Milton cria dois esquemas táticos e renova SP para decisão no Uruguai

Enquanto não recebe resposta do argentino Alejandro Sabella, o São Paulo começa a era pós-Muricy Ramalho sob o comando do coordenador e hoje técnico interino Milton Cruz. E começa bem. Em dois jogos, duas vitórias convincentes e com novas alternativas táticas. Nesta quarta-feira, às 22h, o clube precisa vencer o Danúbio, em Montevidéu, no Uruguai, pela Copa Libertadores, para não transformar o jogo contra o arquirrival Corinthians, na última rodada, em um épico dramático.

Muricy Ramalho fez 20 partidas pelo São Paulo em 2015. A não ser pelas partidas contra Bragantino e Ponte Preta, em que armou a equipe no 3-4-3, e contra o Corinthians, pela Copa Libertadores, com um 4-4-2 sem pontas, iniciou todas as partidas no 4-2-3-1 – neste esquema, ora com a linha de três ofensiva composta por um meia e dois jogadores de lado de campo, ora composta por um segundo atacante e dois jogadores de lado de campo. Muricy Ramalho deixou o cargo no São Paulo há pouco mais de uma semana dizendo que o time não jogou bem em 2015.

Em oito dias, tal cenário mudou. Aquele que tinha tudo para ser um dos piores momentos da temporada se transformou no mais positivo. O São Paulo não teve pela frente adversários imponentes, mas fez o que não conseguiu fazer em 2015 mesmo contra os inexpressivos: duas vitórias por 3 a 0, com esquemas diferentes do 4-2-3-1.

Milton Cruz teve dois treinos – segunda e terça-feira – depois de Muricy Ramalho anunciar sua saída para preparar uma equipe mista, sem alguns titulares, para enfrentar a Portuguesa no Morumbi. O jogo não valia nada, mas mesmo assim o time teve cara inédita: uma linha de quatro defensores, um primeiro volante à frente, dois volantes atuando de forma ofensiva, em função híbrida, dois pontas e um atacante sozinho, sem ser centroavante. Muita diferença para aquele time habitualmente com dois volantes à frente da zaga, uma linha de três e um atacante dentro na área.

O São Paulo venceu naquela quarta-feira por 3 a 0, confirmou o rebaixamento da fraca Portuguesa e mostrou intensidade que ainda não havia mostrado no ano. O esquema de Milton Cruz funcionou completamente, com destaque para as atuações de Hudson e Thiago Mendes, fazendo a função híbrida – nem meias, nem volantes. Depois de sua entrevista coletiva no Morumbi, o técnico interino parou para conversar com calma com a imprensa sobre o jogo. Questionado pela reportagem se aquele time jogara no 4-1-4-1, da moda na Europa e de tanto sucesso nos últimos tempos, Milton disse que armou um 4-3-3, mas concordou que, seja qual for o nome, as ideias são basicamente as mesmas. Pontuou que, em seu time, Jonathan Cafu e Ricardo Centurión foram mais ofensivos do que no 4-1-4-1. Só isso.

Aquela vitória contra a Portuguesa aconteceu na quarta-feira. Na segunda, dois dias antes, Muricy havia se demitido e Milton Cruz, abatido, mal havia participado do treino. Passou boa parte daquela tarde no CT da Barra Funda no telefone. Só na terça-feira fez realmente uso de sua habitual prancheta. Em um dia, criou um novo time.

Depois de mais dois dias de treino após a vitória – quinta e sexta-feira –, Milton Cruz voltou ao Morumbi para enfrentar o Red Bull Brasil pelo mesmo Paulistão. Aplicou no primeiro tempo a mesma ideia do 4-3-3, dessa vez, porém, com a estreia de Wesley e com Paulo Henrique Ganso jogando como ponta, pelo lado do campo. O time teve chances no primeiro tempo, mas não funcionou. Foi para os vestiários com vantagem porque o goleiro e capitão Rogério Ceni fez um gol de falta e impediu dois gols adversários após falhas de sua defesa.

Mas Milton tinha uma carta na manga: o São Paulo voltou do intervalo em outra formação, que viria a ser a notícia principal da noite 45 minutos mais tarde: 4-4-1-1. A linha de defesa foi mantida e a trinca de volantes deu lugar a uma linha de quatro meio-campistas, composta por Wesley na direita, Denilson e Souza no centro e Michel Bastos na esquerda. Paulo Henrique Ganso à frente deles e atrás de Alexandre Pato, ambos com total liberdade no ataque. Ganso deu o segundo gol para Pato e marcou o terceiro. Foi a melhor atuação de Ganso em 2015. Até então, ele tinha duas assistências e nenhum gol em 12 jogos na temporada.

Hoje um dos líderes do elenco e o único são-paulino na seleção brasileira, o volante Souza rasgou elogios a Milton Cruz ao conversar com jornalistas na segunda-feira, no CT da Barra Funda. Afirmou que “do Milton, a parte mais importante é que a gente conseguiu implantar no jogo aquilo que a gente treinou um dia antes”.

Nesta quarta-feira, contra o Danúbio, Milton Cruz começará a partida novamente com o trio de volantes: Rodrigo Caio, titular na função contra a Portuguesa, substituirá o suspenso Denilson. Dória, por opção técnica do interino, assume a vaga de Lucão. Na lateral direita, Paulo Miranda deve tomar o lugar de Bruno. Mas no sábado, também em conversas com os jornalistas, Milton afirmou que Hudson pode lhe dar a possibilidade, sem fazer substituição, de mudar a formação, do 4-3-3 para o 4-4-1-1, como fez contra o Red Bull Brasil.

O São Paulo tem seis pontos no Grupo 2 da Libertadores, assim como o atual campeão San Lorenzo, da Argentina. O Danúbio tem zero. Perdeu todos os jogos que disputou. Se não vencer no Uruguai nesta quarta-feira, o São Paulo pode ver a Libertadores se transformar em um drama. Na última rodada, o San Lorenzo recebe o Danúbio na Argentina enquanto o São Paulo recebe o Corinthians no Morumbi.

A diretoria do São Paulo aguardava a resposta de Alejandro Sabella para terça-feira, mas agora crê que o argentino só dará uma posição definitiva na sexta-feira sobre a oferta para suceder Muricy Ramalho.

 

Fonte: Uol

3 comentários em “Milton cria dois esquemas táticos e renova SP para decisão no Uruguai

  1. Não acho que Milton Cruz deve ser efetivado técnico nesse momento, falta ao moço mais bagagem e início num clube de menor expressão. Mas são poucos os que tem um profissional que quando chamado nos momentos de emergência consegue obter ótimos resultados.

    Estou torcendo pelo sucesso dele no jogo de hoje, pois o sucesso dele é o sucesso do meu clube.

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