Alvaro Pereira não se lembra do gol de Kardec, mas diz: “Vou fazer de novo”

Existe um vazio na memória de Alvaro Pereira entre a bola que roubou na linha lateral e a festa dos 46 mil são-paulinos presentes no Morumbi no último sábado. Sumiram o belo passe de Ganso e o gol de Alan Kardec. Não fosse pelos abraços dos companheiros e pelos gritos vindos das arquibancadas, era como se o Criciúma tivesse vencido por 1 a 0.

O lateral-esquerdo que desmaiou por alguns segundos ao bater a cabeça no gramado depois de uma disputa pelo alto de Bruno Lopes não se recorda de alguns momentos que sucederam aquele susto. Como fez pelo Uruguai na Copa do Mundo, contrariou os médicos, exigiu o retorno ao gramado e foi determinante para o São Paulo abrir o placar. Faltou a vitória.

– Sinceramente, não lembro que foi naquela jogada que bati a cabeça. Pensei que fosse em outra. Lembro que dei um carrinho e que abracei o Kardec. Depois, veio o gol do Criciúma. Aconteceu tudo muito rápido. Pensava que faltava mais tempo para acabar o jogo – contou.

Alvaro Pereira recebeu o GloboEsporte.com  e o SporTV em sua casa nesta segunda-feira para rever o lance. Com a ajuda de um tablet, viu que ao acordar já avisava ao médico Auro Rayel que não seria substituído e sequer aceitou ser avaliado por ele na beirada do gramado.

– Eu achava que tinha saído de campo em uma maca normal e não no carrinho. Não sabia que fiz isso (gestos de não sair). Lembro só que pedi para entrar rápido. Queria ajudar o time, estava com o corpo quente. Eu estava um pouco tonto, mas queria continuar. Pena que perdemos dois pontos em casa – lamentou.

Alvaro Pereira, lateral-esquerdo do São Paulo (Foto: Carlos Augusto Ferrari)Alvaro Pereira revê o que aconteceu no jogo entre São Paulo e Criciúma, no sábado (Foto: Carlos Augusto Ferrari)

Depois de ser ovacionado pela torcida, o uruguaio passou mal nos vestiários e acabou levado a um hospital para fazer exames. Acabou passando a noite por lá, mas os testes realizados não detectaram nenhum problema na cabeça. Longe do estádio, sem a adrenalina da partida, Alvaro se desculpou com os médicos do Tricolor.

– Eles me conhecem, sabem que eu não tiro o pé. Não estou dizendo que estou certo ou errado, mas não posso passar por cima dos profissionais. Pedi desculpas.

A cabeça fria fez o uruguaio imaginar o susto que deu na esposa, presente com os dois filhos em um dos camarotes do Morumbi. Por causa da grande movimentação do local, ela não viu o lance e só foi comunicada quando ele já se dirigia para o hospital.

– Coitada da minha esposa – brincou.

Há pouco mais de um mês, o lateral-esquerdo viveu uma situação semelhante ao receber no rosto uma joelhada sem intenção do inglês Sterling, durante a fase de grupos da Copa do Mundo. Ao perceber que o médico da seleção uruguaia fazia gestos para substituí-lo, o jogador se revoltou e disse que continuaria em campo. Ficou e ajudou a Celeste vencer.

– Não penso no futuro. Penso no agora. Muitos dizem que vou ter sequelas, mas, no futebol, você não vence se não luta. Para mim, seria fácil sair e pronto. Mas me acharia culpado. Sentia que poderia continuar. Podem acontecer coisas com você dentro ou fora de campo. Sou consciente de que tenho família e filhos, mas estou trabalhando para dar o meu melhor. Vivo disso – defendeu-se.

Para voltar ao gramado, Alvaro Pereira contou com o incentivo dos mais de 40 mil tricolores presentes no Morumbi. Assim que se levantou da maca, recebeu aplausos e gritos de apoio. Isso se multiplicou quatro minutos depois, quando roubou a bola na defesa, disparou para o ataque e abriu caminho para o gol.

– Muita coisa me emociona, como chegar ao Morumbi lotado, ver a torcida esperando o ônibus. Essas coisas são inesquecíveis, não tem dinheiro que pague. Agradeço pelo carinho que recebo dos torcedores desde que aqui cheguei – disse.

Alvaro Pereira já mostrou que não será fácil tirá-lo de campo por lesão. Com o São Paulo precisando vencer para quebrar a série negativa de três rodadas e ainda sonhar com o título brasileiro, o jogador avisa:

– Se voltar a acontecer, vou fazer de novo – prometeu.

E que ninguém duvide.

Fonte: Gobo Esporte

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