Crise política atrapalha planejamento do SP e põe Dorival em saia-justa

A quarta-feira (6) foi agitada nos bastidores políticos do São Paulo. Vinícius Pinotti entregou o cargo de diretor executivo de futebol por divergências com o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Para além da dsputa dos cartolas, a situação atrapalha o planejamento da equipe para 2018 e coloca o treinador Dorival Júnior em uma saia-justa.

Desde que assumiu o comando do São Paulo, Dorival tem sido constante nos elogios à direção do clube, mesmo no ápice da crise em campo, especialmente a Pinotti. O dirigente, igualmente, defendeu repetidas vezes o treinador, que terminou o ano em alta e será o primeiro desde Muricy Ramalho a virar o ano no comando do Tricolor.

Segundo integrantes do departamento de futebol tricolor, no entanto, um dos motivos para o choque entre Leco e Pinotti seria justamente Dorival Júnior. De acordo com esta versão, internamente o então diretor não demonstrava confiança no desempenho do treinador e teria ficado irritado com a performance do time depois da derrota para o Fluminense, por 3 a 1, no dia 18 de outubro. A partir deste momento, Pinotti queria demitir o treinador e teria até sondado Jair Ventura, do Botafogo. O estafe do treinador carioca nega tal conversa com o são-paulino.

A versão, corrente no futebol do clube, coloca Dorival em uma situação incômoda. De férias, pego de surpresa pela demissão, ele iria contra tudo que sinalizou nos últimos meses se apontasse Pinotti como uma má influência no dia a dia do São Paulo. Por outro lado, ficar ao lado do ex-diretor o colocaria em rota de colisão com a direção. Por tudo isso, Dorival não deve se posicionar em cima de suposições.
A explicação de que Pinotti estaria trabalhando contra Dorival não é a única que circulou nos bastidores do São Paulo na última quarta. Pessoas próximas ao ex-diretor defendem que a saída teria sido motivada por um suposto encontro de Leco com Marcelo Djian, atual diretor de futebol do Cruzeiro, para uma negociação envolvendo Lucas Pratto. Na realidade, tal reunião aconteceu por conta do empréstimo de Hudson ao Cruzeiro e, quando questionado, Leco teria refutado liberar o atacante. Pinotti também seria totalmente contra a saída do argentino. No clube mineiro, nos bastidores, os envolvidos na negociação afirmam que as conversas e a proposta foram feitas diretamente ao estafe do jogador.

O “tiroteio” nos bastidores é mais um capítulo da longa crise política que afeta o São Paulo em 2017. Depois de terminar o Brasileiro livre da Série B e em “paz” com a torcida, o clube começava a planejar seu elenco para o próximo ano sob o comando de Pinotti. Ele havia encaminhado a contratação de Jean (goleiro do Bahia), estudava uma proposta para Scarpa (do Fluminense) e fez uma oferta para renovar o vínculo com o volante Jucilei (emprestado pelo Shandong Luneng). As negociações abertas vão ser tocadas pelo advogado Alexandre Pássaro, que normalmente só entra na parte final das transações, mas que já desempenhou tal função no ano passado, quando Marco Aurélio Cunha acertava a sua saída do clube.
Os jogadores do elenco também devem sentir a saída de Pinotti. Boa parte do time gostava do trabalho do dirigente, que estava presente no dia a dia e ajudava a tentar contornar problemas. Havia ainda a desconfiança de alguns de que o relacionamento do presidente com o ex-diretor não era dos melhores. Vale, porém, destacar que mesmo em momentos de crise política, como quando foi revelada a mesada que Pinotti dera ao ex-gerente de marketing envolvido em suposto caso de corrupção, Alan Cimerman, Leco ficou ao lado do subordinado.

Dorival, embora tenha sido colocado em saia justa, não é um dos ameaçados. Pessoalmente, no dia 24 de novembro, e por telefone, nesta quarta-feira (6), o presidente conversou com o treinador para tranquilizá-lo e dizer que acreditava em seu trabalho. A ideia era justamente reforçar o prestígio do técnico e acalmá-lo em relação ao planejamento.

 

Fonte: Uol

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