O torcedor do São Paulo estava acostumado a ver Michel Bastos como um jogador decisivo durante o primeiro semestre. Como meia, ele disputou 25 jogos, fez 10 gols e deu sete assistências. Neste segundo semestre, porém, ele caiu de rendimento. Culpa da mudança de posição? É o que parece.

Mesmo assim, Juan Carlos Osorio confia muito em Michel Bastos. Tanto que o escalou de titular em 17 das 18 partidas em que esteve no comando do Tricolor até agora.

Mas o jogador tem estado distante do gol adversário. Recentemente joga de lateral-esquerdo ou volante pelo lado esquerdo. Sua condição física privilegiada lhe dá condições de fazer a função “box to box” que, segundo o colombiano, permite que ele dê combate na marcação e vá à frente quando tiver espaço.

– Alguns torcedores, acho que de brincadeira, falam que meu futebol caiu após a renovação. Outros falam que a queda começou quando fiquei doente (o atleta teve dengue em maio). Quando você está em uma posição diferente, o rendimento acaba não sendo o mesmo. Não estou mais perto da área, isso dificulta fazer gols e dar passes. Mas isso não me importa. Quero ajudar o time de qualquer forma. Contra o Flamengo fui lateral, diante do Ceará me doei ao máximo. Entendo que o torcedor quer ver o Michel de antes, mas fica difícil quando você atua mais recuado – explicou o jogador.

No pensamento do treinador, Michel tem capacidade de tomar conta de um espaço de 60, 70 metros em campo, em vez de ficar apenas no lado direito. Por isso, Carlinhos tem sido usado como atacante.

Com a mudança, os números pioraram muito. Sob comando de Osorio, o curinga marcou apenas uma vez, na goleada de 4 a 0 sobre o Vasco, em Brasília, e não deu nenhuma assistência.  Muitos torcedores começaram a questionar a postura do atleta e a dizer que ele estaria boicotando o trabalho do colombiano, o que é veementemente negado pelo jogador.

– O que me deixa triste é escutar ou pessoas perguntarem ou insinuarem que estou contrariando o treinador. Ao contrário. Tenho total liberdade de, no dia em que for colocado numa determinada posição e não gostar, falar para o treinador que não quero atuar nessa posição. Nunca fiz isso, sempre me coloquei à disposição dele e do São Paulo. Osorio tem a minha confiança, dos outros jogadores e da diretoria. Vamos deixar ele trabalhar que vai dar certo – afirmou o jogador.

Michel Bastos deixou clara a preferência por atuar como meia avançado. Mas se coloca à disposição da comissão técnica para jogar onde for preciso. “Fominha”, ele quer estar em campo.

– Todos sabem que tenho minha preferência, gosto de jogar no meio-campo, gosto de ficar perto da área, nunca escondi. Mas nunca escondi também que sou fominha, gosto de jogar. O Osorio me proporciona isso, ele me dá confiança, me faz sempre estar em campo, isso é essencial pra mim. Sempre dou o meu máximo. Talvez o rendimento hoje não seja o mesmo de antes, mas tento fazer o melhor para o São Paulo. Estou no futebol faz tempo e aceito as críticas – ressaltou.

Com a vitória por 3 a 0 sobre o Ceará, o São Paulo interrompeu uma sequência de três derrotas consecutivas. Pressionado, o técnico Juan Carlos Osorio cogitou pedir demissão, mas desistiu após reuniões com o vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro. Michel Bastos saiu em defesa do colombiano, que perdeu oito jogadores negociados desde sua chegada.

– Eu defendo o treinador. Quando ele chegou, era um elenco e depois mudou muito. Ainda acho que é um grupo de qualidade, mas é fato que perdemos bastante. Por isso que é importante a chegada de reforços de qualidade, como o Rogério (atacante do Vitória), que acabou de chegar.

Neste sábado, às 21h, o São Paulo recebe a Ponte Preta, no Morumbi, pelo Brasileirão.

Fonte: Globo Esporte