Vice-presidente social e de esportes amadores no São Paulo até outubro de 2015, Antônio Donizeti Gonçalves, conselheiro e opositor de Leco conhecido como Dedé, acusa o atual vice de comunicação e marketing, o advogado José Francisco Manssur, de ter entregue informações pessoais dele para a torcida Independente e afirmou que vai fazer um boletim de ocorrência, procurar o Ministério Público e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Manssur, por sua vez, se diz inocente, nega ter feito qualquer coisa, colocou seu celular à disposição para esclarecer os fatos e prometeu ir à Justiça.
Donizeti conversou com a reportagem e apontou ter ficado assustado com a história.
“Eu estava em casa e comecei a receber [mensagens de] Whatsapp de alguns conselheiros, de alguns associados do São Paulo Futebol Clube, mencionando que o Manssur tinha colocado que eu não torcia para o São Paulo e que era para a torcida Independente me pegar, dar um jeito em mim”, disse o conselheiro ao ESPN.com.br.
“Minha esposa teve acesso à minha rede social e viu, minha filha de 11 anos viu também e ficaram apavoradas. A gente sabe como é a violência hoje em dia. A gente ficou apavorado. Minha esposa não queria mais ir para o consultório. Minha filha não queria ir mais para escola. Foi um tumulto na minha casa. Qualquer um que eu encontrava na rua e me olhava diferente eu já achava que podia ser um torcedor, alguém que fosse atentar contra mim”, completou o conselheiro.
Segundo ele relatou, tudo começou com um tweet publicado na página da torcida organizada no último dia 31 de agosto, com a seguinte mensagem: ‘Mansur [com erro de digitação] vice SPFC passou endereço do conselheiro Dedé que alega ser santista para irmos na casa dele. Registramos em cartório. Amanhã na imprensa”.
A mensagem já não encontra-se mais disponível para acesso, o que indica que foi apagada. Questionado pela reportagem do motivo que o leva a acreditar que Manssur seja responsavél por divulgar o endereço dele, como constava na mensagem, Gonçalves disse o seguinte:
“Graças a Deus tenho muitos amigos. Um dele é o Edgard (Galvão), que é advogado e faz esse serviço para a Independente. Disse a ele o que estava acontecendo. Ele sabe que não tem nem pé nem cabeça. É algo totalmente político. Edgard falou: ‘Vou arrumar uma conversa com os líderes da torcida’. Fomos em três, quatro pessoas encontrar eles. Antes de eu começar a falar, um deles disse: ‘Você que é o Dedé? Antes de iniciar a nossa conversa, quero que você sabia o seguinte: quando eu recebi isso daqui – e me mostrou no celular dele a conversa com essa pessoa, que eu me nego a falar o nome porque ele não é digo, mas é o vice-presidente de marketing do Sâo Paulo -, nós fomos investigar’.”
“Depois ele me disse assim: ‘Nós somos todos loucos, mas não somos bobos. Primeiro fomos onde você mora, lá no Butantã, e levantamos toda a sua ficha. Sabemos que você mora lá há quase 58 anos’. Depois ele falou onde eu morava, onde era o meu consultório. O bairro onde eu cresci. E disse para mim: ‘Não temos nada contra você. Você é bem-vindo na Independente. Estou aqui para falar que não temos nada contra você'”, completou.
Donizeti registrou toda a história em papel e prometeu entregar ao presidente do conselho deliberativo do São Paulo, Marcelo Puppo Barboza. No documento, que está assinado por ele, o ex-dirigente reafirma tudo o que foi dito ao ESPN.com.br.
Gonçalves ainda disse que pretende cobrar Manssur na esfera penal.
“Vou fazer um boletim de ocorrência. Vou entrar no Ministério Púnlico porque ele está incitando a violência”, disse. Questionado contra quem, ele afirmou: “Contra o vice do São Paulo. Já falei o nome dele e não vou me referir de novo. Fiquei indignado. Frequento o conselho há quase 20 anos. Sou vitalício. E nunca se baixou tanto o nível das discussões. Isso está assim há uns 8 anos. A covardia desse ato, dessa denúncia, não pode ficar impune. Até o Capez deve tomar as providências. Ele está incitando a violência da torcida. Quem sabe, quem sabe não foi ele, não posso falar também, mas pode ter tido algum,a coisa com essa a invasão ao CT. Não sei. Vou denunciar ele à OAB e ao Castillo”, completou.
Por fim, questionado se tinha certeza que foi Manssur e qual o motivo desse ato, Gonçalves disse: “Não sei porque ele fez isso sem ter fundamento. Será que é porque sou um dos coordenadores da oposição? E só estou cobrando a verdade, que dói.”
OUTRO LADO
Procurado para se manifestar sobre as acusações, Manssur respondeu à reportagem e disse desconhecer o fato. Também admitiu buscar a Justiça para que tudo seja esclarecido e lembrou que também é perseguido por membros das organizadas.
“Antes de qualquer coisa, a acusação de que dei o endereço da casa do conselheiro é mentirosa e desde já coloco meu aparelho telefônico à disposição para ser periciado, mas exijo que o aparelho para o qual eu supostamente encaminhei essa mensagem passe pelo mesmo processo. Quero crer que o conselheiro Dedé foi influenciado a me acusar, apesar de não ter nenhum fato que corrobore o que ele está dizendo. Caso contrário estaremos diante de mais uma mentira patrocinada pela oposição com o objetivo de ter ganhos políticos, mesmo que isso mais uma vez sacrifique a tranquilidade interna.
Apesar das nossas diferenças políticas, que passam principalmente pelo seu ferrenho apoio ao ex-presidente Carlos Miguel Aidar, eu me solidarizo com o conselheiro Dedé se em algum momento ele de fato foi ameaçado. Sei bem o que é isso; esta é uma realidade com a qual eu e minha família convivemos desde 2013, quando nem membro do Conselho era. Não precisamos ir longe; quem tem o rosto colocado praticamente diariamente nas redes sociais da organizada e vê seu nome atacado sou eu. Seria no mínimo estranho que eu mantivesse uma relação desse tipo com quem passa o dia me atacando nas redes sociais.
Para garantir que esse caso não fique impune, também procurarei a Justiça e juntos vamos descobrir quem são as pessoas que atribuem a mim este tipo de mentira”.
A assessoria de imprensa do clube do Morumbi ainda mandou imagens de tweets que mostram críticas da Independente a Manssur e a outros membros da diretoria tricolor.
Fonte: ESPN