Casemiro pede a Real Madrid para exercer opção de compra

Casemiro ganhou fama na Espanha e grande repercussão no Brasil quando, no final de abril, conseguiu subir do time B para o Real Madrid, de Jose Mourinho. E, para isso, não teve caminho fácil. Posição ideal, peso ideal, tudo foi cobrado. Agora, o ex-meia são-paulino – segundo seus interlocutores – treina muito, calado e com disposição. Seu foco, quase obsessão é que o Real exerça o poder de compra que tem acerca do empréstimo junto ao São Paulo.

Jornalistas espanhóis, como David Afonso e Carlos Forjanes, dizem que o clube merengue vai negociar, buscando um preço menor. Joseph Lee, seu empresário, após o jogo contra o Betis, o da estreia no time A, disse que o Real já havia decidido pela negociação. O contrato seria de cinco anos e Casemiro receberia 2,8 milhões de euros por ano.

Nem tudo era esse paraíso quando Casemiro chegou a Madri, em 5 de fevereiro, para se incorporar ao Real Madrid Castillas, o chamado Real Madrid B, que disputa a segunda divisão da Espanha. Ao pisar em solo espanhol, recebeu duas recomendações. Teria de emagrecer 4,5 quilos e seria o volante de contenção da equipe, responsável maior pela proteção à zaga.

Cumpriu ambas. Está pesando os 81 quilos recomendados e foi titular por dez jogos seguidos do Castillas. Jogou 756 minutos e o time subiu do 18º para o décimo lugar. “O treinador Alberto Toril gosta muito do Casemiro porque ele faz o trabalho sujo no meio do campo (uma espécie de Khedira) junto a Alex e Mosquera (jogador mais criativo)”, diz David Alonso Carmona, da rádio Prisa de Madrid.

Não saber exatamente qual é sua função em campo é algo que sempre atrapalhou o desenvolvimento pleno de Casemiro. Uma confusão que fica marcada inclusive no site do Real Madrid, em que ele se diz capaz de cumprir três funções no meio campo e ao mesmo tempo. Um exagero evidente para qualquer jogador do mundo.

Saber o que era preciso fazer e o que se esperava dele foi fundamental para Casemiro acertar o foco. Seu objetivo, é claro, é fazer com que o Real Madrid exerça o direito de compra e pague os 6 milhões de euros fixados pelo São Paulo.

Ao contrário de seu empresário Joseph Lee, autor da frase “ele não é jogador de filial e logo estará no time de cima”, dita logo em sua chegada à Espanha, ele não demonstra nenhuma constrangimento ou rebeldia por haver recebido apenas uma chance.

Foi contra o Betis, dia 20 de abril. Recebeu muitos elogios. “Quando precisamos dele, correspondeu”, disse Aidor Karanka, auxiliar de José Mourinho. “Pode parecer um jogador lento, mas é sempre muito criterioso nos passes”, afirmou Jorge Valdano, diretor do clube. O jornalista Fran Gonzáles, do jornal La Infomación, foi mais entusiasmado. “Fez uma grande partida e ficou mais perto de cumprir seu sonho de se incorporar ao Real Madrid”.

O jogo seguinte do Real foi contra o Bayern, em Munique, pela Liga dos Campeões. Ele foi relacionado, viajou para a Alemanha mas não ficou no banco. Havia expectativas de que jogaria o clássico contra o Atlético dias depois, mas Mourinho não o chamou.

A reação de Casemiro foi voltar ao Castillas sem demonstrar nenhuma insatisfação e a mesma combatividade em campo. Há uma preocupação da parte do jogador, e também do clube, em deixar claro que não há pressão de Casemiro por um lugar no time principal. Em uma entrevista ao Diário de S. Paulo, Casemiro disse que estava feliz no time B mas que, lógico, gostaria de jogar no Real Madrid principal. A imprensa espanhola tratou o caso como se ele estivesse pedindo uma vaga no time e novas entrevistas foram proibidas.

Para o Castillas, ter um jogador como Casemiro, com passagem ainda que curta pela seleção principal do Brasil é um luxo. E, paradoxalmente, o seu currículo é que tem atrapalhado algumas observações de jornalistas. “Por haver sido da seleção brasileira se esperava mais dele. É pouco mais que um jogador de equipe”, diz David Alonso. “É fácil perceber que é um bom jogador, mas ainda não fez uma partida brilhante. Em dez jogos, teve cinco amarelos, não fez nenhum gol e não deu assistência”, afirma Carlos Forjanes, do diário As.

Casemiro é tímido. Seu melhor amigo no São Paulo é Denis, também conhecido por ser de poucas palavras. Em Madri, sente-se acolhido pelos dirigentes e tem feito amizades principalmente com os brasileiros Fabinho (companheiro do Castillas e agora também do Real Madrid) , Kaká e Marcelo, além dos portugueses Cristiano Ronaldo, Coentrão, Pepe e Ricardo Carvalho. Apesar das dificuldades com o idioma, não tem problemas de comunicação.

Mora com a noiva, Anna Mariana Ortega, em um apartamento perto do CT do Real Madrid. Ele se localiza a dois quilômetros das Quatro Torres de Madrid, o mais moderno conjunto arquitetônico da capital espanhola. A Torre Bankia, mais alta das quatro, tem 250 metros de altura. Recebe visitas da mãe, dos irmãos e do sogro. Visita pontos turísticos e vai a restaurantes dar vazão ao gosto por comida espanhola.

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