Clubes se rebelam e ameaçam não jogar após anúncio de maratona

O anúncio da CBF sobre as alterações de datas que forçarão os times a jogarem até quatro vezes em oito dias no Campeonato Brasileiro não caiu bem entre os dirigentes dos clubes envolvidos.

O presidente do Náutico, Paulo Wanderley, chegou a ameaçar não jogar. O clube pernambucano está previsto para enfrentar o São Paulo no dia 3 de setembro, o Vasco no dia 5 e o Corinthians no dia 8.

“O que manda a lei é que os jogos precisam ocorrer no prazo de 66 horas. Nós só vamos jogar caso esse prazo seja respeitado. O Náutico não tem nada a ver com a excursão do São Paulo e o amistoso do Santos com o Barcelona”, disparou o presidente.

O técnico do Santos, Claudinei Oliveira, também condenou a maratona provocada pela alteração nas datas: “Eu acho meio absurda essa urgência de se marcar esses jogos. Acho que até juridicamente tem um limite de horas que o jogador tem que respeitar”.

“Futebol é diferente de outros esportes, porque tem contato, tem trauma. Tem que ver o sindicato dos atletas, o que eles vão falar sobre o assunto. Todos os envolvidos tem que se mobilizar para reverter essa situação. Não é assim que a gente resolve as coisas. Até aquele que não viajou, é prejudicado”, completou Claudinei.

Outro time prejudicado foi o Internacional, que, com o informe da CBF nesta terça-feira, terá que enfrentar Ponte Preta no sábado, em Campinas e depois receber o Santos na segunda-feira e o Vitória na quarta. O time gaúcho irá sugerir que o jogo contra o Santos seja realizado no dia 4 de dezembro, uma quarta-feira antes da última rodada do Brasileirão

“O Santos viaja, faz um amistoso e o Inter acaba prejudicado? Não está certo”, argumentou o executivo colorado Newton Drummond. “Não fomos nós que viajamos, não tivemos vantagem financeira alguma. Estamos sendo prejudicados se este calendário for confirmado. Faremos, sim, o pedido para um novo adiamento. O campeonato não tem título de turno e returno, então não existe obrigação que este jogo aconteça até tal mês”, completou o diretor de futebol do Inter, Marcelo Medeiros.

O presidente da Ponte Preta, Márcio Della Volpe, foi mais um a se manifestar contra as mudanças. Seu time fará cinco jogos em oito dias. “Mais uma vez, o calendário prejudica os times. É impossível se manter um futebol de  qualidade com um jogo atrás do outro. E penso que, se neste ano está assim, no ano que vem, com a Copa do Mundo, será ainda pior”.

Já a diretoria do São Paulo deverá pedir à CBF a reconsideração na alteração da data da partida contra o Náutico, agora marcada para o dia 3 de setembro, na Arena Pernambuco. A mudança fez com que o clube também tenha que fazer quatro partidas em oito dias.

O São Paulo enfrenta o Botafogo no dia 1, Criciúma no dia 5 e Coritiba no dia 8. O jogo contra o Náutico entra no meio dos dois primeiros, e provocaria maratona semelhante à da excursão do São Paulo no exterior, quando jogou contra Bayern de Munique (ALE), Milan (ITA), Benfica (POR) e Kashima Antlers (JAP) em oito dias.

O Atlético-MG, por sua vez, já sabia que teria de enfrentar este calendário, desde quando pediu a mudança do jogo contra a Ponte Preta. A CBF já havia informado que tinha dificuldades de data, mas o Atlético optou em enfrentar a maratona de jogos agora, para não ter desgaste na final da Libertadores, e por isso não vai criar problema com a data, mesmo jogando duas partidas em diferença de 48 horas.

Adiado por causa da final da Libertadores contra o Olímpia, vencida pelo Atlético-MG, o jogo com a Ponte Preta, pela 8ª rodada do Campeonato Brasileiro, foi marcado pela CBF para o dia 10 de setembro, uma terça-feira, no Independência. Para jogar em um dia em que normalmente não há partidas pela Série A, outros jogos do time atleticano tiveram de ser remanejados pela CBF, e o time mineiro terá de realizar compromissos em um intervalo de 48 horas.

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