Apatia no vestiário de Itaquera mostrou a Raí que era hora de mudança

– A mensagem e o recado não estavam sendo absorvidos pelo grupo da mesma forma que em outros momentos.

A frase acima foi dita por Raí em entrevista coletiva nesta segunda-feira, quando elencou as razões de ter optado pela saída do técnico Diego Aguirre. No futebol, diz-se isso quando treinador e elenco já não falam a mesma língua ou que perdeu o vestiário. O diretor-executivo do São Paulo vinha alimentando essa impressão há um tempo, diante de maus resultados e atuações ruins, mas perdeu efeito de impressão e passou a convicção minutos antes do clássico contra o Corinthians no último sábado na Arena em Itaquera.

Durante o aquecimento do time, no vestiário pouco antes de os jogadores entrarem em campo, Raí observou a energia de um momento tido como determinante no futebol. Saiu desanimado, descrente na vitória, sentindo o grupo sem a mesma gana de antes e com a certeza de que a mudança era necessária para o time voltar a mostrar força. A péssima atuação, na avaliação interna, apenas confirmou o que o dirigente tinha em mente. Não à toa, depois da partida, criticou duramente a jornada tricolor no 1 a 1, quando atuou por todo o segundo tempo com um homem a mais e ainda foi favorecido por erros de arbitragem.

Foi com essa observação e munido desse sentimento que Raí chamou para si, e teve apoio do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, a responsabilidade de troca do comando, que havia conseguido apenas uma vitória nos últimos nove jogos. Falou alto seu feeling de ex-jogador, acostumado a exercer liderança no vestiário. Externou isso na entrevista, quando fez questão de lembrar sua trajetória vencedora no São Paulo. O ídolo evocou o período que antecedeu a chegada de Telê Santana para falar sobre a dificuldade de encontrar a liga entre treinador e grupo.

– Entendo a surpresa de vocês (jornalistas), é que o ponto de vista de vocês é diferente de quem está aqui dentro. Impossível saber tudo, mas é questão de ponto de vista. Existem circunstâncias. Obviamente, você busca o ideal, trabalho de continuidade, e isso é permanente. Eu aproveito para trazer aqui minha bagagem de atleta, líder, capitão, ídolo bem sucedido aqui dentro, que carrega um conhecimento de vivência. Não digo que o que estamos fazendo é louvável, entendo, mas cito que antes da chegada do Telê Santana, tivemos Forlán (Pablo, ex-treinador uruguaio), Carlos Alberto Silva e encaixou um que a filosofia foi se identificando cada vez mais com o grupo, com a instituição e isso foi fazendo fortalecer. Toda decisão tem seu risco e acrescento, que a responsabilidade é de todos, mas eu que encabecei essa decisão – explicou o dirigente.

Foi o segundo treinador que Raí demitiu desde que assumiu a direção de futebol do São Paulo no fim do ano passado. Em março, após a terceira derrota em clássico no ano, Dorival Júnior deixou o cargo com 40 jogos, 17 vitórias, dez empates e 13 derrotas. Já Aguirre, que também saiu após um clássico, fez 43 jogos, com 19 vitórias, 15 empates e nove derrotas.

A próxima aposta é o auxiliar André Jardine, que fica pelo menos até o fim desta temporada. Raí não descarta efetivá-lo. E a relação no vestiário fará diferença.

 

Fonte: Lance

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