O São Paulo trocou de técnico 12 vezes nos últimos 10 anos. Um número excessivo que também ajuda a explicar a escassez recente de títulos. Apesar disso, essa será a primeira vez desde 2005 que a equipe vai começar uma temporada com novo comando. Desde que Paulo Autuori deixou o cargo, após o título mundial de 2005, para ser substituído por Muricy Ramalho, todas as outras substituições de treinadores aconteceram no decorrer dos campeonatos.

Ainda em busca de um comandante ideal, a diretoria leva em consideração o fato de o próximo técnico ter uma pré-temporada inteira para impor seu estilo de trabalho. E também o trabalho que o São Paulo deseja. É isso, inclusive, que tem estendido o processo de escolha e acerto.

O plano do clube é dar fim a essa sequência incessante de demissões e contratações. Para isso, os responsáveis pelo departamento de futebol têm estudado trabalhos anteriores dos possíveis técnicos e deixado claro a eles como esperam que o time seja conduzido a partir de janeiro. E tudo feito sob absoluto e raro sigilo.

O número de trocas fica ainda maior se forem descontados os três anos e meio em que Muricy Ramalho esteve no banco de reservas, entre 2006 e 2009. Desde então, em seis temporadas e meia, o São Paulo teve 10 treinadores, inclusive o próprio Muricy, entre 2013 e 2015.

São Paulo começará ano com novo técnico depois de 10 temporadas (Foto: Arte: GloboEsporte.com)

O início de cada ano é simbólico por se tratar do período em que o técnico mais tem tempo para dar uma identidade ao time, que será aprimorada ao longo dos meses. Por diversas razões, desde 2005, as diferentes diretorias optam por manter os profissionais no ano seguinte.

Naquela ocasião, houve tentativa de renovar com Autuori. Nos três anos seguintes, não havia motivo para tirar Muricy, sempre campeão brasileiro. Em 2009, Ricardo Gomes quase ganhou o campeonato e terminou a temporada extremamente elogiado. Paulo César Carpegiani fez o São Paulo melhorar nos últimos meses de 2010, e também foi mantido. Avaliação semelhante à que foi feita no ano seguinte com Emerson Leão, treinador na virada de 2011 para 2012.

A conquista da Copa Sul-Americana em dezembro manteve Ney Franco no fim de 2012, assim como a recuperação no Brasileirão em 2013 e o vice-campeonato em 2014 foram suficientes para que Muricy Ramalho se estabelecesse mais uma vez na função.

A conturbada temporada de 2015 teve a saída de Muricy, que, além dos problemas de saúde, não agradava mais aos dirigentes, e a breve passagem de Juan Carlos Osorio, contratado pela seleção mexicana em litígio total com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar, que aproveitou a saída em massa de seus diretores para levar Doriva ao Morumbi. Como já se previa, ele durou pouco depois da renúncia do patrão. Milton Cruz, por duas vezes, na Libertadores e na reta final do Brasileiro, assumiu interinamente, como em tantos outros momentos nesses 10 anos.

Arrependido de ter dado prazo de uma semana para ter um técnico depois da derrota por 6 a 1 para o Corinthians, o São Paulo evita previsões para anunciar seu novo comandante. Por enquanto, a diretoria se permite não ter pressa para tentar minimizar a chance de mais um erro.

Fonte. Globo Esporte