Tricolor revê palco em que superou ‘fim do mundo’ e Católica em 99

Para sorte do São Paulo, Nostradamus estava errado, e o mundo não acabou em 11 de agosto de 1999. Nesse dia, em que aconteceu o último eclipse solar total do milênio passado, o time brasileiro foi a Santiago para compromisso pela Copa Mercosul e venceu por 3 a 0 a Universidad Católica, adversária na noite desta quinta-feira, pela semifinal da Sul-americana, no mesmo acanhado Estádio San Carlos de Apoquindo.

A profecia, na época, foi motivo para brincadeiras. “Se (o mundo) acabar, que seja depois do jogo, e quando voltarmos ao Brasil. Não gostaria de morrer na terra do Rojas (ex-goleiro e ex-treinador são-paulino). Mas não acredito nas previsões. Penso na vitória”, disse o goleiro Rogério Ceni, com então apenas 26 anos, bem antes de ser considerado “mito” pela torcida por conta de conquistas na década seguinte.

“Será que Nostradamus ligou avisando o horário? Se for depois do jogo, vou terminar como titular”, tirou sarro Nem, na mesma edição de A Gazeta Esportiva. Talvez mais preocupado do que o zagueiro, o atacante Marcelinho Paraíba não queria encerrar a carreira. “Se for verdade, gostaria de ficar com minha mãe as 24 horas antes do fim. E que seja depois da partida contra a Universidad. Minha vida é a bola e quero jogar mais um jogo”, falou, na véspera.

Apesar de todos – incluindo Wilson, França e Souza, autores dos gols do fácil triunfo no San Carlos de Apoquindo – terem se salvado, a maioria já deixou o clube. O único sobrevivente (ou remanescente) daquele elenco é Ceni, que, aos 39 anos, acaba de renovar contrato por mais uma temporada. Mesmo depois de muito tempo, ele se lembra perfeitamente do palco que irá rever na noite desta quinta-feira.

“Jogar no inverno é mais difícil, nesta época é um pouquinho mais fácil”, diz o camisa 1, que esteve lá também no até hoje segundo jogo do São Paulo no estádio, em empate sem gol com o Audax Italiano, no frio 14 de fevereiro de 2007, pela Libertadores. “O gramado é duro, e a bola quica bastante. Mas é um estádio gostoso, você sente o torcedor próximo, e fica em um lugar super bonito da cidade”.

O lugar é Las Condes, região que representa o centro comercial, financeiro e turístico de Santiago e é habitada por famílias de classe média-alta e alta. Ao fundo do estádio, é possível ver a Cordilheira dos Andes, uma das maiores cadeias de montanhas do planeta. Um cenário perfeito para se inspirar e ‘dar a vida’ em campo, na tentativa de encaminhar a classificação para a decisão da Sul-americana.

“Não sei como é jogar lá, mas temos que ter atenção, porque não estaremos jogando em casa, estaremos longe da nossa torcida. Temos que ter atenção redobrada. Só que sabemos da qualidade do nosso time, das qualidades individuais, e temos consciência de que somos muito fortes fora de casa também”, comenta o volante Wellington, nascido em 1991 e que, portanto, era criança quando o São Paulo escapou da profecia de Nostradamus.

Mais viva do que nunca, a equipe do técnico Ney Franco chega a Santiago como favorita pela invencibilidade de seis jogos e por ter eliminado na fase anterior a Universidad de Chile, campeã da edição passada do torneio. Um revés nesta quinta-feira, porém, não seria o fim do mundo, uma vez que a definição da vaga sairá só na semana que vem, com a certeza de Morumbi lotado.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

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