Bruno Alves avisa: “Se tiver que cortar a cara de novo, a gente corta”

Bruno Alves recebeu a reportagem do LANCE!​ no CT da Barra Funda com um curativo no rosto. São as marcas da batalha do último sábado, contra o Bahia, que rendeu mais três pontos para o São Paulo na tabela do Brasileirão e sete pontos no lado direito da face do zagueiro de 27 anos. Ele nunca havia sofrido um machucado deste tipo na carreira, mas avisa que já está pronto para a próxima:

– A gente fala aqui que nosso elenco está com fome. Temos a oportunidade de disputar o título e vamos lutar com todas as armas que temos. Cada jogo é uma guerra. Se tiver que cortar a cara de novo, a gente vai cortar. Se tiver que jogar com nove, a gente vai dar um jeito. A gente quer buscar esse título para o São Paulo. A qualquer custo – disse o defensor, nesta terça-feira, após o treino de reapresentação do elenco.

Bruno Alves se machucou já nos minutos finais e terminou o jogo com o rosto cheio de esparadrapos, em um curativo improvisado para voltar rapidamente ao gramado e ajudar o time a confirmar a vitória por 1 a 0. Diego Souza, que marcou o gol e atuou como zagueiro enquanto o colega recebia atendimento, também levou pontos: três, no supercílio.

– O Lucas Fonseca levantou um pouco o braço e me acertou. Foi um acidente, tenho certeza que não foi maldade dele. Levei a pancada e nem me liguei, voltei para recompor rápido, mas o Diego Souza olhou para mim e levou até um susto. Quando coloquei a mão, estava realmente saindo bastante sangue. A gente teve que fazer um curativo no improviso ali para voltar. O doutor disse que precisaria dar ponto, mas eu falei: “Não, quero voltar para o jogo”. Ele disse que não tinha como enfaixar, aí eu falei: “Então me dá um esparadrapo aí”. Saí colando (risos). Consegui voltar e ajudar na reta final do jogo. A gente estava brincando no vestiário que com os meus pontos e os do Diego Souza o São Paulo seria líder isolado do Brasileirão – emendou Bruno, que brincou sobre os minutos em que o camisa 9 da equipe jogou em seu lugar na defesa:

– Deixa o Diego do meio para a frente mesmo (risos). Está resolvendo para nós, está ajudando. Na zaga a gente da conta – sorriu.

‘Cadê meu filho-amuleto?’

Alvo de gozação dos companheiros, Bruno Alves está se esforçando para deixar as superstições de lado, mas não abre mão de uma delas: quando ele entra em campo com Henry Miguel, seu filho de um ano, o São Paulo vence. No sábado, contra o Bahia, foi um pouco diferente… Mas deu certo!

– A minha esposa confundiu o horário. Ela pensou que o jogo fosse às 19h30. Eu falei: “Leva ele para entrar comigo, vamos manter a escrita”. Quando vi que ele não estava ali já comecei a ficar nervoso. “Meu Deus do céu, cadê o Henry?”. Ela falou que na hora que começou a tocar o Hino ela estava indo lá, começou a chorar de nervoso. Mas pensei: “Ah, está bom, ele estando no Morumbi está tudo certo”. Não consegui entrar com ele, mas ele estava lá, purificou o ar… Ele continua invicto – contou o são-paulino.

– Antes eu não escutava áudio indo para o jogo, não trocava de música, não atendia ligação… Essas eu estou conseguindo cortar. Mas, se eu atendo e perco, no outro jogo já não atendo (risos). Aos poucos isso vai melhorando. Os caras ficam zoando, falaram que eu estava ficando meio louco, aí eu cortei um pouquinho. Mas a do Henry eu quero levar adiante enquanto estiver dando certo. Depois que der errado a primeira vez a gente muda, vê outra coisa – sorriu.

A mãe prefere nem ver

Bruno Alves contou no ano passado que sua mãe chegou a desmaiar ao vê-lo marcar um gol com a camisa do São Paulo, clube do coração de 80% da família. Agora, dona Naíde tem se poupado da emoção da briga pela liderança do Brasileiro.

– Ela está ficando na cozinha, nem está assistindo mais. Quando ela vem aqui no Morumbi fica com o meu filho nos brinquedos do camarote e se distrai. Só corre para ver quando é gol. Ela falou que não está acostumada ainda, o nervosismo bate. E os jogos estão muito difíceis, é emoção, gol no fim, sufoco… Ela prefere ver depois – disse o defensor, que aproveitou a folga de domingo para visitar a família em Jacareí-SP, onde ouviu uma cobrança de Darci, um tio tricolor.

– Ele chegou em mim e falou: “Olha, você continua jogando bem, porque se jogar mal eu vou ser o primeiro a te cobrar”. Então a cobrança vem da família já. Tem minha mãe, minha irmã, minhas tias… Acho que 80% da família são são-paulinos.

Ambiente leve, concentração pesada

O vestiário do São Paulo estava em festa antes da partida contra o Bahia, no último sábado. O clube firmou uma parceria com o Spotify, plataforma de compartilhamento de músicas, e todos os jogadores foram presenteados com um fone de ouvido e uma caricatura. A brincadeira foi grande.

– Pô, os caras quebraram demais, tá louco! A gente brincou que eles deixaram a auto-estima dos guerreiros lá embaixo antes do jogo (risos). Tem cada uma… A minha foi a menos pior. Teve gente que ficou judiada ali. O Nenê, o Anderson e o Sidão formam o top 3 dos mais feios do time (risos) – gargalhou Bruno.

Instantes depois, porém, já estavam todos com a expressão fechada para o aquecimento. No jogo, então, nem se fala. O zagueiro acredita que a junção do ambiente leve com a seriedade com que a equipe encara as partidas tem sido fundamental.

– Acho que a união desse grupo está fazendo a diferença. Desde os meninos mais novos até os mais experientes todo mundo tem liberdade para brincar com todo mundo. Isso deixa o clima mais leve. Quando a gente recebeu as caricaturas ficou todo mundo zoando, isso é legal, mas a gente consegue mudar a chave. O vestiário é leve, só que na hora que a gente vai para o aquecimento já estamos com foco total, seriedade em busca dos objetivos.

Ao lado de Arboleda e Anderson Martins, Bruno Alves faz parte do revezamento de zagueiros promovido por Diego Aguirre na equipe titular. Ninguém sabe ainda quais serão os escolhidos para o clássico de domingo, contra o Santos, na Vila Belmiro, que pode devolver ao Tricolor a primeira posição – está empatado em pontos com o Inter, mas perde no saldo.

 

Fonte: Lance

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