Ataíde lamenta não ter tirado Aidar antes da presidência: “Desonesto”

A desconfiança já ocorria há meses. O vice-presidente de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, suspeitava que o ex-presidente Carlos Miguel Aidar estava lesando o clube. No entanto, para poder fazer a acusação, era preciso ter alguma prova. Daí surgiu a ideia da gravação que, dias após ser revelada ao Conselho Deliberativo do clube, provocou a renúncia de Aidar. Hoje, Ataíde se diz arrependido de apenas uma coisa: não ter tomado a decisão de vigiar o ex-colega de diretoria antes.

– A todo instante neste ano achei que havia alguma coisa errada nas negociações feitas pelo presidente. O problema era que eu não conseguia nada que o incriminasse, não tinha provas. Até porque quando existe uma negociação e um dos lados está se beneficiando, é porque o outro também está comprometido com esse beneficiamento. Foi daí que surgiu a ideia da gravação. Eu me arrependo de não ter feito isso antes – afirmou o vice de futebol tricolor, em entrevista ao GloboEsporte.com.

O dirigente disse que começou a desconfiar porque os mesmos empresários participaram de várias negociações envolvendo os atletas que saíram do clube no meio do ano. Além disso, segundo Ataíde, as vendas nem foram benéficas ao São Paulo, já que o clube tinha pouquíssima participação nos direitos dos jogadores.

Ataíde Gil Guerreiro São Paulo (Foto: Diogo Venturelli)Ataíde Gil Guerreiro já pensa na reformulação do elenco do São Paulo (Foto: Diogo Venturelli)

– Alguns indícios apontavam fuga do modelo da negociação ortodoxa, como deve acontecer. Tinha sempre pagamento de comissão elevada, e os empresários envolvidos eram sempre os mesmos. Nas primeiras negociações, achava apenas que ele (Aidar) era ruim comercialmente. Mas comecei a ficar desconfiado realmente quando houve essa quantidade de jogadores negociados. E eram atletas que davam muito pouco ao São Paulo,  pois a porcentagem do clube era pequena. Cito como exemplo o Denilson e o Rafael Toloi. No caso do Souza, a porcentagem também não era grande – ressaltou.

Quando a reportagem pediu para Ataíde resumir Aidar em uma palavra, ele foi direto:

– Desonesto.

O estopim para Ataíde resolver fazer a gravação foi a contratação do zagueiro Iago Maidana. Dois dias após ser vendido do Criciúma para o Monte Cristo, por R$ 800 mil, o jogador foi comprado pelo São Paulo por R$ 2 milhões, sendo R$ 1 milhão à vista e o restante em dez parcelas mensais de R$ 100 mil. Pelo contrato, o clube ainda pagará mais R$ 400 mil se o jogador disputar 20 partidas pelo time profissional.

– A negociação do Iago Maidana fugiu de qualquer análise possível sobre a clareza da operação. A partir daí, não deixei que as negociações chegassem até ele. Quando o Carlos Miguel percebeu que a situação tinha mudado, resolveu me corromper e me ofereceu repartir a comissão de um atleta. Foi aí que resolvi fazer a gravação. Muita gente não concordava com o que ele estava fazendo, havia uma luta política muito grande dentro do clube. Se não tivesse feito o que fiz, Carlos Miguel ainda estaria na presidência e cumpriria seu mandato até o final – ressaltou.

Ataíde revelou ao GloboEsporte.com que Aidar tentou fazer a suposta proposta de suborno em duas oportunidades.

– Estávamos indo para o jogo contra o Vasco e ele me disse: “Olha, estou negociando com um atleta e vejo que você trabalha feito um louco e não ganha nada pelo São Paulo. O empresário é meu cliente, vai me dar 200 mil reais e eu reparto com você”. Ele reafirmou a proposta diante da mulher dela – disse o dirigente.

Aidar fez a proposta pela segunda vez em um hotel da capital paulista, antes de uma reunião com os principais dirigentes do clube. Na ocasião, Aidar e Ataíde se desentenderam. Houve relatos de que eles se agrediram, o que o vice de futebol nega.

– O que é agressão? É uma pergunta difícil. Se você achar que gritar, xingar é uma agressão, eu digo que sim, houve agressão. Mas não houve agressão física. Ele tem dito na imprensa um monte de coisas sem nexo, que queria me dar dinheiro para me ajudar financeiramente, não quero entrar em discussão. Carlos Miguel é fato superado. Não honrou o cargo, manchou a presidência. Acho que o Rogério Ceni está certo, ele está desequilibrado emocionalmente, precisa de ajuda, de um tratamento.

Quando fez a gravação, Ataíde havia enviado uma carta ao Conselho Deliberativo pedindo que o conteúdo não fosse revelado publicamente. Só que ele mesmo chamou alguns jornalistas e distribuiu o material. A atitude foi tomada após entrevista feita pelo presidente Carlos Miguel Aidar e também para dar uma satisfação aos torcedores são-paulinos, que estavam cobrando um posicionamento sobre o assunto.

– Inicialmente, eu pedi para que o conteúdo não fosse divulgado. Mas alguns fatos posteriores me levaram a divulgação. Na hora certa, vou explicar tudo. A não divulgação estava incomodando não só a mim, mas também a todos da diretoria de futebol.  Peço desculpas aos conselheiros por ter passado o material para a torcida, mas eles tinham o direito de saber – ressaltou.

Feito os desabafos, Ataíde diz que, agora, só quer paz para trabalhar no futebol do São Paulo em 2016.

– Quero uma chance para mostrar o São Paulo com um futebol organizado, um futebol sem atropelo, futebol sem problemas.

 

Fonte: Globo Esporte

 

6 comentários em “Ataíde lamenta não ter tirado Aidar antes da presidência: “Desonesto”

  1. Para que serve o cargo de vice-presidente se não tem autonomia para transacionar? Ora…alegar torpeza? Estranho sua afirmação sr. ATAIDE! O senhor com certeza não é desonesto, mas entendo fraco para essa missão.

  2. Este cara só não saiu pela parte política, porque, como diretor de futebol é pior que o Porsche.

    Leco, seja cabra macho e tire este péssimo diretor de futebol para o bem do SPFC!

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