Novo técnico do São Paulo, Edgardo Bauza prioriza um time organizado e é confiante nas suas convicções. Os relatos são do jornalista Leandro Alves, da rádio “Mitre” e da “DeporTV”, veículos da Argentina pelos quais acompanha há 10 anos o dia a dia do San Lorenzo, último time do treinador nas temporadas 2014 e 2015.

Bauza prefere armar seus times a partir de uma defesa sólida. Prova disso são os números do San Lorenzo no campeonato Argentino, do qual foi vice-campeão, atrás do Boca Juniors: foi o time menos vazado (20 gols sofridos em 30 partidas), com o quarto melhor ataque (44 gols marcados) e obteve o maior saldo de gols da competição (24).

– É o melhor treinador dos que eu vi trabalhar (no San Lorenzo) junto ao Simeone (no clube em 2009 e 2010). Ele tem o estilo de manter a posse da bola e avançar de forma organizada. O sistema que mais gosta é o 3-5-2, mas muda quando o plantel não lhe permite usar esse esquema. No San Lorenzo, jogava no 4-2-3-1. Se tem de segurar um resultado, faz sem problemas. Costuma ser mais defensivo do que ofensivo – disse o jornalista.

– Sempre disse que o futebol brasileiro é muito competitivo e tinha vontade de trabalhar no país. É um técnico simples, que se aproxima com facilidade dos jogadores. Sabe o que quer e como fazer. Seus times são equilibrados: atacam, mas sem perder a organização na hora de voltar. Tem um estilo semelhante ao de Scolari – acrescentou.

Duas vezes campeão da Taça Libertadores com LDU, do Equador (2008), e com o próprio San Lorenzo (2014), Bauza protagonizou história curiosa nas oitavas de final da competição, contra o Grêmio. Antes de o time argentino bater os gaúchos nas penalidades, por 4 a 2, o treinador definiu os batedores, saiu do gramado e foi para os vestiários. Questionado sobre o motivo da atitude, ele respondeu nos corredores da Arena do Grêmio:

– Para que vou ver? Já ganhamos.

Edgardo Bauza comanda San Lorenzo na Arena Corinthians: técnico vai treinar o São Paulo (Foto: Marcos Ribolli)

As palavras que podem soar como arrogantes não refletem a personalidade do treinador no dia a dia. Apesar de não ser adepto ao rodízio como Juan Carlos Osorio, agora na seleção do México, Bauza se assemelha ao colombiano pela educação e humildade.

Desde criança o treinador é chamado de “Patón”, apelido cuja tradução faz referência a um mau dançarino, a alguém desajeitado por conta da altura de 1,89m. A predileção por jogadores experientes pode ser exemplificada na relação com Hernán Barcos, atacante ex-Palmeiras e seu jogador na LDU – o atacante está no Tianjin Teda, da China.

No fim de novembro, Bauza negociou com o Flamengo, mas o Rubro-Negro acertou com Muricy Ramalho. Agora, ele fechou contrato até o fim de 2016 sem multa com o São Paulo. A torcida espera que o “Patón” volte a fazer o Tricolor honrar sua tradição de brasileiro com mais participações na Libertadores: em 2016 será a 18ª do time, dono de três títulos.

Fonte: Globo  Esporte