Depois de um início complicado no São Paulo, com poucos jogos por causa de lesões e lidando desconfiança de técnicos e torcida, o meia Gansovive a melhor fase de sua carreira, pelo menos no que se refere a sequência de jogos. No Santos, de 2008 a 2012, Ganso conquistou vários títulos (três Paulistas, uma Copa do Brasil, uma Libertadores e uma Recopa Sul-Americana) chegou até à Seleção, mas sempre foi atrapalhado por problemas físicos e nunca conseguiu ter uma temporada plena. Em 2014, isso está mudando. Se os títulos pelo Tricolor ainda não vieram, o camisa 10 ao menos pode comemorar um fato significativo: nunca disputou tantas partidas em sequência.
Em 2014, são 40 dos 43 que a equipe fez na temporada. Foram apenas três ausências. Duas por lesão (diante do Botafogo-SP, pelo Paulista, e contra o Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro), além de ter sido poupado contra o Criciúma, no último dia 28, pela Copa Sul-Americana. Isso significa uma inédita presença em 93% das apresentações de sua equipe.
Desde que se tornou titular do Santos, no início de 2010, o máximo que Ganso atingiu foram os 79% dos jogos no ano passado, já pelo Tricolor. Seus números nas duas temporadas completas que teve na Vila Belmiro são baixos: 55% na primeira e 48% na seguinte. Em 2012, transferiu-se para o São Paulo em setembro e, somadas suas participações nas partidas dos dois clubes naquele ano, apareceu em apenas 52% dos confrontos – os dados não consideram suas poucas convocações para a seleção brasileira.
Os problemas físicos têm sido os principais adversários do meia. Ganso já operou os dois joelhos e conviveu com seguidas lesões musculares. Em meio à polêmica que marcou sua despedida do Santos, viu o ex-presidente santista Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro dizer em entrevista que sua situação era “incurável”, declaração depois desmentida pelo então mandatário santista. Chegou machucado ao São Paulo, o que atrasou sua estreia em quase dois meses depois da assinatura do contrato.
Quando começou a jogar, sentiu a falta de ritmo e demorou a convencer seus técnicos no Tricolor. Muitas vezes, amargou a reserva. A atual assiduidade em campo tem dado resultados: já coleciona 12 assistências e cinco gols, igualando a marca do ano passado.
– É a minha melhor fase porque eu estou ajudando a levantar o São Paulo para o título brasileiro. Estou mantendo uma boa média de jogos e não tive mais nenhuma contusão, além de manter o bom futebol que todo mundo quer ver – disse Ganso em participação recente no programa “Arena SporTV”.
– Hoje eu estou me sentindo muito bem fisicamente. Ganhei mobilidade para driblar, fazer um giro e dar uma arrancada – disse.
O preparador físico do São Paulo, Zé Mário Campeiz, que também trabalhou com o meia quando Muricy Ramalho dirigiu o Santos, aponta os motivos do bom desempenho do jogador.
– Ele tem cumprido as determinações da preparação física quanto aos exercícios de prevenção e fortalecimento muscular. Além disso, faz todos os procedimentos de recuperação após os jogos, dieta e suplementação alimentar – afirmou.
Muricy Ramalho está tão satisfeito com o desempenho de Ganso que, quando o meia pediu um descanso na partida contra o Criciúma, foi prontamente atendido. Isso porque o treinador tem os números e sabe que o meio-campista é um dos que mais trabalha atualmente.
Outro fator que ajudou muito no crescimento de Paulo Henrique Ganso foi a chegada de Kaká. Além de dividir a responsabilidade na armação, o meio-campista teve mais liberdade em campo e fez sua qualidade fazer a diferença.
– A presença do Kaká ajuda não só a mim, mas a toda a equipe. Acho que o momento é bom porque o time se encontrou coletivamente e taticamente. Tanto que a defesa melhorou de rendimento porque hoje todos ajudam – ressaltou.
As recentes atuações têm rendido elogios também de colegas. Após o clássico contra o Santos, em que Ganso brilhou, com um gol e assistência na vitória por 2 a 1, o capitão Rogério Ceni disse que o companheiro é “genial”. Já o volante Denilson prevê sua presença nas próximas listas de Dunga.
– O Ganso logo estará de volta à Seleção.
O camisa 10, no entanto, segue com os pés no chão.
– Uma convocação, quando vier, será bem-vinda. Mas tenho de fazer o meu papel no São Paulo – concluiu.
Fonte: Globo Esporte