Briga política atrapalha busca por patrocínio, diz dirigente do São Paulo

Os departamentos de comunicação e marketing do São Paulo respondem ao mesmo superior: Julio Casares, vice-presidente das duas pastas. A integração entre os dois setores, portanto, deveria ser algo natural, mas não foi esse o cenário encontrado por Douglas Schwartzmann em abril de 2014.

Schwartzmann foi nomeado por Carlos Miguel Aidar diretor de comunicação, posto que pertencia a Dorival Decosseau, pai do ex-jogador Caio Ribeiro. De lá para cá, o dirigente demitiu funcionários e assegura ter conseguido mudar a filosofia de trabalho do clube.

No novo espírito dos comunicadores do Tricolor, a ordem é trabalhar alinhado com os profissionais do marketing no Morumbi e fazer com o São Paulo seja notícia e produto ao mesmo tempo. Na visão do dirigente, que vive no clube desde os dois anos de idade, a antiga gestão do departamento preferia brigar com a notícia a trabalhar com ela.

Mas o caminho para implantar os princípios e métodos que aprendeu no comando da CLB Representações, empresa da qual é sócio-gerente, Douglas Schwartzmann precisa encarar a maior crise política da história do Tricolor. Enquanto Aidar vive em rota de colisão com o antecessor Juvenal Juvêncio, Schartzmann sua para que a imagem são-paulina não sofra impactos no mercado publicitário e que novos acordos possam salvar os comprometidos cofres do Morumbi.

Filho de um conselheiro vitalício do São Paulo e fabricante de pianos, Douglas reconhece o jeito turrão e muitas vezes ríspido, mas não abre mão do “chicote” com o qual diz conduzir o departamento de comunicação. Principalmente quando o assunto envolve as redes sociais tricolores e a revista SPFC Inside.

Confira entrevista exclusiva com Douglas Schwartzmann:

Qual o balanço que o senhor faz dos nove meses de gestão?
Dificuldades tivemos poucas. A equipe anterior era boa, mas era mal organizada. Eles não davam importância para as mídias digitais, não tratavam como algo comercial. Era só para controle de informação, notícia de futebol… Eram preocupados com a relação com o jornalista apenas. Fizemos uma mudança na filosofia e no pessoal também, mas a filosofia foi a principal mudança mesmo.

E qual é essa nova filosofia?
O departamento de comunicação tem que estar integrado ao departamento de marketing sempre. A notícia tem que ser a matéria-prima, não o produto final. Não queremos criar notícia. Ninguém aqui entendia a comunicação como parte do marketing e como fonte de renda. A partir do momento em que implantei isso, o primeiro foco foi mostrar a modernidade das mídias digitais. Entramos forte no Facebook, Instagram e a SPFC TV, nosso canal no YouTube que estava meio de lado, largado e agora teve um milhão de visualizações no último mês. Usamos essas ferramentas para construir um caminho bem legal até o torcedor.

De onde o senhor tirou esses métodos? Foi inspiração em alguma outra equipe?
Eu sou empresário e atuo na área comercial, com moda. Tenho muito envolvimento com marcas internacionais e grandes. E, nesse ramo, o mundo virtual é violento. Todas as marcas importantes usam isso, pois querem chegar direto ao consumidor pelas redes. Aqui nós temos 18 milhões de torcedores, e hoje em dia quase todo mundo tem computador, smartphone… E se não tem, tem o hábito de ir às lan houses. A torcida do São Paulo é conhecida por estar em uma classe econômica maior, então poderíamos ter mais intimidade dessa forma. Podemos criar uma nova receita se explorarmos mais isso.

O que mais pode ser feito para que seu departamento melhore?
É claro e evidente que tudo ainda pode melhorar no nosso trabalho, mas também é fato que estamos andando a passos bem largos. A gente saiu do mês de maio com cerca de quatro milhões de seguidores no Facebook. Agora estamos com mais de seis milhões, sendo que o engajamento na página, que é o mais importante, é de mais de dois milhões. Nosso Instagram foi de 100 mil para 300 mil, a soma de Corinthians e Flamengo, que são o segundo e o terceiro no ranking de fãs. Quero atingir o maior número de torcedores nas redes.

Como chegar mais perto deles?
Isso vai melhorar muito com a rede de wifi no Morumbi. Esse é um desafio que assumi em outubro e já estou conseguindo concretizar. A Linktel, maior operadora de wifi do Brasil, está instalando já. Com isso, a interação vai ser muito maior do que é hoje. Dá para melhorar muito.

Relacionamento entre Aidar (à direita) e Cinira Maturana (à esquerda) causou turbulência no São Paulo

Quais são os outros planos para as redes sociais? Haverá novidades para 2015?
A SPFC TV passou a ter uma grade, que vai ser bem ajustada. O cara vai saber o dia e a hora de cada quadro, como um canal em que você sabe a hora do jornal, da novela. A gente espera ter um equipamento para transmissões ao vivo, mostrando os bastidores dos jogos ao vivo mesmo. Vê aquecimento, vê a coletiva depois… A coletiva estará na Globo, na ESPN, na Fox Sports e no nosso canal do YouTube. A ideia realmente é turbinar todos os canais. Nas redes, vamos ampliar em cima de estratégias montadas conforme a situação do time. Depende muito do desempenho do São Paulo durante o ano. E acho que será bom, com Libertadores e um time interessante. Quero dobrar todos os números nas redes sociais.

Qual a importância de ter esses canais potencializados?
O cara que mora em Brasília, que mora no Japão, tem carência de notícia, carência do São Paulo. Percebemos muito isso quando fomos jogar em Cuiabá, no Mato Grosso, contra o Santos. Víamos que a torcida sentia falta do clube. O cara quer informação e ela tem que vir do Facebook, do Instagram e do site do clube. O maior projeto para 2015 é potencializar a revista SPFC Inside, que é um sucesso, e avançar nas redes.

Vai cobrar muito de seus funcionários para alcançar os números que você pretende?
Tem que manter a qualidade, o foco… Só assim vamos atingir 60%, 70% dos torcedores do clube. Temos que chegar mais perto de cobrir todos os 18 milhões de são-paulinos. Quero que dobre os números no Facebook. E se não dobrar é no chicote (risos). Sei que é difícil chegar a 12 milhões de seguidores em um ano, mas vou cobrar mesmo. Nosso site também vai ser melhorado. E já estamos buscando um parceiro para isso. Ele é legal, mas é estático. Os sites hoje têm imagens cheias, interatividade grande…

Em 2014 você teve a ajuda do Kaká para turbinar as redes. Como fazer sem ele?
Kaká é como um ícone das mídias digitais. É uma figura com números astronômicos e que nos ajudou muito, mas acredito que Rogério Ceni, Alan Kardec, Souza, Ganso, Pato e o próprio Muricy também ajudam bastante.

Se o time ajuda, quanto a diretoria atrapalha com as brincadeiras do presidente Aidar com os rivais?
As brincadeiras dele no início do mandato nunca atrapalharam. Até provocaram um pouco de mobilização nas mídias, interação da torcida.

E os problemas políticos entre ele e o Juvenal Juvêncio?
Essa discussão política, até meio pessoal, só atrapalha. Ninguém quer associar a marca a um clube com o nível de briga que está aqui. A oposição está se manifestando de forma, como posso dizer… Como se tivéssemos tirado a comida deles! Uma coisinha deste tamanho… E eles transformam em algo gigante. Isso atrapalha mais o marketing.

Já atrapalhou de forma direta?
Você senta com uma montadora, um banco e as notícias não são positivas. A vantagem é que a imagem do São Paulo não se abala. Somos muito grandes, mas a briga não agrega nada, mesmo com a imagem consolidada.

Fonte: Lance

Um comentário em “Briga política atrapalha busca por patrocínio, diz dirigente do São Paulo

  1. Blá, Blá, Blá.
    Acho que um diretor de Comunicações deveria ser da área, ter um diploma de jornalismo ou alguém com experiência no assunto e não dono de confecção de roupas, que diz que trabalha com moda, só se for moda do camelódromo do Brás, isso é piada.

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