Sétima derrota aumenta pressão por mudança na diretoria do São Paulo

O presidente Juvenal Juvêncio vive um dilema no São Paulo. Por um lado, ele confia muito em Adalberto Baptista, diretor de futebol. Dá a ele uma autonomia poucas vezes vista desde 2006, ano em que assumiu o comando do clube. Por outro, recebe pedidos de todos os lados para que Adalberto seja afastado do cargo. Outros dirigentes e até jogadores não aprovam seu trabalho. Nos bastidores já se cogita a hipótese de contratação de um gerente remunerado.

A derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro,  no sábado, só agrava a situação – foi o sétimo revés consecutivo, a pior sequência na história do clube. Fora do Morumbi, torcedores pediram a saída de Juvenal, mas dentro do estádio as organizadas vetaram críticas ao dirigente. O cenário escureceu para Adalberto a partir do momento em que ele perdeu a briga para manter Ney Franco no Morumbi.

O ex-técnico era muito próximo do diretor, que bancou sua permanência por alguns meses, apesar do descontentamento de atletas, entre eles o goleiro Rogério Ceni, capitão e líder, de membros da comissão técnica e outros dirigentes. A atuação na derrota para o Corinthians, no primeiro jogo da Recopa, e as críticas de Ney ao grupo, acabaram com a paciência de Juvenal.

adalberto baptista sao paulo (Foto: Gustavo Serbonchini )Adalberto Baptista de malas prontas? É o sonho de muitos no Tricolor… (Foto: Gustavo Serbonchini)

Adalberto lamentou muito a saída de Ney, mas participou ativamente da escolha de Paulo Autuori para sucedê-lo. O nome foi unanimidade entre os dirigentes principais, que sofreram pressão de conselheiros para que Muricy Ramalho fosse contratado.

Pressão semelhante à que Juvenal sofre agora para demitir seu homem de confiança, e que aumentou muito após sua crítica pública a Rogério Ceni. O goleiro disse que o São Paulo havia parado no tempo, e que o legado deixado por Ney Franco, protegido de Adalberto, era zero.

O “chefe” se irritou e atacou as reposições de bola do ídolo, além de ter citado a proximidade de sua aposentadoria, e uma lesão no pé direito, que estaria prejudicando seu desempenho. Foi a deixa para que Juvenal recebesse telefonemas pedindo sua cabeça.

Outros importantes cartolas tricolores atestam que Adalberto tem status de “imperador”. Até mesmo o empresário Abílio Diniz, são-paulino, tem protestado nas redes sociais. Após o jogo do último sábado, pediu a cabeça do diretor. Abílio foi um dos que indicaram Emerson Leão ao Tricolor em 2011. Sua contratação é vista até hoje como um erro por Juvenal.

protesto torcida são paulo (Foto: Mister Shadow / Agência Estado)Torcedores protestam fora do Morumbi após a derrota de sábado (Foto: Mister Shadow / Agência Estado)

Gerente remunerado?

Uma figura que poderá ganhar importância no clube nos próximos meses é a de um gerente remunerado para administrar o futebol e a relação entre elenco e diretoria. Algo semelhante ao que faz Edu Gaspar no Corinthians, rival que ganha elogios internos pela forma como estruturou seu departamento.

Os que pedem a saída de Adalberto gostariam da contratação desse profissional, mas acham que o diretor vetaria por receio de perder o poder. Por outro lado, já há uma tendência de buscar um gerente, com a concordância do diretor. Adalberto Baptista é visto como exímio negociador, capaz de conseguir vantagens ao clube em contratos diversos.

Foi ele quem costurou toda a negociação para que o São Paulo participasse da Copa Audi, nos dias 31 de julho e 1º de agosto. Até lá, é provável que nada de novo seja feito, e que o celular de Juvenal continue tocando.

Fonte: Globo Esporte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*