Fabuloso avisa: ‘Se eu tiver duas chances, guardo uma’

– Eu sou o artilheiro, né? Fabuloso artilheiro, não tem jeito… Aqui é gol! O gol aqui tem dono. Sou eu! – dispara Luis Fabiano, em tom bem humorado, ao ser perguntado sobre como acha que a torcida o enxerga no São Paulo.

Pouco depois, o centroavante emenda, na entrevista exclusiva concedida ao LANCE!Net antes do clássico desta noite, entre Corinthians e São Paulo, na Arena Corinthians:

– Eu imagino uma bola em condição de arrematar. Sou muito confiante. Se aparecer duas chances, uma eu posso garantir que guardo.

As duas frases sintetizam a confiança que o centroavante são-paulino chega para o Majestoso mais importante de sua carreira, segundo definição própria.

Aos 34 anos, Luis Fabiano já amadureceu o suficiente para falar com tranquilidade de si mesmo. Sabe que em boa forma, como está agora, pode ser decisivo. Todos no Morumbi esperam por isso.

Quando fala em “uma bola”, o artilheiro refere-se àquela dentro da área, na direita, rolada com condições de chegar batendo de primeira. É sua marca registrada que, ao LANCE!Net, batizou de “diagonal fatal”.

Nesta entrevista, o camisa 9 fala da expectativa para o clássico e o ano do São Paulo, explica como pretende usar a jogada fatal para furar Cássio novamente, e anuncia que não deve continuar no clube em 2016. Afinal, já até desistiu de superar Serginho Chulapa como maior artilheiro da história – são 242 gols contra 201 atualmente. Confira abaixo um Fabuloso destemido, descontraído, mas ao mesmo tempo consciente da importância do ano para sua imagem e a do clube.

Você chega para este jogo bem diferente do clássico na Arena ano passado. Aquela derrota ficou engasgada para vocês?
Eu estava bem medroso, receoso de fazer movimentos. Fisicamente ainda estava me soltando, era só treino físico e demorava para pegar o ritmo. Foi um jogo sofrido, atípico, um pênalti que não foi, uma expulsão que poderia ter sido evitada. Para mim não fica engasgado, não. Faz parte do passado, passou. Procuro esquecer, porque pensar no passado só atrapalha. Faz no próximo.

Você fez dieta nas férias, né? O que teve de deixar de comer?
Antes, quando eu jogava na Europa, procurava aproveitar mesmo as férias. Lá, as refeições são balanceadas e treinos em três períodos. Era mais fácil perder peso quando voltava. Aqui os treinos são duros, muitos, mas dão muita opção de alimento (risos). Pode comer o que quiser! Nas férias, então, muita fartura. Panettone, chocolate e quando você vê, já descontrolou. Em um mês você ganha peso. Esse ano me controlei, comi refeições de uma maneira legal. Já tinha feito antes, mas era difícil. Dessa vez, como ano passado terminei muito bem, fiz uma preparação boa após a lesão e por isso demorei a voltar. Deu certo e me ajudou a manter fisicamente bem.

Pode haver 11 Majestosos só neste ano. Isso é bom ou ruim?
Bom se a gente ganhar uns oito. Aí é bom! A gente não escolhe muito o jogo. Clássico é gostoso jogar, ainda mais quando você está com confiança, jogando bem. É indiferente a quantidade, o importante é estar bem. Se forem 11, a gente joga com confiança. Tem os dois lados da moeda: se ganharmos uns oito, mais da metade, aí tudo bem.

Esse é o mais importante dos que você disputou?
É o mais importante. Por nunca ter tido um jogo assim, por ser Corinthians e São Paulo na Libertadores.

Chega ao jogo como imaginou? E o time, como chega?
Chego. O time é muito cedo, jogadores novos, não sei como seria com mais tempo, entrosamento. Não sei se estaria melhor do que hoje, mas já estamos preparados.

Qual foi o sentimento quando surgiu a chance do Majestoso?
Por se tratar de um clássico, o jogador fica mais motivado. Mas é só mais um jogo, a vida continua depois. Realmente é uma motivação forte. Um clássico na Libertadores é motivante.

Você está muito próximo de superar Ceni como o maior artilheiro do clube na Libertadores. Vai conseguir?
Coisa natural, né? Pelo amor de Deus! Tem que ser! Falei: “Rogério, legal, mas gol é para atacante, fera! Tá certo, tem que ser eu (risos)”. Ele mesmo fala que eu tenho que passar. Vou passar, com certeza, são só dois gols, 12 a dez. Deixa uns recordes pra gente, preciso bater alguns…

Como o do Serginho, de maior artilheiro da história?
Esse é difícil. Não dá. Em um ano não dá. A ilusão é chegar em segundo esse ano e ainda assim é difícil. Quando fiz 46 gols, eu tinha 22 anos e joguei uns 90 jogos naquele ano, 2003. Fui artilheiro do Brasileiro, do Paulista, Copa dos Campeões. Um ano é pouco para isso. Não dá. Se fossem dois, eu garantia que ia chegar. Garantia! Mas, 40 gols, não dá.

Nunca o vimos tão pessimista quanto a isso. O que ainda te segura no São Paulo?
O contrato, a minha vontade, o prazer de jogar aqui… Sempre tive o objetivo e o desejo de contar com um grande ano no clube. Esse é o ano ideal. Antes sempre faltava alguma coisa. Nunca tentei sair, mas já tive grandes propostas. Não quis sair pela porta de trás. Se quisesse mesmo, aí… Mas seria brigando, forçando, fazendo coisas que não estou acostumado a fazer. Não tinha razão para jogar o relacionamento bom com o clube para o alto e sair fora. Espero, caso não renove, sair livre, cumprindo os anos escritos e pela porta da frente.

O que pode prometer aos torcedores?
A gente não pode prometer. Se eu jogasse tênis, sozinho, me garantia. O que posso prometer é que vamos fazer de tudo para conquistar alguma coisa. Esse é o ano que a gente tem a possibilidade de lutar por alguma coisa. Prometo empenho, muita luta. Ganhar não é só ter time bom, tem que ter outras coisas fora, tem que encaixar, ter planejamento e sorte. Luta não faltará.

Como acha que é conhecido entre os torcedores?
A minha história já está praticamente feita com esta camisa. Falta a cereja do bolo, um Brasileiro, uma Libertadores, uma Copa do Brasil. Eu sou o artilheiro, né? Fabuloso artilheiro, não tem jeito… Aqui é gol! O gol aqui tem dono, sou eu!

Sua diagonal foi elogiada pelo Muricy recentemente é a marca registrada entre os torcedores. Como define esse lance? Dá para fazer mais uma no clássico?
Dos 201 gols aqui, pode crer que uns 100 foram desse jeito. Diagonal direta. Eu saio e já procuro ter uma noção de onde o gol está. A bola vem e você bate cruzado, já era. Ela vai quicando no gramado e o goleiro acha que vai dar, mas…(risos) Não dá tempo para pensar. Eu torço muito para aparecer uma oportunidade em que eu tenha um segundo para pensar, ajeitar o corpo e ter a visão do gol. Não só bola prensada, cruzamento para brigar. Eu imagino uma bola em condição de arrematar. Sou muito confiante. Se aparecer duas chances, uma eu posso garantir que guardo. É a diagonal fatal ou fabulosa (risos).

Fonte: Lance

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