Se a fase do São Paulo não é das melhores, a de Paulo Henrique Ganso é ainda mais complicada, já que o meia há muito tempo não mostra o futebol que o fez ser forte candidato à camisa 10 da seleção brasileira, que hoje veste o amigo e compadre Neymar. O comentarista e ex-jogador Caio Ribeiro e o técnico Muricy Ramalho tentam alertar Ganso sobre sua função em campo, e destacam que o jogador precisa evoluir em outros quesitos além do passe.

– Não adianta a gente falar, a torcida, seja quem for, se o jogador não estiver a fim de mudar. O Ganso precisa dar uma chacoalhada, é muito bom jogador, e ele sabe que pode render mais do que está rendendo. Ele não pode se contentar, pelo dinheiro que foi investido nele e pelo que a gente sabe que ele pode produzir, em ficar só tocando a bola. Ele tem que decidir jogo, tem que dar assistência, tem que fazer gol – alerta Caio Ribeiro no “Bem, Amigos!”, para em seguida também destacar a necessidade da melhora coletiva do São Paulo.

– O Santos do Dorival Jr. naquela época em que o Ganso surgiu era um time de uma dinâmica absurda. Quando a bola caía no pé do Ganso, ele tinha o Robinho de um lado, o Neymar do outro, e o Wesley ou o Arouca passando. O Santos do Muricy já era um time com características diferentes, mas era um time postado, ajeitado, e o jogador tem que saber o que fazer dentro de campo. O São Paulo é um time desorganizado, e hoje toma gol pelas costas dos laterais, pelo meio da área, de bola aérea e os volantes não conseguem fazer a cobertura. Se o jogador não tiver posicionado, pode ser o Neymar, não joga.

Muricy Ramalho lembra a convivência com Ganso e as conversas e cobranças ao jogador quando estiveram juntos no Santos. Para o técnico, o meia tricolor precisa aprender a entrar na área pela função que exerce.

– Conversava muito com ele que o número 10 e o número 8 hoje têm que entrar na área, não tem mais como jogar nessa posição que ele estava, vindo buscar a bola nos volantes. Hoje quem começa o jogo de futebol são os volantes, eles que armam os times. Se você pegar o São Paulo, tem o Osvaldo aberto e dentro da área só o Luís Fabiano, e dois meias por trás, o Jadson e o Ganso. Se não entrar na área, o Luís Fabiano “morre de fome”. Brigava muito com o Ganso porque ele não gosta de entrar na área, nem de fazer gol ele gosta, ele gosta de passar.

O treinador ainda lembra que o São Paulo joga de uma forma diferente do Santos, mais agressivo. Muricy ainda concorda com Caio Ribeiro e acredita que Ganso precisa ir além do que faz hoje.

– Ele precisa sentir que só o que ele está fazendo, dar o passe no meio-campo, não dá. A intensidade tem que ser um pouco maior. Ele tem que entender que tem que melhorar nesse sentido. Ontem até fez um bom primeiro tempo no passe, que é o forte dele, só que o São Paulo é um time um pouco mais inquieto, mais agressivo. O Santos aceitava um pouco mais isso, é um time mais tocador, é uma escola mais diferente. Mas ele não toca e passa, ele toca e quer ela de novo, porque quer jogar. É aí que vai melhorar muito o futebol dele.

Fonte: Globo Esporte