Milton passa “Muricy Day” com paz que técnico não teve no trabalho

“Feriado? Que feriado? Futebol é trabalho”, brincou Muricy Ramalho, no Dia do Trabalho de 2014. Um ano depois, o treinador aproveitará o fato de ter dado um tempo na profissão para cuidar da saúde e passará em casa o 1º de maio. À frente do São Paulo, está Milton Cruz, seu antigo colega de comissão técnica, que assumiu o time interinamente e vem tendo muito mais tranquilidade para trabalhar.

Muricy deixou o clube há pouco menos de um mês, em 6 de abril. Além da necessidade de passar por cirurgia para retirada da vesícula biliar, ele saiu também porque estava desgastado emocionalmente e não vinha rendendo sob a pressão criada por parte do presidente, Carlos Miguel Aidar. Desde o início da temporada, o dirigente respondeu aos pedidos públicos do treinador por reforços e disse que, feitas as contratações, ele então lhe devia títulos. A partir daí, o clima se tornou muito ruim entre eles.

“Eu já vi tudo no futebol. Agora, você (mesmo) se pressionar, nunca tinha visto. A gente está se pressionando. Não é a torcida, não. É um negócio chato, não agrega nada, não ajuda em nada. Acabamos em segundo lugar no ano passado”, disse, ainda no começo de fevereiro. Com o passar do tempo, resultados ruins – especialmente em clássicos e jogos importantes -, tornaram o ambiente cada vez mais carregado. Até que Aidar foi ao CT para apertar sua mão.

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Em 2014, clube brincou com a fama de trabalhador de Muricy Ramalho; um ano depois, treinador é Milton Cruz

A tentativa de cessar-fogo diante das câmeras melhorou o clima. Mas a derrota dura para o Palmeiras levou o treinador a entregar o cargo, o que foi recusado pelo vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro. Uma semana e meia depois, após novo revés, desta vez para o Botafogo-SP, a diretoria e ele entraram em acordo para rescindir o contrato. Depois disso, o interino Milton Cruz, apesar da queda na semifinal estadual, recuperou a confiança do elenco ao bater o Corinthians na Copa Libertadores e passar pela fase de grupos do torneio.

Com quatro vitórias em cinco jogos – o único revés foi justamente para o Santos, na eliminação no Campeonato Paulista -, Milton deu conforto para que os dirigentes freassem a busca por um novo treinador. Será ele o comandante da equipe também na primeira partida das oitavas de final da Libertadores, contra o Cruzeiro, em 6 de maio, no Morumbi. Desde a vitória sobre o arquirrival até este compromisso, terão sido duas semanas de treinamento livres de pressão.

“Não há razão para tirá-lo, vamos deixar o Milton ali, dar paz e tranquilidade para ele trabalhar”, disse Aidar, que nunca foi exatamente fã do trabalho do ex-jogador, funcionário do clube desde 1997. Ocorre que, pelos resultados positivos e a boa recepção dos atletas ao trabalho do auxiliar, tem sido muito mais viável mantê-lo. Nesta sexta-feira, sem folga, ele passará a manhã do feriado treinando o time no Morumbi.

Por sua vez, o treinador anterior, tão marcado pelo lema “Aqui é trabalho” e que viu a data ser transformada pelo clube em “Muricy Day”, no ano passado, seguirá torcendo à distância pelo amigo. “A gente sente falta disso. Eu vejo o futebol o dia todo, de todo mundo. Meu pensamento é de ficar tranquilo até o fim do ano, e aí viajar um pouco, fazer alguma coisa fora, não sei”, falou à Rádio Globo, na quarta-feira.

 

Fonte: Gazeta Esportiva

Um comentário em “Milton passa “Muricy Day” com paz que técnico não teve no trabalho

  1. Não vejo diferença entre o trabalho de um e de outro; vejo apenas a forma diferente.
    Há muito a ranzinzes do Murici tem atrapalhado seu trabalho. Não só a ranzinzes, também a imodéstia, o ficar batendo em seu próprio peito se auto-elogiando, cansou e antipatizou as pessoas. Isso tudo, aliado ao altíssimo salário e ao baixo resultado de seu trabalho, colocou a torcida contra ele.
    A forma como o Milton Cruz interage com os jogadores e a imprensa; a vontade de acertar e a capacidade de pedir ajuda nas horas difíceis, o tornam mais simpático ao público em geral e isso, aliado a um salário honesto e sem estrelismo pessoal, trouxe a paz que ele hoje curte. É lógico que uma desclassificação desmoralizante contra o Cruzeiro pode mudar isso; porém acho difícil acontecer. Não a desclassificação, já que vamos enfrentar ninguém menos que o bi-campeão brasileiro, mas uma desclassificação desmoralizante, aquela com duas derrotas, com o time sem levar perigo ao gol do adversário, com goleada acachapante. Nisso não acredito. Digo mais: acredito que o time respirando esses ares mais leves; com conversas objetivas do treinador com os atletas e, destes entre si, o SP vai passar pelo Cruzeiro e o M+ vai poder continuar saboreando essa paz até as finais do Libertadores…

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