Seis fatores que levam o São Paulo a insistir na busca por técnico gringo

O alvo inicial era o português André Villas Boas. Depois, pensou-se em Alejandro Sabella, vice-campeão mundial com a seleção da Argentina na última Copa do Mundo, e no também argentino Jorge Sampaoli, treinador do Chile. Agora, o São Paulo já se reuniu com o colombiano Juan Carlos Osorio e vai conversar com o português Jose Peseiro. Para tentar recolocar o time nos eixos, a diretoria tricolor chegou a um consenso: é hora de apostar em um treinador estrangeiro.

Após conversar com pessoas ligadas à diretoria do clube, o GloboEsporte.com enumera abaixo alguns dos motivos que fizeram o clube descartar treinadores brasileiros e insistir em gringos.

MÉTODOS DE TREINAMENTO

Os dirigentes acreditam que é preciso inovar nos treinamentos. No Brasil, no entender da cúpula são-paulina, são poucos os treinadores que conseguem fazer algo diferente, que pensam em atividades capazes de motivar os atletas. Como há pouco intercâmbio, os técnicos brasileiros estão “viciados na mesmice”, detectaram os são-paulinos. Osorio, por exemplo, foi auxiliar técnico do Manchester City por cinco anos. Villas Boas foi técnico na Inglaterra, em Portugal e agora está na Rússia.

Andre Villas-Boas jogo do Zenit contra Krylia Sovetov (Foto: Getty Images)André Villas-Boas foi o primeiro a ser procurado pela diretoria tricolor (Foto: Getty Images)

INTEGRAÇÃO ENTRE BASE E PROFISSIONAL

Poucos profissionais no Brasil conseguem fazer o trabalho de unir as categorias. No São Paulo, muitos garotos sobem para o time profissional, mas nenhum chega em condições de ser utilizado como titular, por exemplo. Juan Carlos Osorio, que hoje é o mais cotado, faz exatamente esse trabalho no Nacional de Medellín. Quando assumiu em 2012, o clube era repleto de estrelas, que foram dispensadas. As pratas da casa ganharam espaço e o time voltou a ganhar títulos. É preciso lembrar que, no relatório de metas do vice-presidente de futebol tricolor, Ataíde Gil Guerreiro, está a promoção de quatro atletas da base até o final da temporada.

CURRÍCULO PARA CHEGAR E COMANDAR

O São Paulo busca um técnico estrangeiro que tenha currículo suficiente para chegar e ser respeitado pelos jogadores. O jogador brasileiro tem imagem de profissional indisciplinado, que gosta de alguém que chegue e determine o que precisa ser feito. Nesse caso, Osorio agrada e muito, já que ganhou títulos na Colômbia, trabalhou na Inglaterra, fez sucesso nos Estados Unidos e, recentemente, esteve cotado para assumir a seleção de seu país, quando José Pekerman ainda discutia a renovação contratual após a Copa do Mundo. O zagueiro Doria falou sobre esse assunto na entrevista coletiva concedida na quinta-feira.

– Se vier, temos que obedecer nos treinamentos. É bom ter um técnico que impõe o que pensa. Acho isso bastante interessante, válido – afirmou o defensor.

FATOR FINANCEIRO

O Tricolor quer diminuir sensivelmente os gastos no futebol. E Juan Carlos Osorio se encaixa perfeitamente nessa filosofia. No Once Caldas, ele ganha aproximadamente R$ 130 mil mensais. No São Paulo, receberia entre R$ 200 mil e R$ 250 mil mensais, que é muito menos do o clube pagava a Muricy Ramalho (R$ 550 mil). Quando ainda se pensava em técnicos brasileiros (Vanderlei Luxemburgo e Marcelo Oliveira foram nomes muito comentados), o clube sabia que ambos têm patamar salarial parecido com o de Muricy Ramalho.

Luxemburgo, São Paulo x Flamengo (Foto: Marcos Ribolli)Salários de Luxemburgo estariam no mesmo patamar de Muricy Ramalho (Foto: Marcos Ribolli)

FALTA DE OPÇÕES NO BRASIL

Quando ficou sem treinador, o São Paulo definiu que não iria contratar treinadores que estivessem empregados. Por isso, Vanderlei Luxemburgo acabou não fechando. Entre os desempregados, os nomes de Abel Braga e Mano Menezes dividiram a diretoria. O que atrapalhou Abel foi ter o perfil parecido com o de Muricy Ramalho. Mano Menezes era o nome preferido do gerente de futebol, Gustavo Vieira de Oliveira, mas o negócio não seguiu adiante. O clube pensou em Marcelo Oliveira, do Cruzeiro, chegou a conversar com ele, mas quando se definiu o confronto na Taça Libertadores entre os dois times, as conversas foram encerradas.

CENTURIÓN PODE CRESCER

Existe uma corrente dentro do clube que acha que o argentino, contratado por R$ 14 milhões do Racing, está sendo aproveitado de maneira errada. A chegada de Osorio poderia ajudar na adaptação do atleta, já que o idioma é o mesmo. Centurión tem dificuldades de entrosamento. Nos treinamentos, é possível perceber em vários momentos o atleta isolado em um canto. Os jogadores com os quais ele mais tem contato são os da base, como Auro, Boschilia e Ewandro.

HISTÓRICO

Em outras ocasiões, o São Paulo já apostou em técnicos estrangeiros e obteve sucesso. O maior vencedor foi o português Jorge Gomes de Lima, o Joreca, que comandou o time entre 1943 e 1947 e levou o Tricolor a três títulos paulistas (1943, 1945 e 1946). O argentino José Poy foi goleiro da equipe por 522 partidas, voltou para ser treinador em mais 422 jogos e foi campeão paulista de 1975. Antes disso, o húngaro Béla Guttman, que trabalhou praticamente um ano, ajudou o time a levantar o caneco do estadual de 1957.

Fonte: Globo Esporte

3 comentários em “Seis fatores que levam o São Paulo a insistir na busca por técnico gringo

  1. Que venha um trenador que faça o futebol do São paulo pareser o futebol dos grandes clubes europeu, futebol bunito, alegre e assima de tudo vencedor.

  2. Analisando o cenário em relação aos técnicos brasileiros tenho que admitir que a diretoria so SPFC tem razão em querer tentar buscar algum diferencial. Como disse um colega aqui no blog, no Brasil existe a dança das cadeiras de um pequeno número de técnicos e nada de inovação na parte tática e treinamentos.

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