Titular no São Paulo e reserva no Palmeiras: entenda sucesso de Kelvin

Kelvin versão 2015: reserva, 23 jogos, um gol e participação no título da Copa do Brasil do Palmeiras. Kelvin versão 2016: rapidamente titular, 11 partidas, dois gols e a certeza de acerto na contratação do São Paulo, após quase três meses. Por que o atacante foi de opção quase esquecida no time alviverde para peça fundamental na equipe do Morumbi?

A rápida adaptação e identificação surpreenderam o próprio jogador. A explicação mais superficial aponta para o inchaço no elenco palmeirense, no qual dificilmente havia oportunidade para todos, em contrapartida ao enxuto plantel são-paulino. A visão no Tricolor é de que Kelvin era mal aproveitado no rival.

Antes de contratá-lo, o São Paulo fez um estudo minucioso. O clube procurou um perfil em vez de um nome. O departamento de futebol detectou a carência de um atleta canhoto e habilidoso, que, além de desequilibrar os marcadores, pudesse superá-los com facilidade. Seja com dribles ou apenas de passagem, usando a velocidade.

Centurión, destro, atende parcialmente essas características. Mesmo caso de Rogério, que desequilibra os marcadores e rapidamente finaliza, mas não os supera facilmente para dar continuidade às jogadas. Michel Bastos, canhoto, tem bom chute, mas não a velocidade e o drible procurados.

A busca por esse perfil aliada à dificuldade do Palmeiras para renovar o empréstimo com o Porto fizeram o nome de Kelvin a melhor oportunidade de mercado. O técnico Edgardo Bauza gosta de usar pontas dribladores, um dos motivos para insistir tanto em Centurión desde o início do ano e também para aprovar o ex-palmeirense.

Além do estudo técnico, o Tricolor colheu informações sobre o comportamento do jogador. Sabia-se que Kelvin tinha histórico negativo fora de campo no rival. A contratação, inclusive, foi criticada internamente por parte da diretoria por conta desse aspecto. Mas o clube acreditou na própria estrutura de pessoas para acompanhar seus passos no dia a dia do CT da Barra Funda e lhe dar o respaldo necessário para render o melhor. Deu certo.

Kelvin São Paulo Trujillanos Libertadores (Foto: Marcos Ribolli)Kelvin é titular do São Paulo aberto pelo lado direito (Foto: Marcos Ribolli)

Desempenho em campo

No 4-2-3-1 de Bauza os pontas são importantíssimos. Ele tem opções de velocidade para jogar com o pé invertido pelos dois lados: Centurión e Rogério, destros, na esquerda, e Kelvin, canhoto, na direita. O golaço do argentino contra o Toluca, por exemplo, surgiu em lance pela esquerda, em que ele dribla para dentro e finaliza no ângulo.

A entrada de Kelvin no time automaticamente melhorou o desempenho de Bruno, menos participativo ofensivamente em 2015. A jogada característica do velocista de superar os marcadores puxando a bola para dentro abre espaço para o lateral-direito explorar a linha de fundo, como gosta. Ele também divide a atenção rival no setor e ajuda com tabelas.

Com Kelvin, Bruno ganhou espaço para ir a linha de fundo no São Paulo (Foto: Reprodução)Kelvin, canhoto, dribla para dentro ou faz dupla com Bruno pelo lado direito do São Paulo

Quando Michel Bastos atuava pela direita, dificilmente ele e Bruno dobravam contra os marcadores, pois o meia não tem a mesma velocidade de Kelvin. Com ele, o São Paulo ganhou mais jogadas de linha de fundo e a opção do chute cruzado a qualquer momento.

Assim ele acertou a trave de Talavera, goleiro do Toluca, ao balançar a marcação e finalizar. Mesma jogada feita no empate por 1 a 1 contra o The Strongest, em La Paz, onde driblou dois zagueiros e chutou por cima o que seria um golaço.

A movimentação de Kelvin também dá opções para o time. O atacante quase sempre acompanha a jogada no lado inverso para poder concluir. Assim ele balançou o travessão do mesmo Talavera, ao completar cruzamento de Mena, diante do Toluca. Da mesma forma chutou fraco nas mãos do goleiro Vaca, do The Strongest, ao receber passe de Wesley, na Bolívia.

Por outro lado, o Tricolor percebeu que justamente por superar facilmente os adversários, Kelvin insistia nos dribles em jogadas por vezes desnecessárias. Por isso, as conversas e os treinos o orientaram a nem sempre passar pelo marcador, mas sim desequilibrá-lo de forma suficiente para obter uma brecha e cruzar. Com esses moldes, o jogador se tornou exatamente o que o São Paulo precisava para um ano com dificuldades financeiras e necessidade de criatividade.

 

Fonte: Globo Esporte

Um comentário em “Titular no São Paulo e reserva no Palmeiras: entenda sucesso de Kelvin

  1. Mérito da comissão técnica que vem corrigindo os defeitos do Jogador com treinamento e méritos do jogador que está absorvendo o que está sendo transmitido pelo treinador.

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