O cargo de vice-presidente geral está vago e assim ficará até o final do mandato do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva. Roberto Natel deixou a vice-presidência do clube nesta quinta-feira, após reunião que aconteceu no Morumbi.

Desde a última terça-feira diversos diversos conselheiros entraram em ação tentando evitar o rompimento, mas isso não foi possível.

Os encontros e desencontros foram muito grandes nestes dois dias. Roberto Natel pediu demissão na última terça-feira, mas acabou convencido por amigos a permanecer e conversar com Leco. O presidente, por sua vez, através de seus assessores, tentou convencer o vice a permanecer pelo menos até o final do ano, para evitar que nova crise política pudesse atingir o time, que nesse momento briga para fugir da zona da degola. Por isso, no meio da madrugada de terça para quarta-feira, houve o desmentido por parte do clube, que alegou mal entendido em toda a situação e que Natel continuaria na diretoria.

Roberto Natel vem trabalhando sua candidatura à presidência do São Paulo há alguns meses. Apesar de não admitir abertamente essa possibilidade, começou a dar sinais de que era essa mesmo sua atenção há algumas semanas. Chegou a receber o convite do ex-presidente Fernando Casal de Rey, um dos líderes da oposição, para sair candidato contra Leco.

Mas não parece ser esse o caminho de Roberto Natel. Ele já recebeu apoio de diversos grupos políticos e sai com a certeza que será indicado. Sua proposta é que se faça uma prévia entre ele e Leco e que o vencedor receba o apoio do grupo do derrotado nessa prévia. Só que Leco não abre mão de se candidatar à reeleição.

Desentendimentos

As brigas entre o presidente e o vice já vem de algum tempo. Natel reclama de não ser comunicado por Leco de suas decisões. A explosão final se deu com a demissão de Gustavo Oliveira e a contratação de Marco Aurélio Cunha, visto como membro da oposição e que poderia atrapalhar as pretensões do próprio Leco em sua candidatura para a eleição de abril do próximo ano.

Pelos lados de Leco, o rompimento é visto como absolutamente necessário. Assessores dizem que o presidente não quer em sua diretoria alguém que não esteja totalmente focado em trabalhar pelo clube nesse momento, que ainda é de transição e união de forças. Ele tem recebido críticas internas pelo modo como conduz politicamente o clube, optando por postura classificada como alheia à politicagem. Exemplo disso é a relação que mantém com os conselheiros, sempre ávidos por dar palpites, mas que são ignorados em suas vontades. Leco, na maioria das vezes, não aceita a cornetagem. Isso é elogiado por alguns, mas criticado pelos mais próximos, pois entendem esses assessores que assim não se ganha eleição.

Roberto Natel, além de ser sobrinho de um ser supremo no clube, o eterno presidente de honra e emérito Laudo Natel, tem atuação política extremamente importante. Tem trânsito bom em todos os grupos políticos, inclusive da oposição, é visto com bons olhos pela maioria dos conselheiros e, graças a isso, conseguiu ser vice-presidente com Juvenal Juvêncio, Carlos Miguel Aidar e agora com Leco. Esperava ser indicado por Juvenal para concorrer à presidência em 2014, mas foi preterido por Aidar, com quem rompeu logo após Juvenal ter sido retirado de Cotia.

Leco aceitou a demissão de  Roberto Natel e dever fazer uma grande reformulação em sua diretoria nos próximos dias. Todos aqueles que estão alinhados com Roberto Natel deverão entregar seus cargos. Com a recomposição, mesclando nomes indicados pelas diversas forças políticas do clube, o presidente espera se fortalecer para dar resposta ao antes aliado, agora adversário, na disputa pela presidência em 2017.

Paulo Pontes