Até vencer sombra de Luxa, Milton contou até com ajuda dos filhos

Vencer o Flamengo, de Vanderlei Luxemburgo, teve sabor especial para Milton Cruz. E por diversos fatores: ter usado um time misto na estreia do Campeonato Brasileiro, ter as atenções divididas com a Libertadores e, acima de tudo, ter mostrado que tem capacidade para bater o técnico que parte da diretoria planejava trazer para substituir Muricy Ramalho e que teve o nome gritado por torcedores em jogos no Morumbi.

– O Vanderlei é um dos melhores treinadores do Brasil, já aprendi muita coisa com ele. Hoje tenho que agradecer todos treinadores que passaram, entre 15 e 17, tirei proveito de muitos… Muricy, de quem sou amigo e fã… A torcida gritar o nome do Luxemburgo era porque tinha o nome que talvez tenham tentado trazer. Talvez hoje eu tenha dado sorte. Montei o time em cima dos jogos dele, Vasco, Bragantino e Icasa – explicou o interino, com bom humor.

Já são 35 dias de Milton no comando do Tricolor. Em sete partidas, foram seis vitórias, uma derrota e o aproveitamento de 86%. O time que estava com os dias contados na Libertadores passou a ser favorito nas oitavas de final contra o Cruzeiro e o padrão tático, antes um pesadelo para Muricy, tornou-se trunfo e orgulho para o novo comandante – ainda que este rejeite o posto definitivamente.

A rotina de treinos mudou e conta com participação mais direta do preparador físico Zé Mário Campeiz. Os treinamentos táticos tornaram-se mais frequentes e muitas vezes nem sequer são realizados em campo. Para trabalhar o time misto que enfrentaria o Flamengo, por exemplo, Milton usou recursos tecnológicos na sala de palestras do CT da Barra Funda. Conhecimentos e práticas que o coordenador técnico carrega há anos graças aos filhos Tadeu e Thiago.

– Tenho dois filho que jogaram na Europa, Itália, Espanha… E essas coisas de treinamento eles me trouxeram de lá. O Tadeu e o Thiago, os dois sempre me contavam sobre esquemas, treinos táticos… Ligava para eles e eles me contavam tudo. Não tinha coletivo, não sabiam se iam jogar, mudavam a tática dentro ou fora de casa… Ia conversando com eles e ia aprendendo. Tem que se preparar e aprender – contou.

Por que decidiu escalar um time misto contra o Flamengo?
Fui campeão brasileiro três vezes trabalhando aqui. Sei como é difícil disputar o Brasileiro e a Libertadores ao mesmo tempo. O desgaste é muito grande. Estamos fazendo esse revezamento desde minha estreia contra a Portuguesa. Tenho que parabenizar o grupo, todos os jogadores ficaram à disposição para jogar ou ficar no banco, e nós que escolhemos quem jogaria.

E como foi a preparação?
Não tivemos trabalho tático, só orientamos na sala de palestra no computador. O que foi feito era planejado, sofrer um pouco no primeiro tempo com dois de lado, Wesley e Hudson, e dois na frente, Boschilia e Luis Fabiano. No segundo, com Ganso e Pato, sabíamos que eles podiam ajudar. Todo mundo se coloca à disposição, isso é um grupo! Um grupo que dá alegria a mim e aos torcedores, que têm comparecido e ficado satisfeitos. Procuramos observar o adversário, o esquema, para armar o time.

O que mudou desde a saída do Muricy?
Ele mesmo falava, precisávamos de uma vitória importante e ela veio contra o Corinthians, aí o trabalho dá continuidade, ainda mais com 15 dias para trabalhar em cima do que queremos. O propósito do jogo era segurar no primeiro tempo e sair com o pessoal descansado no segundo tempo. Souza e Reinaldo não queria colocar, mas tivemos problemas e eles são atletas com saúde boa e vão poder chegar bem no Mineirão quarta-feira.

Gostou de ter o nome gritado pela torcida quando as substituições deram resultado?
Acho legal. Eles gritam o nome do Telê, que fez coisas grandes como o Muricy, e agora reconhecem meu trabalho. São quase 21 anos de clube como funcionário, mais os sete anos como jogador. Tem um ou outro que quer complicar, mas sei que a torcida está do meu lado, sempre me apoiou. Sabem do meu reconhecimento e eu fico feliz com o deles. É um orgulho muito grande ter o nome gritado, igual foi na quarta também, com 66 mil. Sabem da minha importância e eu sei a do clube.

Fonte: Lance

Um comentário em “Até vencer sombra de Luxa, Milton contou até com ajuda dos filhos

  1. Tô com o Milton. Só espero que a euforia que ele vem conquistando na opinião da mídia e torcedores não acabe no caso de uma desclassificação na Libertadores; afinal, vamos enfrentar o bi-campeão brasileiro em sua casa…

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