Presidente do São Paulo não vê espaço para uma liga no futebol brasileiro

Em meio às discussões de reformulação do futebol brasileiro, o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, falou sobre a ideia de criar uma liga independente para defender os interesses dos clubes sem intermediários. Segundo o mandatário são-paulino, hoje, não há espaço para essa conjuntura. No entanto, o dirigente entende que é necessário que se crie um espaço de discussão dos assuntos em comum entre os clubes.

– Hoje não existe mais espaço para uma Liga. Mas existe espaço importante para reuniões entre assuntos em comum entre os clubes, que precisam conversar entre si. Isso me seduz. No jogo do São Paulo contra o Cruzeiro, 1 milhão da renda foi embora em taxas (Conmebol, FPF, Arbitragem, policiamento). Mas, alguém tem que chamar os clubes. Topo fazer. Com alguns já conversei. Atlético-PR, Vasco, Flamengo, Coritiba, Santa Cruz, Santos, Corinthians, menos o Palmeiras. Todos estão esperando uma chamada. Temos que criar alguma coisa. Sair dessa mesmície, se não vamos acabar morrendo. Sei que do jeito que está, não é possível continuar – afirmou Aidar, nesta segunda-feira, em entrevista ao programa Fox Sports Night, da Fox Sports.

Aidar retomou o passado para lembrar que, em 1987, o Clube dos 13 foi fundado com os mesmos interesses da tão discutida Liga, mas, pela falta de profissionalismo, ele acabou.

– É um assunto que me seduz. Quando, em 1987, fui o presidente do Clube do 13, eu não pensava em liga. Pensava em um movimento de clubes para resgatar a autonomia. Pensava que, nos reunindo, poderíamos melhorar o futebol. Na época, não foi difícil porque o presidente da CBF dizia: “A CBF não tem dinheiro e não vai organizar o campeonato”. Surgiu o Clube do 13. Nessa época, surgiu a Champions, que é o que é. Faltou profissionalismo ao nossos dirigentes da época. Porque, no plano das ideias, não havia discussão, mas quando a bola rolou, entrou a paixão, e começaram as discussões. Faltou profissionalismo – opinou.

Aidar também abordou outros temas polêmicos, como sua relação com Paulo Nobre (presidente do Palmeiras), Juvenal Juvêncio (ex-presidente do São Paulo), ressaltou o desejo de comprar Alexandre Pato e falou sobre assuntos que fazem parte do dia a dia do Tricolor.

CONFIRA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA:

Relação com Paulo Nobre
“Já tentei estender a mão. Se ele quiser ter uma diferença (comigo), fique à vontade. Mas, São Paulo e Palmeiras não podem estar distanciados. Vamos deixar de lado e vamos pensar nos clubes. O São Paulo é infinitamente maior do que eu. O Palmeiras é infinitamente maior do que ele. Temos amigos em comum, e já já a gente senta em uma mesa e conversa.”

Monopólio dos direitos de transmissão
“Antes, eu era impetuoso, tinha mais energia para tentar mudar o futebol. Hoje, eu sinto as consequências de um modelo (de campeonato) estabilizado. Eu vejo os contratos que a CBF assina, e que a Federação Paulista assina. Agora, tem a Fox (Sports), que quer o Paulistão. A Time Warner, do Esporte Interativo, está querendo entrar no futebol. A Globo deita e rola. Porque a gente não abre um espaço de disputa? Isso é salutar!”

Taça das Bolinhas e o “primeiro penta”
“Segundo a CBF, o primeiro penta (pentacampeão brasileiro) é o São Paulo. Mas fiquei incomodado (quando assumi à presidência do Tricolor). Levei esse assunto ao conselho do São Paulo, afinal eu idealizei (o Clube dos 13), fui ao Maracanã, entreguei a taça ao Flamengo (de Campeão Brasileiro de 87), ganhei até título de sócio benemérito. Aí virei presidente do São Paulo. Fiquei incomodado, mas como eu faço?”

Aquisição de Pato
“O São Paulo deseja contratar o Pato. A nossa vontade é ter o Alexandre Pato em definitivo. Não vou medir esforços. Todos os esforços possíveis serão feitos para trazer o Pato. Ele tem identidade com o clube, é participativo, torce pelo São Paulo, e o desejo de ter ele é grande. A distância entre o desejo e a realidade é de 10 mi de euros.”

Reformas no Morumbi
“Precisa passar por adequações. O grande problema é o estacionamento. A gente está tentando por de pé um projeto ambicioso, que passa pela aproximação da arquibancada do campo. Está adiantado, mas não está fechado. A ideia é levar, no máximo, quatro meses para aprovar o conceito. Eu tenho que ter parceiros, e isso passa pela aprovação dos contratos. Esse risco a gente pode correr, até porque gasta dinheiro para elaborar projetos e contratos. Inclusive, está previsto um hotel que serviria ao estádio e ao hospital (Albert) Einsten. Isso é ambicioso. Se acontecer, muda a história do São Paulo. E o clube não será endividado.”

Crise financeira
“(O salário) Está atrasado, estava previsto pagar hoje os dois meses de salário. Mas, apareceu uma dívida do passado, de jogadores que ganharam ações na justiça. A situação está pior do que eu imaginava, mas tem solução.”

“Rixa” com Juvenal Juvêncio
“O amor ao São Paulo sobrepõe. Jamais vou torcer contra o São Paulo. Seja quem for o presidente, se eu perder a eleição, vou torcer pelo outro. Quero o bem do São Paulo, e não o mal de alguém. Não posso deixar de ser amigo dele (Juvenal). Conheço a vida íntima dele, tenho imenso respeito. Ele fez uma gestão espetacular: CT, social, coisas maravilhosas. Só tenho aplausos, mas não posso aceitar acusações infundadas. Estou apto (a conversar), e ele sabe disso.”

Fonte: Lance

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