Aidar fala em traição e diz que Abílio Diniz faz mais mal do que bem ao SP

Ex-presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar disse se sentir “traído” por Ataíde Gil Guerreiro, atual vice de futebol do tricolor. Fez críticas também ao empresário Abílio Diniz e voltou a dizer que se arrependeu de ter renunciado ao cargo.

“Ataíde me traiu, sem dúvida”, disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes, nesta terça-feira (15), dois meses depois de renunciar ao cargo máximo do clube. “Só convidei um diretor dois meses da minha eleição: foi Ataíde. Então é um diretor que previamente mereceu minha confiança, depois ficou 18 meses comigo, e aí enfia um gravador embaixo da camisa e grava uma conversa provocada por ele. Isso para mim é a coisa mais desprezível do mundo. Ataíde, pelo menos em relação a mim, é um traidor”, afirmou.

Aidar se refere ao episódio decisivo para sua renúncia, quando Ataíde disse ter em posse gravação de conversa comprometedora do ex-presidente. “Não ouvi o áudio. Lembro-me do diálogo com Guerreiro que, se é o que foi gravado, não tem nada de grave”.

A crise entre os dois estourou em 5 de outubro, em reunião do São Paulo que terminou em agressão física – de Ataíde a Aidar. O ex-cartola relembrou o episódio: “Ataíde tentou me bater, mas foi contido. Não quero punição a ele, isso não vai resolver o problema do clube. Não estou preocupado que o Ataíde seja punido ou eu. Nunca deixei de por o São Paulo em primeiro lugar, enquanto muitas pessoas pensavam em revanche, em puxar tapete… Não é disso que a equipe precisa”.

Também para a rádio falou sobre a influência de Abílio Diniz dentro do clube e também no atual presidente, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco.

“Como não estou frequentando o clube, não tenho informação segura para passar. Mas sei que o Abílio exerce influência grande no Leco. São amigos de infância, Leco concordou em fazer tudo o que ele queria… Mas o regime é presidencialista. Pelo que me falaram, Leco não decide nada antes de consultar duas ou três pessoas do seu entorno – uma delas deve ser o Abílio”, disse.

“Alguém de fora do clube, que não põe a cara para disputar eleição, que não é conselheiro, que usa seu poder financeiro para exercer influência, que liga para treinador no intervalo para sugerir mudanças na equipe… Acho que um cidadão desses mais faz mal do que bem ao São Paulo”.

Osorio e Ataíde barraram volta de Lugano

Perguntado se gostaria de ter contratado o zagueiro Diego Lugano, ídolo da torcida do São Paulo, em sua gestão, Aidar revelou que teve conversas adiantadas para fechar negócio. Ataíde Gil Guerreiro e Juan Carlos Osorio, ex-treinador colombiano da equipe, barraram a volta do uruguaio.

“Falei com Lugano e com Figer (Juan, agente de jogadores). Mas pergunte para Ataíde e Osorio. Os dois falaram que não. Uma pena, deveria ter trazido mesmo que não quisessem”, completou, depois de contar que o ex-comandante foi ao Paraguai para conversar com o defensor.

“Eu nunca levei de 6…”

Aidar aproveitou o espaço para provocar o atual presidente do tricolor, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, seu desafeto. Para tanto, usou o vexame do tricolor contra o rival Corinthians, no segundo turno do Campeonato Brasileiro deste ano, quando o alvinegro emplacou 6 a 1, no dia 22 de novembro.

“Assumi o São Paulo logo depois que ele quase caiu para a Segunda Divisão. O time ficou na zona de rebaixamento muitas rodadas em 2013. Em 20114, não fui presidente no Paulistão, o São Paulo teve campanha média. Morreu na primeira eliminatória. Assumi no primeiro jogo do Brasileirão, contra o Botafogo, no Morumbi. E ganhamos.

Nunca tomei de 6 do Corinthians, diga-se de passagem.

Depois, levei o São Paulo ao vice-campeonato do Brasileirão, em 2014. Entrei no Paulista, classifiquei, fui até a semifinal. E o time que classificou-se à Libertadores foi o que eu montei. Portanto, estou confortável perante à torcida. Além disso, fomos campeões da Copa do Brasil sub-20 em 2015. Campeonato que vencemos por causa de dois dirigentes que coloquei lá – além da qualidade dos jogadores.

Se o que fiz não pode ser debitado da minha conta, não sei da de quem pode ser. Da atual gestão é que não pode ser”, apontou.

“Juvenal morreu feliz”

Ex-aliado de Aidar e posteriormente opositor a ele, Juvenal Juvêncio foi citado na conversa. O também ex-presidente do São Paulo morreu na última terça-feira (09), em decorrência de um câncer de próstata.

“Juvenal foi cria minha, assim como próprio Leco, Marcelo Portugal Gouvêa… A dificuldade com Juvenal nasceu quando aceitei que ele ficasse na diretoria. Alguém que passou oito anos na presidência, ficar na diretoria… bom, aceitei.

Mas a diretoria que ele ficou, do futebol amador, era a mais difícil lá. Foi quando tivemos divergências. Ganhei um inimigo mortal.

Juvenal disse que só morreria quando me derrubasse. E ele conseguiu. Morreu. Como disse a esposa dele, morreu feliz”.

 

Fonte: Uol

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