Conselheiro, técnico, segurança, artilheiro: as faces de Pratto

Quando topou pagar 6,2 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos de Lucas Pratto, o São Paulo queria mais do que um centroavante de peso, experiente, que intimidasse adversários. A cara que a diretoria quer ver na equipe num futuro próximo é a do argentino: da raça na comemoração de seus gols, de seu inconformisno nas derrotas ou de sua sobriedade para tratar dos mais diversos assuntos. Desde o trabalho de segurança de formaturas na Argentina, para ganhar dinheiro no fim de semana, até detalhar taticamente a ideia de Rogério Ceni para o time.

Nessa entrevista ao GloboEsporte.com, o atacante só pediu para não falar sobre a indefinição que vive a Argentina após a saída de Edgardo Bauza, técnico que o incluiu em suas convocações. Jorge Sampaoli é o favorito a assumir.

Se na seleção a condição de Pratto passa a ser uma incógnita, no São Paulo ele é tratado como referência. Autor de 7 gols em 12 jogos, o atacante carrega a esperança de boa parte da torcida, cansada de eliminações, num segundo semestre melhor. Título brasileiro? Pratto diz que para o Tricolor lutar, terá de começar bem, arrancar nas primeiras rodadas.

– Eu quero ser campeão, mas o Campeonato Brasileiro tem pelo menos 10 times grandes, além de 8 ou 9 muito fortes, como a Ponte Preta, que chegou à final do estadual mais difícil. Temos que aproveitar os primeiros jogos. Muitos rivais diretos pelo título estão na Libertadores, terão menos descanso. As primeiras rodadas serão fundamentais para sabermos o que queremos.

Veja abaixo a íntegra da entrevista:

Não faz nem três meses que você chegou ao São Paulo, e já se classificou, foi eliminado, teve estádio cheio, vazio, foi capitão, fez gols, foi à seleção. Como se adaptar a uma vida nova com tantas coisas acontecendo nessa velocidade?
Agora, lamentavelmente por ficar fora de duas competições, nesses 15 dias de treinos mais fortes, comecei a conhecer melhor o clube, o que quer o treinador, as pessoas que trabalham aqui. Principalmente os companheiros, com quem compartilho o dia-a-dia. Cheguei fazendo gols, e isso dá confiança a um atacante. O São Paulo precisa ter uma ideia de jogo bem clara, estamos tentando nos adaptar a uma identidade que o São Paulo quer recuperar com o Rogério.

O treinador foi o jogador mais vencedor da história, então, além dos conceitos de jogo que pode dar, temos que absorver o que é ser jogador do São Paulo, a mentalidade vencedora. Fizemos isso muito bem em alguns momentos, mas temos de encontrar regularidade porque houve jogos muito ruins, que nos deixaram fora das duas competições.

Que ideia de jogo é essa? O que o São Paulo quer ser, e o Rogério quer que o São Paulo seja?
A maioria dos times brasileiros joga no 4-2-3-1, um ou outro no 4-3-3 ou 4-1-4-1. Nós jogamos num 4-3-3 bem ofensivo, na pressão e contrapressão, tentamos recuperar a bola o mais perto possível do gol adversário. Em alguns momentos tivemos facilidade de jogar no contra-ataque pelos jogadores de muita velocidade e potência no meio-campo, mas a ideia é jogar o tempo todo no campo do rival. Obviamente, não vamos conseguir pressionar 90 minutos, mas manter essa regularidade: pressionar no ataque, recuperar a bola perto do gol rival, trocar 5 ou 10 passes e atacar. Se recuperarmos a bola perto da área para já finalizar, melhor.

Senão, o mais longe possível do nosso gol. Por vezes, fomos muito cadenciados, e não estamos acostumados. Nos melhores jogos, tivemos 70 ou 80% de tempo de agressividade. Se conseguirmos uma intensidade boa como contra o Cruzeiro, alguns momentos contra o Corinthians e alguns jogos do estadual, teremos resultados muito bons. Não queremos mudar a ideia fora de casa. Queremos executar a ideia do Rogério dentro ou fora.

E os jogadores acreditam nessa ideia de jogo, e que ela é a melhor para o São Paulo?
Sempre que o jogador acredita, tudo é mais fácil. Nossos piores jogos foram os que não fomos intensos e não conseguimos executar as ideias do Rogério. Nós desacreditamos um pouco do que fazíamos. Jogamos bem quando perdemos do Cruzeiro em casa (Pratto fez um gol contra nesse jogo). Não fomos muito agressivos ao atacar, mas praticamente não sofremos na defesa. Mas tomamos dois gols de bola parada e ficamos com desconfiança, sentimos contra o Corinthians.

Jogamos muito mal o primeiro tempo, e no segundo fomos o time que deveríamos ter sido. Como visitante mudamos. Tínhamos tudo para perder, mas usamos a camisa e mostramos que podíamos virar. Não conseguimos, mas deixamos boa impressão. Temos que trabalhar muito o aspecto psicológico do time. Vamos passar por maus momentos…

Você está falando em saber sofrer?
Temos que saber sofrer. É uma das questões que estamos precisando, não soubemos em partes do jogo. E sofrer sem tomar gols. Temos que administrar isso e melhorar o aspecto do jogo, mas se a largada (no Brasileiro) for boa e se conseguirmos nos classificar na Sul-Americana (o São Paulo precisa vencer o Defensa y Justicia, dia 11 de maio, no Morumbi), isso dará confiança ao time e à torcida. Temos que mostrar a todos que acreditamos no trabalho do Rogério e num sistema de jogo um pouco diferente do que existe hoje no Brasil.

É muito difícil falar se somos candidatos ao título. Eu quero ser campeão, mas o Campeonato Brasileiro tem pelo menos 10 times grandes, além de 8 ou 9 muito fortes, como a Ponte Preta, que chegou à final do estadual mais difícil do Brasil

Por duas vezes, as câmeras flagraram o Rogério te entregando papéis com orientações táticas. Por que ele o escolheu para transmitir ao time? Sua leitura de jogo é mais apurada?
Contra o Defensa y Justicia acho que foi porque eu estava perto. Contra o Cruzeiro eu estava um pouco mais longe, mas talvez por ter sido uma mudança ofensiva. Há jogadores que têm mais facilidade na leitura de jogo, acho que eu tenho, que entendo mais rápido certas coisas. Mas contra o Cruzeiro era para ir todo mundo ao ataque e tentar o terceiro gol (risos), nada diferente. Contra o Defensa era uma mudança tática do time todo.

Muitas pessoas, espontaneamente, já o citam como exemplo no São Paulo, com certa admiração. Você sente ter conquistado esse respeito? E por que ocorreu tão rápido?
Nasci não tendo nada, e minha mãe sempre me ensinou a respeitar a todos, seja o roupeiro ou o Rogério, pessoa mais importante do clube. Chego, cumprimento todo mundo, tento fazer um trabalho sério, ajudar os jogadores mais novos, e são muitos aqui que precisam de ajuda com tanta coisa no mundo moderno. É muito fácil criticar, mas é muito mais difícil tentar ajudar os meninos. Tentamos dar exemplos de nossa vida no futebol.

Eu trabalhei muito para chegar a um time grande, não foi fácil, é bom falar dos times pequenos em que joguei, de Série B ou da Noruega, que ninguém conhece, para que eles aproveitem onde estão, saibam que estão representando um dos clubes mais importantes do mundo. Mas o principal é dentro do campo. Quando você se esforça e tenta fazer o máximo em seu trabalho, é onde te olham e tomam como exemplo, e acabam por fazer o mesmo que os mais experientes.

Pratto recebe a marcação do técnico Rogério Ceni durante treinamento no CT da Barra Funda (Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net)Pratto recebe a marcação do técnico Rogério Ceni durante treinamento no CT da Barra Funda (Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net)

Pratto recebe a marcação do técnico Rogério Ceni durante treinamento no CT da Barra Funda (Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net)

É muito diferente ser um jovem no futebol hoje em relação à sua época?
Dei cabeçadas, como todo mundo, mas minha personalidade nunca mudou. Eu tive quatro estandartes na minha vida: minha mãe, meu irmão, meu empresário e um amigo que é irmão do Martín Palermo (ex-atacante argentino). Poucos jogadores têm a sorte de ter um só empresário na vida. O meu está comigo há 11 anos e nunca me deu nada. Quando eu jogava na base, ele dizia: “Não vou te comprar um carro nem uma casa, isso será com seu dinheiro, mas quando você tiver que brigar por um contrato, com diretorias e presidentes, eu estarei presente”.

Isso mudou muito. O menino chega com 17, 18 anos ao time profissional e tem um carro mais caro do que o jogador de 35. Se ele não é um menino de boa família, como tem um carro desse? Aí fica sabendo que os empresários dão casas, carros. Eu tento falar que podem dar alguma coisa agora para pegar de volta o dobro no futuro. Não é geral, mas muitas vezes acontece.

O mundo do jogador mudou muito. Eles têm que ter contato com as redes sociais, mas é preciso ter pessoas que os assessorem. Não é fácil para meninos de 19 ou 20 anos que têm Instagram, Twitter, Facebook. São os meios mais rápidos para serem criticados e elogiados. Digo que eles nunca serão os piores nem os melhores. Tirando Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e Suárez, todo mundo é igual (risos).

O Campeonato Brasileiro começa dia 14 para o São Paulo. Vocês são candidatos ao título?
É muito difícil falar se somos candidatos ao título. Eu quero ser campeão, mas o Campeonato Brasileiro tem pelo menos 10 times grandes, além de 8 ou 9 muito fortes, como a Ponte Preta, que chegou à final do estadual mais difícil do Brasil. Temos que aproveitar os primeiros jogos. Muitos rivais diretos pelo título estão na Libertadores, terão menos descanso. As primeiras rodadas serão fundamentais para sabermos o que queremos no campeonato.

Eu estava lendo o livro do Simeone (argentino, técnico do Atlético de Madrid), e ele diz que sempre brigou quando começou bem, porque no segundo turno, quando estão brigando por título ou rebaixamento, as equipes não cedem nada. Acho que temos time para ficar entre os quatro primeiros, e vai depender de nós estar brigando pelo título nos últimos jogos.

Você fez questão de ir para o São Paulo, mas como foi a decisão de deixar o Atlético-MG?
Foi uma conversa minha com o Daniel (Nepomuceno), presidente. Aconteceram muitas coisas extrafutebol que não gostei, entre diretoria e outras pessoas dentro do clube, e me forçaram a tomar uma decisão difícil de aceitar, sobretudo para o torcedor do Atlético. Tenho muito carinho pelo clube, a torcida, as pessoas que trabalham no dia-a-dia, ex-companheiros. Eu saí chorando da coletiva de imprensa em que disse que sairia.

Mas quando chegou a proposta do São Paulo eu fiz questão de vir porque é um time muito grande, pelo treinador, pela seriedade do que me falaram. Quando me ligaram, não disseram que queriam contar comigo como atacante, e sim com minha pessoa, meu caráter, pelo que queriam para o futuro. Muitos ingredientes me trouxeram aqui, é um dos maiores times do Brasil. Foi uma decisão difícil porque quero muito ao Atlético, mas era momento de sair para deixar muitas situações que se passavam dentro do clube.

Pratto tem sido o responsável por passar as informações dos bilhetes de Ceni ao elenco do São Paulo (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)Pratto tem sido o responsável por passar as informações dos bilhetes de Ceni ao elenco do São Paulo (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)

Pratto tem sido o responsável por passar as informações dos bilhetes de Ceni ao elenco do São Paulo (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)

Como está sua vida em São Paulo? Já tem sua casa, dirige?
Eu me cerquei muito sobre onde morar, todo mundo fala que é muito inseguro, para tomar cuidado, e eu digo: “Cara, eu sou argentino, não italiano ou espanhol” (risos). Morei em Belo Horizonte, uma cidade bastante segura. Aqui eu demorei a conseguir uma casa para morar, mas sou bastante quieto. Trouxe meu carro de Belo Horizonte, agora já memorizei o caminho até o CT. Moro perto do Buffarini, vinha com ele nas primeiras semanas. Agora, se pegar trânsito, coloco no Waze e encontro outro caminho (risos).

A companhia de argentinos e de outros estrangeiros facilitou sua adaptação?
Muito. Eu já conhecia o Buffa, antes de chegar liguei para saber como eram o grupo de jogadores e o clube. Não conhecia o Chavez, mas nos damos muito bem, e com o Diego (Lugano) também. O Cueva já é de um país mais longe (risos), mas nos damos muito bem. Tenho um relacionamento pessoal mais próximo com Buffa e Chavez, por sermos argentinos. O grupo é muito bom, foi receptivo, similar de quando cheguei ao Atlético, me permitiu entrar facilmente no dia-a-dia.

De que coisas tipicamente brasileiras você gosta, e o que o incomoda no país?
Eu como as mesmas coisas que na Argentina. Provei feijão tropeiro e gostei. As mulheres são lindas (risos), mas na Argentina também são. O que me incomoda é que você ganha um jogo e é o melhor do mundo, perde o outro e é o pior. No Brasil não há meio termo. A Argentina está um pouco assim também, mas não se sente tanto no estádio como aqui. No Brasil se absorve muito o que a imprensa fala, sem querer falar mal de vocês. Você passa de melhor do mundo a pior em uma semana. Mas faz parte do trabalho, é a vida.

Você disse que está lendo o livro do Simeone. Lê muito sobre futebol?
Não sou muito de ler, gosto de biografias de personalidades que gosto. Li um livro de liderança, sobre a seleção de rúgbi da Nova Zelândia, muito bom. E agora estou lendo o do Simeone. Me aconselharam a ler o do Guardiola, mas não sou muito adepto da ideia dele de jogo. Não gosto muito do futebol mais cadenciado, prefiro a intensidade.

Lucas Pratto comemora um dos seus gols pelo São Paulo (Foto: Marcos Ribolli)Lucas Pratto comemora um dos seus gols pelo São Paulo (Foto: Marcos Ribolli)

Lucas Pratto comemora um dos seus gols pelo São Paulo (Foto: Marcos Ribolli)

A ideia de jogo do Rogério não se parece com a do Guardiola?
Não, se parece mais com a do Sampaoli. O Rogério gosta de sair jogando, mas de ser intenso. O Guardiola gosta mais da posse de bola. Nós também gostamos, mas não de fazer 100 passes, e sim de atacar e ser intensos quando houver oportunidade. A característica do Guardiola sempre foi de mais cadência. Eu gosto dele, mas não compartilho certas coisas. Prefiro ler livros do Simeone e do Sampaoli do que o do Guardiola.

Agora há pouco você citou Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e Suárez. São os quatro jogadores que você mais gosta atualmente?
Sim. E do Dybala.

E quando você era criança, quem eram seus ídolos?
Eu gostava muito do Totti. De centroavantes, do Ronaldo Fenômeno, Henry, de como o Palermo se posicionava e entendia o jogo. Acho que o melhor do mundo hoje é o Messi, por como entende o jogo e faz o time jogar. Gosto muito da linha de três zagueiros da Juventus (Itália), do Buffon, gostava do Casillas. E também gosto muito de volantes. Quando eu era mais novo gostava do Verón e do Redondo. Depois Simeone, Almeyda. Gostava muito do Gilberto Silva no Arsenal. Eu era volante.

Volante?
Fiz testes no Estudiantes e no Gimnasia, times da minha cidade, como volante. E nos dois times me mandaram jogar na zaga. Eu tinha uma técnica um pouco especial para jogar nessa posição (risos). Mas nunca gostei. No Cambaceres, joguei de volante, o treinador disse que eu ia muito bem ao ataque, mas não voltava. E eu disse que o outro volante marcava (risos). Quando cheguei ao Boca Juniors, treinava como meia, quase segundo atacante, mas não era o jogador que sou agora. Pesava uns 15 quilos a menos, não fazia nada. Eles falaram que eu tinha pouca massa muscular, me colocaram na academia. Aí comecei a ficar maior e mais gordo (risos).

Foi nessa época que surgiu o apelido de Urso?
Urso apareceu no Vélez, quando voltei da Itália. Alguns companheiros falavam gordo e outros urso. Um jornalista falou urso, aí ficou.

É verdade que você foi segurança de festas?
Quando eu era menino e jogava no Cambaceres, a família não tinha dinheiro. Para ter dinheiro para as férias, eu trabalhava num clube que fazia festas de formatura. Eles não precisavam de seguranças oficiais, e sim de uma pessoa que ficasse lá e ligasse para a polícia se houvesse algum problema. Era eu (risos). Ganhava um dinheiro todo fim de semana. Distribuí folhetos de pizzarias pelas casas, fiz muita coisa.

Não sou muito de ler, gosto de biografias de personalidades que gosto. Li um livro de liderança, sobre a seleção de rúgbi da Nova Zelândia, muito bom. E agora estou lendo o do Simeone. Me aconselharam a ler o do Guardiola, mas não sou muito adepto da ideia dele de jogo. Não gosto muito do futebol mais cadenciado, prefiro a intensidade.

E você ligava para a polícia ou resolvia sozinho mesmo?
Eu ligava, era novo. Mas só uma vez fiquei bravo com um formando porque tinha uma janela que não podiam abrir. Uma vizinha um pouco chata dizia que não ligaria para a polícia se não abrissem aquela janela, que era a que mais a incomodava. Então eu sempre dizia aos organizadores que, se abrissem, a vizinha chamaria a polícia e cancelaria a festa. Um dia estava muito quente, e subi para ver se estava tudo bem. A janela estava aberta.

Fechei, mas 15 minutos depois, sabe quando você tem a sensação de que as pessoas não faziam muita questão? Subi e estava aberta de novo. Fechei e falei que na próxima ligaria para a polícia. Em meia hora subi e estava aberta de novo. Liguei para o proprietário do clube e expliquei tudo. Ele chegou xingando todo mundo, quase acabou com a festa. Reclamaram comigo, mas eu disse que era melhor ter ligado para ele do que para a polícia.

Então o Pratto é um jogador disciplinado? Uma pessoa que gosta de regras?
No futebol sim. Eu gosto, e quando se gosta faz com felicidade. Mas em casa, com minha filha, sou mais tranquilo. Se o Rogério me falar: “Pratto, vai ser goleiro”, eu digo não (risos). Lá era diferente, a vizinha era muito chata, cabeça dura. Era para o bem deles, para curtirem a noite.

Fonte: Globo Esporte

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