Em crise de lesões, Muricy terá de poupar atletas para reduzir desgaste

A maior preocupação de Muricy Ramalho neste momento é em relação ao desgaste físico acima da média do São Paulo. Nem a reaproximação do time à zona de rebaixamento do Brasileirão tem incomodado tanto o treinador.  A razão da intranquilidade com o condicionamento dos jogadores é que Muricy já sabe que terá de poupar esporadicamente alguns de seus titulares em momentos distintos até o fim do ano, para evitar lesões musculares como as que aconteceram nas últimas semanas.

Nas últimas duas semanas, o lateral direito Douglas, o zagueiro Rafael Toloi e os volantes Maicon e Denilson sofreram com lesões musculares. Os problemas fizeram com que cada um desfalcasse o São Paulo em pelo menos uma partida. O departamento de preparação física do time admite que a equipe está jogando além do que deveria, aponta a maratona de jogos como culpada e fala da necessidade de poupar alguns atletas.

“O momento esportivo fez com que a gente tivesse uma amplitude maior do que poderíamos aguentar. São Paulo tem um elenco grande. Se conseguir equilibrar o desgaste, a gente vai conseguir ter um ganho”, explica Sergio Rocha, preparador físico do São Paulo. “O ano começou antes, teve uma parada no meio. Fizemos uma viagem complicada e uma volta mais complicada ainda. O calendário é desumano”, acrescenta, referindo-se à excursão entre o fim de julho e o início de agosto, para a disputa das Copas Audi, Eusébio e Suruga.

Muricy Ramalho foi mais enfático nas críticas. Não falou apenas da maratona de jogos que o time enfrentou no exterior e no Brasil, mas também sobre a preparação física imposta pela comissão técnica de Ney Franco, que já havia sido criticada pelo goleiro Rogério Ceni logo após a chegada de Paulo Autuori.

Procurado pela reportagem, o ex-coordenador de preparação física, Alexandre Lopes, preferiu não rebater as críticas de Muricy e Ceni. Lopes atualmente integra a comissão técnica do Vitória, time treinado por Ney Franco, que visitará o Morumbi no próximo sábado, pelo Brasileirão.

Um dos jogadores que mais preocupa a comissão técnica é o atacante Welliton, último reforço contratado na atual temporada. O jogador esteve dois meses afastado no Grêmio antes de se transferir por empréstimo ao São Paulo. Na estreia, teve lesão no ombro esquerdo que não foi completamente recuperada até agora, além de apresentar desgaste muscular. O volante Rodrigo Caio, que teve sequência de 31 jogos seguidos como titular, foi o primeiro poupado. O jovem de 20 anos é titular absoluto de Muricy e, por precaução, não participou do jogo contra a Universidad Católica (CHI), na última quarta-feira. Os meias Paulo Henrique Ganso e Jadson, além do lateral esquerdo Reinaldo, são outros dos que preocupam.

“Você joga um jogo no domingo, um jogo na terça e um na quinta, vai ter lesão. Não tem tempo para recuperar o atleta. Não teve tempo para pré-temporada. Está vindo à tona agora, tem muito jogador lesionando por causa disso”, afirma o volante Wellington, que entrou na vaga do lesionado Denilson, no último domingo, contra o Grêmio.

O dilema do São Paulo, agora, é ter de preservar alguns dos principais atletas do time titular enquanto vive situação delicada no Brasileirão e volta a flertar com a zona de rebaixamento. Para o preparador físico Sergio Rocha, o desgaste psicológico por enfrentar cada partida como uma decisão, em meio à crise, também contribui para aumentar o risco de lesões.

“Teve um desgaste físico e emocional agora, com essa história de que cada jogo é uma decisão. Na viagem e na maratona no Brasil, jogamos quatro jogos em oito dias. Isso gerou um desgaste físico enorme. Sem entrar mérito se o elenco está bem preparado ou não. Na situação que nos encontramos na tabela, todo jogo é uma decisão, e a questão psicológica em cima disso é muito grande. Isso tem acarretado em algumas lesões. Tem criado algumas contraturas por conta de esforço”, afirma Rocha.

Segundo Muricy Ramalho, o problema físico do São Paulo é “impossível de ser resolvido” até o fim do ano. O treinador acredita que os jogadores só conseguirão ganhar condicionamento físico e resistência durante a pré-temporada de 2014. Muricy argumenta que, com tanto desgaste, não há como treinar para evoluir. Sergio Rocha, no entanto, vê chance de melhoria desde que o desgaste seja equilibrado ao preservar alguns atletas.

Fonte: Uol

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