Recados de líder e pés-no-chão: Lugano já é porta-voz do São Paulo

As entrelinhas da entrevista de apresentação de Diego Lugano, na última segunda-feira, são ricas. Frases e palavras são mensagens e reproduzem a imagem que o São Paulo deseja transmitir à torcida em 2016. Alguns lemas foram expostos bem claramente: sofrer com as derrotas, cumprir as determinações do treinador, estabelecer uma relação de compromisso com a torcida. Lugano demonstrou entender o papel que a diretoria espera que ele exerça na condição de ídolo.

O zagueiro uruguaio, chamado de DIO5 pelo São Paulo, também tratou de afastar qualquer otimismo exagerado. Afirmou ter confiança na formação de uma equipe competitiva, mas disse que os resultados não serão imediatos, pediu paciência à torcida com a comissão técnica argentina chefiada por Edgardo Bauza e tirou de seus ombros o mérito – e o peso – de jamais ter sido derrotado, em 12 jogos, pelos rivais Corinthians e Palmeiras.

Lugano São Paulo (Foto: Erico Leonan / site oficial do SPFC)Lugano faz força para recuperar a forma física e poder treinar com o grupo (Foto: Erico Leonan/site oficial do SPFC)

– Não é que eu não perdi. Aquele elenco não perdeu porque eu tinha grandes companheiros. Não é normal ficar tantos anos invicto, e eu não tenho essa expectativa tão grande. Quero voltar a ser campeão e quero que a torcida se identifique com nosso elenco – decretou.

Como todo líder que se preze, Lugano sabe que, para cobrar seus parceiros, vai precisar da confiança de todos. Por isso, usou uma pergunta sobre um possível retorno à seleção uruguaia para explicar uma de suas facetas: a de defender quem está por perto.

– Se precisarem, obviamente, estarei em posição de ir, dar a cara e brigar por meus companheiros, como eu sempre fiz.

O zagueiro uruguaio disse que só um elenco de muita qualidade e de boas reações sob pressão é capaz de conquistar a vaga na Taça Libertadores nas condições que esse grupo conseguiu no ano passado, repleto de escândalos fora de campo e jogadores negociados ao longo do Campeonato Brasileiro. Também elevou Rodrigo Caio e Lucão ao nível de quem pode chegar à seleção brasileira.

As vaias a Lucão no jogo contra o Figueirense, aliás, deixaram Lugano, na época ainda jogador do Cerro Porteño, profundamente incomodado. Ele não se conforma com a exposição de um atleta revelado nas categorias de base, ainda jovem, dessa maneira.

Reserva?

Outro momento da entrevista que chamou atenção foi aquele em que o novo dono da camisa 5 previu alguns jogos no banco de reservas: culpa de seus 35 anos e do “calendário assassino” que impera no futebol brasileiro, segundo suas próprias palavras. Lugano deixou claro que a torcida terá de entender tão bem quanto ele próprio.

Aos garotos de Cotia, não se fez de rogado em citar o exemplo de sua chegada ao aeroporto, quando foi recepcionado por centenas de torcedores, mas também lembrou-se das festas para Luis Fabiano, Kaká e Rogério Ceni ao dar o claro recado aos mais jovens: vale a pena se empenhar e entrar para a história do clube. A direção espera que os novatos tenham em Lugano a referência.

Preocupado em ser compreendido no seu portunhol e em frear empolgações exacerbadas, o zagueiro admitiu que será difícil estar 100% para as estreias no Paulistão (dia 30) e na Libertadores (dia 3), mas garantiu presença integral.

– Estarei à disposição para colaborar porque sou parte do grupo. E isso é estar sempre perto, jogando ou não, levando água para o companheiro que está com sede. Isso é ser parte do grupo.

 

Fonte: Globo Esporte

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