SP escolheu Washington em vez de Danilo e viu nascer seu maior carrasco

O São Paulo perdeu mais um clássico contra o Corinthians no último domingo, viu o veteraníssimo meia Danilo, 35, marcar mais um gol decisivo e perpetuou em oito anos o tabu sem vencer o rival no Morumbi. Tudo isso, no entanto, poderia ser diferente. Há pouco mais de cinco anos, o São Paulo poderia ter assegurado o retorno do meia campeão mundial pelo clube em 2005. À diretoria de Juvenal Juvêncio foi colocada uma escolha: ficar com o centroavante Washington ou contratar Danilo? O fim da história todo mundo conhece.

Quem explica a existência de tal dilema para o São Paulo naquele fim de 2009 é quem o construiu. Gilmar Rinaldi, hoje coordenador de seleções da CBF, era empresário tanto de Washington como de Danilo, e mantinha ótima relação com o São Paulo – clube para o qual, no ano anterior, havia levado Adriano, o Imperador. Como gerenciava a carreira de poucos atletas, Rinaldi preferia não ter dois clientes no mesmo clube. E explicou isso ao São Paulo, que manifestava intenso interesse pela volta de Danilo: ou renovava com Washington, ou contratava Danilo.

“Na época eu trabalhava com o Washington, e ele estava negociando renovação de contrato com o São Paulo. Então eu falei com o São Paulo, eles tinham interesse no Danilo, mas tinham que escolher se iriam renovar com o Washington. Quando o Danilo conseguiu a liberação no Japão o Andrés [Sanchez, ex-presidente do Corinthians] me ligou e eu dei a prioridade ao Corinthians. Depois o São Paulo ainda tentou falar com o Danilo, mas a prioridade já era para o Corinthians”, conta Gilmar Rinaldi, hoje.

A análise hoje, cinco anos depois, é óbvia. Depois de deixar o Kashima Antlers, no Japão, Danilo está há cinco anos no Corinthians, venceu Mundial, Libertadores, Brasileirão, Recopa Sul-Americana, Paulistão e ainda virou o maior carrasco são-paulino da história do Majestoso – o clássico Corinthians x São Paulo – nos tempos modernos. No fim de 2009, porém, não era tão óbvio.

Washington, contratado naquele ano de 2009, fez 32 gols na temporada pelo São Paulo. Era a grande arma ofensiva da equipe, que, naquele momento, em declínio com Muricy Ramalho, dependia muito das bolas aéreas. No fim de 2009, manter Washington era muito mais importante para o clube do Morumbi do que contratar Danilo.

Enquanto o São Paulo fazia sua escolha, o Corinthians fazia outra. Observando a situação de longe, o então presidente Andrés Sanchez manifestou a Gilmar Rinaldi o interesse em contratar Danilo. Com o clube do Morumbi fora do caminho, selou-se a preferência corintiana.

Juvenal Juvêncio e sua diretoria tentaram uma reviravolta quando veio à tona que o Corinthians negociava com o jogador. No entanto, fizeram oferta salarial inferior àquela proposta pelo rival, que ainda contava com a palavra do agente do jogador.

Quando Danilo mal começava a despontar no Corinthians, time que ainda se acostumava à sua invariável porém incriticável pouca velocidade, o São Paulo já dispensava Washington. O centroavante que já estava longe de jogar o futebol preferido do técnico Ricardo Gomes virou coadjuvante após a chegada de Fernandão e perdeu espaço de vez com a contratação de Ricardo Oliveira.

O saldo daquela escolha do São Paulo é, cinco anos depois, absolutamente favorável para o Corinthians. No Parque São Jorge, o meia que pelo Tricolor já se destacava no clássico entre as duas equipes virou, finalmente, o rei dos Majestosos. Neste último domingo, foi ele quem novamente decidiu o jogo. Neste século, ninguém fez mais gols do que ele no clássico. Pegou de primeira o passe do peruano Paolo Guerrero, na frente da área. Apareceu na hora certa, no lugar certo e com uma aura decisiva quase inexplicável. Faro de gol e de decisão que o São Paulo cansou de ver no Morumbi, mas que escolheu não ter naquele fim de 2009

 

Fonte: UOL Esporte

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