no tempo ao saudar Raí, Telê, Zetti. Amoroso, Mineiro, Josué e Richarlyson. O homem virou Mito, o Mito disse adeus. O dia em que a terra parou.

O locutor fez contagem regressiva, não houve apito final. Foi nesse 11 de dezembro histórico que o Mito parou. E chorou e pediu.

“Meu último pedido, este não foi combinado, talvez seja o mais difícil, mas um dia vai acontecer. Acabei de pedir inclusive aos meus familiares, que quado eu morrer, meu corpo seja cremado e as cinzxs jogadas no Morumbi. Que seja cremado e as cinzas do meu corpo para que eu lembre para sempre de tudo o que aconteceu aqui. Muito obrigado!”.

O dia em que a terra parou.

Fonte: Lance