A era Muricy Ramalho terminou definitivamente nesta terça-feira. O técnico esteve no CT da Barra Funda para se despedir dos funcionários, da comissão técnica e dos jogadores, fez pronunciamento para os jornalistas e concedeu entrevista à SPFC TV, canal do Tricolor no YouTube. No vídeo, o treinador disse que só resistiu até abril diante dos problemas de saúde porque estava no Morumbi, estádio que trata como segunda casa.

– Seria difícil ter a postura que tive aqui em outro lugar. Aqui é diferente, sempre foi. Aqui meu contrato não tem multa. Dificilmente seria assim em outro clube. Em outro clube nem iniciaria o ano, porque iniciei já com um problema sério. Só fiquei porque me identifico. Cheguei aqui em 1964, com nove anos, então não poderia ser diferente – ressaltou.

O problema do início do ano foi uma crise de diverticulite no fim de janeiro, quando a delegação do clube se preparava para embarcar para torneio amistoso em Manaus. Do hospital, Muricy conta que sofreu por não poder ajudar o São Paulo de longe e sabe que o sofrimento deve ficar ainda maior longe do comando do Tricolor.

– É pior ficar fora, esse ano já tive a experiência. O time em Manaus e eu de fora, no hospital. É horrível. Ainda mais técnico que jogou, e jogou aqui. No lugar você pode resolver, o técnico fica fora e já fica nervoso, não pode resolver. Agora nem isso. Serei mais um torcedor e quem sabe um dia Deus me dá a oportunidade de voltar para encerrar minha carreira – afirmou.

Muricy também aproveitou para avisar que ainda não desistiu do sonho de encerrar a carrera no clube do coração e que sentirá saudades de ouvir a torcida gritando seu nome nas arquibancadas do Morumbi. Abaixo, veja outras declarações do ex-técnico do Tricolor.

MOBILIZAÇÃO NAS REDES SOCIAIS
– Sempre acontece isso, da outra vez foi assim e eu agradeço de coração. Foi por isso que eu até trabalhei mais, era uma forma de agradecer todo carinho que eles têm comigo. Praticamente nasci nesse clube. Fiz o que dava para fazer, fui no limite mesmo, mas chega uma hora na vida que você tem que ouvir as pessoas e eu conversei muito com a minha família. Agora sou mais um torcedor.

VOLTA AO CLUBE
– Não sei, a vida dá tanta volta… Quando saí da primeira vez, era muito novo e falei para a diretoria que sairia para aprender um pouco e que voltaria logo. Saí, dirigi uns times, aprendi bastante e voltei com o tricampeonato. Não posso nunca dizer o que vai acontecer no futebol, porque é um esporte muito dinâmico. A gente não sabe. O que posso dizer é que vou cuidar da minha saúde, ficar forte e aí pode acontecer de voltar aqui. Por isso disse até breve, tenho a esperança de voltar um dia.

MELHORES MOMENTOS NO SÃO PAULO
– Os melhores momentos também foram os piores de compromisso. Quando cheguei minha situação era muito difícil. Era difícil reverter o quadro. Conseguimos sair daquela situação de rebaixamento, uma coisa que você não pode imaginar acontecer em um time deste tamanho, torcida deste tamanho. Seria um desastre, então quando ficamos fora disso foi uma alegria, quase como se tivesse ganhado um campeonato. A coisa ruim se transformou em coisa boa. Chegar todo dia na portaria e ver as pessoas, na cozinha, no campo, conta muito. Sou muito apegado a essas pessoas. Sempre tive bons momentos aqui e tenho que valorizar isso.

É, MURICY!
– Isso (grito da torcida) vai ser o que mais vai pegar. Ficou uma marca. E é difícil ver torcida fazer isso com técnico aqui no Brasil (risos). Vou sentir muita saudade.

Seria difícil ter a postura que tive aqui em outro lugar. Aqui é diferente, sempre foi. Aqui meu contrato não tem multa. Dificilmente seria assim em outro clube. Nem iniciaria o ano, porque iniciei já com um problema serio. Só fiquei porque me identifico. Cheguei aqui em 64, com nove anos, então não poderia ser diferente

Fonte: Lanced