Aidar, o polêmico: presidente acumula inimigos dentro e fora do São Paulo

Carlos Miguel Aidar está perto de completar cinco meses na presidência do São Paulo. Parece pouco perto da quantidade de polêmicas que ele já se envolveu nesse período. Se no começo o alvo eram os rivais – Corinthians e Palmeiras entraram em rota de colisão com o são-paulino -, o foco da vez é o ex-aliado Juvenal Juvêncio. Os dois têm trocado farpas publicamente. Dentro de campo, o time montado por Aidar faz bonito, mas, fora das quatro linhas, o clima é de turbulência.

Discutir com Aidar não foi “privilégio” apenas de Corinthians e Palmeiras. O presidente tricolor andou criticando o Cruzeiro (rival em jogo marcado para domingo, no Morumbi), dizendo que o clube mineiro “compra e atrasa pagamentos”. Houve até briga internacional – ele causou ira nos dirigentes do italiano Napoli. Só que a crise agora é interna. O presidente do Tricolor resolveu bater de frente com Juvenal Juvêncio, aliado na época das eleições e agora diretor da base.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o atual presidente classificou a administração anterior como ultrapassada e disse ter herdado o clube em situação muito pior que o imaginado. Revelou que as dívidas são altíssimas e que vai demorar pelo menos mais um ano e meio para tentar colocar a casa em ordem. Era como se, após tocar um sino, numa luta de boxe, ele tivesse ido para cima de Juvenal para nocautear aquele que agora havia virado seu adversário.

Na verdade, Aidar e Juvenal se estranham há tempos. Quando resolveu fazer cortes em todos os departamentos para diminuir os gastos, a primeira a ser demitida foi a diretora de comunicação, que era extremamente ligada ao antigo mandatário. Na sequência, ele cortou as viagens dos conselheiros para os jogos longe da capital paulista, o que era rotina na administração anterior.

Em Cotia, que é a menina dos olhos do ex-presidente, ele já cortou 80 pessoas, entre jogadores e funcionários. Aliados próximos dizem que isso é uma tentativa na verdade de afastar Juvenal de vez do clube, o que não será fácil, porque o ex-presidente é extremamente forte na política tricolor.

Juvenal Juvêncio e Carlos Miguel Aidar votação São Paulo (Foto: Alex Falcão / Ag. Estado)Juvenal e Aidar juntos à época da campanha para presidência do São Paulo (Foto: Alex Falcão / Ag. Estado)

Aidar é o oposto do que Juvenal foi nos últimos seis anos. O ex-delegado não aparecia no dia-a-dia e tinha um estilo centralizador. Quem concordava com sua administração seguia ao seu lado. Quem discordava, era sumariamente dispensado. Já o atual mandatário é uma celebridade, adora os holofotes. É solícito a entrevistas e sempre causa surpresa com suas declarações. Foi assim, por exemplo, quando ele disse, meses atrás, que esperaria um dia contratar Kaká, atual camisa 8, porque ele é “alfabetizado e tem todos os dentes”.

Acusado de ser preconceituoso nas redes sociais, ele foi ao programa Arena SporTV e disse que havia sido mal interpretado.

Ironias a Itaquera e bananas a Paulo Nobre

Na sequência, Aidar foi provocar o “amigo” André Sanchez, principal responsável pela construção da Arena Corinthians, estádio que abrigou os jogos da Copa do Mundo na cidade de São Paulo. Na ocasião, ele dizia que não tinha medo de ganhar um concorrente para shows na capital.

– O Itaquerão não vai ter show, aquilo lá é outro mundo, outro país, não dá para chegar lá. Lá não vai funcionar – disse.

Sanchez rebateu imediatamente, e o mandatário tricolor, como costuma fazer, contemporizou, dizendo que é amigo de Andrés e que havia sido apenas uma brincadeira, tanto que foi ao jogo que abriu a Copa entre Brasil e Croácia, no estádio.

O presidente são-paulino seguiu fiel ao seu estilo ao bater firme no “colega” Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, que disse que o São Paulo não agiu com ética ao atravessar a negociação do Verdão com o Benfica por Alan Kardec. No dia seguinte, Aidar, com status de superstar, marcou uma coletiva no estádio do Morumbi e, comendo bananas, disparou.

– A manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética. Demonstra, infelizmente, o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que, ano após ano, se apequena com manifestações dessa natureza. O São Paulo perdeu vários atletas, como o Dagoberto para o Internacional, o Cafu e o Antônio Carlos através do Brunoro, nos anos 90, que os tirou fazendo ponte com o Juventude, e nem por isso ficou chorando pelos cantos. Faz parte do jogo. Como se diz nas arquibancadas, o choro é livre – disse, na ocasião.

Miguel Aidar coletiva São Paulo banana (Foto: Felipe Rau/Agência Estado)Aidar come banana em coletiva convocada para provocar o Palmeiras (Foto: Felipe Rau/Agência Estado)

Polêmica na Europa e dentro de casa

Não satisfeito em criar polêmicas no Brasil, Aidar foi ganhar um inimigo na Itália, mais precisamente em Nápoles. Ao falar sobre o interesse do clube da cidade em Paulo Henrique Ganso, ele não hesitou em dizer que “nem com o dinheiro da Camorra”, a Máfia napolitana, haveria recursos suficientes para contratar o camisa 10. O clube italiano soltou uma nota em seu site oficial garantindo que iria processar Aidar.

Dentro do São Paulo, não pensem que Aidar causou confusão somente com adversários políticos. Em diversas ocasiões, por falar demais, ele deixou seu vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, em situações constrangedoras. Quando lutava pela aprovação do projeto da cobertura, não hesitou em apontar o estádio do Morumbi como “velho e ultrapassado”, para surpresa de muita gente.

– O Allianz Parque e a Arena Corinthians são estádios muito mais modernos que o Morumbi, muito melhores. O Morumbi foi inaugurado há 50 anos e hoje é totalmente ultrapassado e anacrônico. É bonito, mas apenas isso. Servirá apenas para mandarmos nossos jogos, nada mais. Em breve, ele será como o velho Canindé que deixamos para vir fazer o Morumbi – declarou, sem perder a oportunidade de cutucar até a Portuguesa.

Aidar não vai mudar. Ele vai apenas esperar a poeira baixar em relação ao que disse sobre Juvenal Juvêncio. Resta saber quem será e qual será a sua próxima polêmica.

Fonte: Globo Esporte

Um comentário em “Aidar, o polêmico: presidente acumula inimigos dentro e fora do São Paulo

  1. Sou sao paulino desde inicio dos 70. Nunca vi dois idiotas seguidos e mais ainda, arrogantes e egoistas e pouco politicos como esses dois que seguem. Nao sei pra que essas provocacoes pesadas e peconceituosas….
    Agora para delirio dos nossos grandes adversarios se inicia uma lavacao de roupa suja em publico, expondo todas as nossas mazelas. Se jah nao bastasse nao termos patrocinio master por politicas de contratacao equivocadas, que levaram nosso querido soberano a um papel secundario no cenario nacional, ainda temos que suportar esses fogo amigo. Temos que ser que nem os mineiros, vamos resolver tudo quietinhos. Quem sabe aparecendo no “alguem me disse” do PP, de leve.
    Vamos torcer para que esses dirigentes egomaniacos resolvam seus problemas internamente e permitam que nosso time (que hoje esta muito bem por sinal, meritos ao Murici, contratado por JJ e Kaka que o Aidar trouxe), siga treinando tranquilo sem essas turbulencias, que eu espero que nao nos afete.

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